Carlinho Motta, Compositor,
Músico, Contista, Violonista e Cavaquinista Carioca, nasceu no bairro do Irajá,
Zona Norte do Município do Rio de Janeiro, terra de muitos bambas da música
popular, onde começou a tocar violão cultivando um apreço pelo Rock, ouvindo de
“The Beatles” e “Rolling Stones” a “Deep Purple e Black Sabbath”, entre outras
feras do rock. Anos depois, se aventurou no contrabaixo tocando em uma banda
chamada “Força da Noite”. Isso se passou há quase quarenta anos, quando, ainda
menino, foi assistir a um ensaio da banda que tocava em seu colégio e na falta
do baixista, o baterista, Maurinho Castro Cortes, disse: - Se tu tocas violão,
também toca contrabaixo; apresentando-o ao instrumento dizendo que as cordas
“de cima” do violão eram iguais as quatro do contrabaixo. Carlinho Motta pegou
o contrabaixo, um tanto assustado com o desafio, e ficou tirando um som, até
que o pessoal da banda falou que ele tocava bem e assim se integrou ao grupo,
substituindo o músico que havia saído. Brincadeiras a parte, ele tirou os sons
que costumava tirar no violão.
-Carlinho, você trabalhou
como orientador musical num colégio?
Sim, mas era para crianças
entre 4 e 6 anos, iniciando a comunicação através do canto e orientação musical
para alunas dos cursos de magistério, que trabalham com crianças da primeira
fase educacional. Trabalhei por 2 anos, mas com o tempo escasso, tive que deixar
esse prazer de lado.
-É formado em Ciências
Econômicas. Exerce a profissão?
Tenho formação Superior em
Ciências Econômicas, mas nunca trabalhei nesta área. Trabalho para o Governo
Municipal do Rio de Janeiro, sou Servidor Público durante o dia, pois a noite é
da música.
-Fez pós - graduação (MBA)
com ênfase em Marketing. Atua na área?
Sim, fiz pós-graduação em
2004. Nesta época ainda não trabalhava na Prefeitura e tinha uma empresa de
informática, segurança eletrônica e telefonia e o curso foi para aprimorar o
desenvolvimento na área comercial. Um ano depois de finalizado o curso, fechei
a empresa, deixando essa área também.
-Seu conto Vivendo da rua,
foi publicado na coletânea Livro Doido, Eu?
Foi um conjunto de contos de
vários autores, todos participantes do Clube Caiubi de Compositores do qual
faço parte, reunidos nessa coletânea
pela poeta e escritora Lucinda Prado.
-Carlinho, quando descobriu
os encantos do cavaquinho?
Após vários shows e
apresentações em bailes com o grupo “Força da Noite”, do qual participavam
também o Poeta Mauro Veras, o músico Ricardo (Papagaio) Silva e o músico,
compositor e arranjador Abel Sampaio, conheci o cavaquinho e parti em busca de
uma nova proposta musical. Apaixonado pelo novo instrumento, aprendi novos sons
e, com a ajuda de Abel Sampaio, descobri um novo universo musical: o Samba, a
Bossa Nova e a MPB.
-Então do apreço pelo Rock,
seus caminhos tomaram outro rumo?
Vivendo na nata musical
carioca, comecei a tocar os famosos sambas dos grandes mestres nacionais como
João Nogueira, Cartola, Candeia, Noca da Portela, Nelson Cavaquinho, Paulinho
da Viola, Noel Rosa, Martinho da Vila; pela Bossa Nova, “bebi” da fonte de
grandes compositores:Tom Jobim, João Gilberto, Vinícius de Morais, Toquinho,
Edu Lobo, e acabei me enveredando pela MPB de Gilberto Gil, Caetano Veloso,
Djavan e ficando maravilhado com o som incrível de João Bosco e seus parceiros.
-Você foi o fundador do
“Grupo Canto do Bar” ?
Durante meus estudos
musicais, junto com Alfredo Figueiredo, Marcos José e Edmilson Ramos, surgiu a
idéia e ai nasceu o “Grupo Canto do Bar” que, com um swing muito especial,
agitava as casas noturnas do Rio de Janeiro. Nos intervalos das minhas
apresentações solo, dividia o palco com outros artistas como: Rui de Carvalho,
Lucinha Arruda, Roberto Stepherson, entre outros grandes músicos da atualidade.
-Quando gravou seu primeiro
CD?
Em 2009, passei a integrar o
“Clube Caiubi de Compositores”, um projeto, que através de um site, reúne mais
de sete mil artistas entre compositores, poetas e letristas, com o propósito de
mostrar as melodias que criava em meu violão. No Clube Caiubi de Compositores,
conheci muitos outros talentos e, imediatamente comecei a realizar parcerias,
inclusive, algumas com Agenor Neto, com quem gravei meu primeiro trabalho, o
CD/EP Autoral no final de 2012.
-E o segundo...Onde foi o
lançamento do CD Entre o Samba e a Bossa?
