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Vigília [Dy Eiterer]

Vigília


Mesmo na penumbra, velo seu sono.

Meus olhos percorrem toda a sua linha,

Traçando a cartografia do seu descanso.

Repousa e sonha como criança delicada.

A leveza de seu suspiro noturno me inunda.

Ao seu lado, sinto-me Tântalo:

Está ao tácito toque de meus dedos

E não ouso, recuo.

Está olvido no veludo da madrugada

E meu silêncio lhe embala e nina.

O espaço de minha cama fez-se em mar:

Eu lhe vejo navegando em meus lençóis.

Na imensidão desse azul que flutua.

Avisto-lhe, ilha paradisíaca, e desejo aportar:

Virei eu embarcação à deriva e você, oceano infindável.

Mas bem sei que não é o meu cais,

Bem sei que não matará a minha sede.

Bem sei que não saciará a fome de meus olhos,

Tão pouco será o destino de meus pés.

Velo o seu sono por lealdade jurada.

Guardo a sua serenidade com a minha paz

E deixo a minh’alma atarantada.

Seu sossego vale mais do que o toque.

Seu descanso é mais sagrado que o Livro.

Deito-lhe em meu altar, cama segura

E contemplo-lhe o sono, oblação abençoada.

Talvez eu me sacie com o orvalho que umedece sua fronte

Talvez eu me entorpeça com um madrigal,

Mas ainda assim, não despertarei o seu sonho

Nem lhe atordoarei o coração.

Durma, durma agora, que lhe quero muito bem.


Dy Eiterer. Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora, escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu, seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando

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