Paira
Paira sobre mim uma névoa cintilante. Uma névoa que
embaça o espelho e os meus olhos.
Paira um quase cinza de fim de tarde de inverno, mas
sequer saímos da primavera.
Esforço-me em não me alegrar com as flores, mas é
tentativa vã.
Eu, apaixonada que sou por aquarelas, vejo em cada flor
um pote de tinta, com seus caules-pincéis prontos a serem usados na tela de
cada novo dia.
Paira sobre mim um véu delicado, de proteção amorosa,
que me impede de desistir, que me impede de jogar tudo para o alto.
Tudo o que me cabe é um instante de sonho que voa, que
voo (eu), como asas translúcidas, como suspiro de filho que dorme entregue em
meus braços pequenos e tão frágeis quanto seguros.
Paira em mim algo que trago no olhar e que cabe no céu,
na janela do quarto de dormir ou da sala do apartamento, no mar e nos pontos
reticentes que deixo cair no papel.
Pairam sobre mim sonhos leves, mas que não solto.
Pairam desejos de voar e ao mesmo tempo de ficar. Paira a vontade de tocar
suavemente com a ponta dos dedos o futuro, mas receio que ele se desfaça ao
toque.
Paira em mim um sem fim de quereres velados, barcos à
vela indo longe de meu porto, garrafas recheadas de promessas no mar do tempo
que ondula com o vento do esquecimento.
Paira em mim a liberdade. O sentimento de não estar
presa aos sonhos e de refazê-los a cada nova manhã. Paira em mim algo leve,
leve como pluma, leve como só a brisa pode levar.
Dy Eiterer.
Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de
novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora,
escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa
mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu,
seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do
ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada
morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando
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