Reuni algumas parcerias para
a realização desse novo trabalho solo, com o auxílio luxuoso do arranjo e
produção musical de Lobão Ramos e, em dezembro de 2014 o CD foi lançado,
totalmente Autoral e em parcerias com os artistas do Clube Caiubi de
Compositores: Duda Flores, Marcio Celli, Luiz Carlos Santos, Naldo Miranda,
Carlos Konka e Luciano Linhares. O lançamento foi na casa de espetáculos Otto
Hall, no bairro da Tijuca - Rio de Janeiro.
-Seus CDs são gravações
independentes?
Os dois CDs foram produção
independente. O primeiro foi um EP em parceria com Agenor Neto, meu parceiro em
várias outras músicas, o CD/EP Autoral Agenor Neto & Carlinho Motta,
gravado na voz de Agenor Neto, onde eu faço participações como músico e Backing
vocal. O segundo foi um CD solo, gravado em minha voz, totalmente autoral e com
vários parceiros. Este CD é comercializado pela Gravadora/ Distribuidora Rob
Digital.
-Você se apresenta solo ou
acompanhado?
Costumo me apresentar com um
trio que é formado por Piano (teclado) Contrabaixo e Bateria, mas existe uma
formação maior, onde entram outros instrumentos dependendo do tipo de show,
podendo chegar a 6 músicos (Sopro, Percussão, Guitarra ou Cavaquinho).
-Uma pergunta que insisto
sempre em fazer...Porque a música de qualidade, não encontra espaço na mídia
brasileira?
Há tempos não escutamos
coisas novas de qualidade na grande mídia. O que escutamos são músicas muito
comerciais, que fazem com que uma grande parte da população dance bastante, um
apelo popular muito grande e que trás um grande retorno financeiro para
investidores, empresários, e por tabela, para os artistas, cuja qualidade é
questionada por muitas pessoas. para conseguir entrar nesta roda, ou você faz
esse tipo de música ou paga-se uma pequena fortuna para que suas músicas toque
nas rádios e TVs. Isso é senso comum aqui no Brasil, todos falam sobre isso,
mas a verdade é: para tocar, tem que pagar. É evidente que os grandes artistas,
aqueles que já figuravam no cenário musical e das grandes mídias, continuam
aparecendo e suas músicas sendo tocadas, mas a maioria deles não apresenta
coisas novas há muito tempo.
-Do seu ponto de vista, como
está o momento musical brasileiro?
Tem muita gente criando
muita coisa boa por aqui. Muitos bons artistas tocando na noite, vários
compositores com criações maravilhosas, mas estamos esbarrando na precariedade
das casas e da pequena quantidade de locais para tocar. Vários são os motivos,
primeiro a violência, que está provocando uma redução dos espaços para shows,
por falta de público. Depois vem o valor do cachê, que ao contrário do que
acontecia quando comecei a tocar, hoje as casas não tem público próprio, temos
que ter e buscar nosso próprio público e ainda por cima, cobram do nosso
público um valor no couvert artístico, ficando com 30% a 40% deste e as
justificativas são as mais esdrúxulas e nunca entendemos o porque disso, além
do custo de vida, consequências da carga de impostos que temos de pagar, as casas
cobram preços muito altos para seus produtos, que além do couvert artístico, o
frequentador ainda consome, afugentando muitas pessoas que antes frequentavam a
noite.
-Vejo interpretes
brasileiros que são talentosos, mas desconhecidos do público, se apresentando
em turnês pelo exterior com grande sucesso.
Por que esses artistas só são valorizados no exterior?
Os motivos acima dão conta
disso também, onde infelizmente muitos buscam espaço para apresentar seus
trabalhos, mas por outro lado isso é muito bom, somos mais valorizados fora do
Brasil e em qualquer país que mostramos nosso trabalho, somos enaltecidos,
enquanto aqui se tocamos músicas inéditas, aquelas mesmas pessoas que cobram
coisas novas e criticam o que tem aparecido na mídia, não dão valor, preferem
os sucessos conhecidos.
-Já se apresentou no
exterior?
Ainda não tive essa
oportunidade, apesar de meu trabalho já ser conhecido através do site
http://www.numberonemusic.com/carlinhomotta com mais de 65,000 audições desde
novembro/ 2014., aguardo ansioso por um convite para me apresentar em outros
países.
-Quais suas prioridades no
momento?
Hoje faço a distribuição
para a divulgação de minhas músicas, e tem algumas cantoras aqui no Brasil que
tem interesse em gravar meu trabalho. Minha prioridade é conseguir contatos
para fazer shows fora do Brasil e apresentar minhas músicas ao vivo e quem sabe
não consiga pelo menos duas apresentações em Portugal na segunda quinzena de
outubro, já que estarei naquele país em uma viagem de férias, apesar que nunca
entramos em férias, afinal nosso trabalho é um grande prazer e estamos sempre
em busca de dar alegria as pessoas. Estou construindo o repertório para um novo
CD, para o final deste ano ou início de 2016, formando uma parceria para que eu
possa realizar este projeto e dar continuidade na minha tarefa com muita
alegria.
Terminamos por aqui.
Obrigada Carlinho Motta.
Obrigado Cleo Oshiro.
Cleo Oshiro,mineira mas viveu a maior parte da sua vida em São Paulo até se mudar
para o Japão em 2002. Colunista Social no Japão, EUA e Suíça.Seu trabalho é divulgado em vários países no exterior onde existem
comunidades brasileira.
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