Culpabilidade
As probabilidades não
falham. A maior chance que você tem é a de tudo dar errado. E valemo-nos da
famosa Lei de Murphy!
Que tudo dê certo, que as
coisas se ajeitem é que é o anormal, o fora do padrão, a zebra.
Nesse jogo de loteria que é
a vida, o que temos para o café, todos os dias é apostar. Que sejam todas as
fichas ou que deixemos pelo menos uma guardada, se tudo der errado, ousaremos
apostar de novo. E, para o caso de ter esgotados todas as moedas, buscaremos
novos meios de encontrar outras fichas e outro número que mereça a nossa
confiança.
Já que as probabilidades não
são lá muito do nosso lado, outra coisa que tendemos a fazer é culpabilizar o
outro. De fato, arcar com todos os ônus é muito pesado para nossos ombros e, na
falta de ombro amigo, que se dane o ombro que se virou para nós.
Quem sai perdendo é o amor.
Quem leva a culpa é sempre o mais frágil, tipo bibelô de cristaleira e o mais dócil,
como o cão fiel. E o pobre amor que não deu certo, como um bolo sem fermento,
míngua dentro de nós. E queremos, claro, colocar a culpa no forno, na
temperatura, nos ingredientes, mas nunca em nossa própria falta de atenção. A
culpa nunca é do cozinheiro!
O que deve ser claro é que a
culpa não é do amor, mas desse amor que falhou. Muitos outros virão. Vinícius
de Morais já dizia que a vida era muito longa para se ter um amor só. Então,
que aproveitemos todas as chances de apostar em uma nova receita e, quiçá, ver
o bolo crescer.
De certo, se eu tivesse a
receita mágica ou aquela mistura pronta do mercado para o amor eu a doaria. Sou
adepta da campanha do mais-amor-por-favor e, espalhar corações suspirantes aos
quatro ventos é uma proposta encantadora e irrecusável. Mas não sou a dona nem
de uma coisa nem de outra, nem de tantos amores assim.
O que eu sei é que quando
uma coisa dá errado, ela teve um tempo. Foi tudo cronometrado: há o aprendizado
e todo caminho leva a algum lugar. Pode não ser onde queremos chegar, mas
chegamos.
Se o amor falhou, a culpa
não é de ninguém. Talvez ela nem exista, porque ele veio, cumpriu o seu
propósito e foi-se. Em seu devido tempo cro-no-me-tra-do, como tinha que ser.
Como a vida é. como uma planta ou uma receita. É tudo assim: início-meio-fim e
prontacabô. Sem traumas, sem dramas, sem culpa.
Sem traumas e sem dramas é
mais difícil, mas sem culpa é fundamental, porque daqui a pouco a roda da vida
gira, será a sua vez de apostar de novo, e mais uma vez o coração vai tremer e
vai – vamos – amar.
Dy Eiterer - Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de novembro de 1984. Não ia teresse nome, mas sua mãe, na última hora, escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu, seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando
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