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Otávio Linhares, escritor
e editor da Encrenca –
Literatura de Invenção.
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Literatura
contra a maré
Selo curitibano procura
soluções para consolidar sua proposta autoral em um mercado cada vez mais
concentrado em grandes grupos editoriais
Enquanto as fusões e aquisições
entre grandes selos chacoalharam o mercado editorial brasileiro neste início de
2014, os pequenos selos editoriais saem em busca de alternativas.
Exemplo local de editora
de pequeno porte que nada no contrafluxo do mercado, a curitibana Encrenca – Literatura
de Invenção anunciou um novo pacote de títulos e algumas mudanças de estratégia
em seu segundo ano de vida para se manter atuando com independência no ramo.
Criada no ano passado com
o objetivo de lançar autores locais com produção avessa às formulas consagradas
nas listas dos mais vendidos, a editora está apostando na expansão de seus
pontos de venda e ampliação de portfólio com nomes de maior envergadura
nacional e regional.
Para o primeiro semestre
de 2014, a Encrenca prepara o lançamento de três livros do músico e escritor
carioca Fausto Fawcett. Um deles é um texto inédito chamado Cachorrada Doentia
(Fundamentalismo à Brasileira) escrito especialmente para o selo.
Segundo o escritor e
editor Luiz Felipe Leprevost, um dos sócios da Encrenca, o volume terá seis
contos e um breve ensaio com a temática da “proliferação de fundamentalismos”.
Com sua retórica peculiar, Fawcett explica que há fundamentalismo de todos os
tipos “no país da mestiçagem explícita – festivos, religiosos, consumistas,
financeiros, sexuais, intelectuais, assassinos, urbanos, rurais, amazônicos” e
escreve sobre seus perigos.
Os outros dois livros de
Fawcett são obras escritas entre os anos 1980 e 1990 que alcançaram grande
repercussão quando lançados e que ainda hoje mantêm a aura de “clásscos cult”:
a fantasia cyberpunk Santa Clara Poltergeist e o sensual Básico Instinto, ambos
fora de catálogo há anos. O primeiro livro está sendo reescrito pelo autor “à
unha”, palavra por palavra, já que não há arquivo digital dos originais.
Ainda para o primeiro
semestre, o selo também finaliza a reedição de Nova Holanda, do escritor Sérgio
Rubens Sossela (1942-2003), uma novela “maldita” de um autor curitibano mais comentado
do que lido, além dos romances Plano de Fuga, de Assionara Souza, e Hedra, de
Alexandre França.
A Encrenca também tem se
ocupado de expandir seus pontos de venda para outras capitais, como Rio de
Janeiro e São Paulo.
Leprevost conta que este
processo incluiu visitas a várias livrarias e a realização de palestras aos
vendedores explicando a proposta da editora e de cada um dos livros lançados,
em “um corpo a corpo mais sofisticado”.
“Se vamos fazer isso, não
dá pra ficar naquele ‘mão em mão’ do pequeno e restrito círculo literário
underground. Acho que já passamos por isso. Há um esforço que tem sido feito de
modo conjunto, com mais parcerias acontecendo para fortalecer o mercado”,
avalia.
Experimentações
Para Otávio Linhares,
também sócio da Encrenca, há um movimento de outras pequenas editoras com
propostas equivalentes (como a Kafka e a Tulipas Negras, por exemplo) que
compartilham o desejo de se consolidar neste momento instável.
Para ele, a concentração
do mercado em poucas grandes editoras não afeta a proposta editorial da
Encrenca e de outros selos menores. “Se a Companhia das Letras comprar toda a
sua grande concorrência, para nós não muda nada. Funcionamos em outro plano.
Nossa proposta é publicar livros radicalmente autorais e sem fazer concessões”,
explica.
“Não vamos ganhar um
milhão por mês, por enquanto. O tamanho da ambição é nossa medida. Com
expectativa de lucro menor, podemos manter nossa linha de experimentações e
ainda assim chegar ao público”, acredita.
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