Dissonâncias
Autor: David Rocha
Ilustrações: Marcos Marcelo
Lirio
Contracapa e orelha: Luciano
Cirilo
Editora: Buriti
Lançando mão de princípios
norteadores da grande poesia, o autor nos presenteia com uma poética das coisas
simples do cotidiano, da economia das palavras, da brevidade dos versos em que
dialoga com a própria fugacidade da vida, quando resvala em sua ânsia de morte.
David, com leveza e
simplicidade, toca fundo e afronta a forma rígida de um mundo cada vez mais
intolerante e apresenta a face de uma poesia que resiste de maneira irônica,
risível, sarcástico e, por vezes, até mesmo previsível no encontro das
palavras.
Sua poesia deixa claro que é
preciso deitar um novo olhar sobre tudo, sobre o automatismo da vida e dos
gestos. Trata-se de uma escrita que vibra e pulsa ainda que seu ímpeto seja de
morte. E é dessa maneira que o autor nos convida a (en) cantar os acontecimentos
mais singelos e a romper o asfalto feito-feia-flor que não se enverga aos
calcanhares duros da indiferença e da farda.
Uma poesia comprometida com
o verso livre em detrimento da métrica rigorosa o autor sai “buscando nas
palavras” o que “Não é dom, é puro esforço” onde propõe um certo “didatismo”,
por assim dizer, do fazer poético. De olhar cauteloso e detido no dia-a-dia,
esse poeta jovem (e não por isso jovem poeta) expõe, a sua maneira, o ser da
poesia que em suas palavras é precisamente “essa vontade de chorar com o
corpo.”
Dentro da sua proposta o
autor evolui gradativamente de um fazer poético ao falecimento da poesia;
(...) a essa altura, não há
em mim poesia,
Onde a corrupção sustenta a
miséria,
Onde o partidarismo afunda o
progresso,
E a injustiça reina em olhos
e bocas,
Não há espaço para a poesia
E até a Santa Trindade destitui o Espírito
Santo.
Algumas provocações:
Nunca tive asas, senhora
correta,
Mas meus desejos voam mais
alto que seus sonhos”.
--
Pedras voando pelas janelas,
Palavras quebrando vidraças,
Olhares fitando desgraças...
Meu
passatempo é viver!
--
Se no fim da folha Deus não
vier de colete
Pode ser que não haja
julgamento nenhum.
--
Deus não me deu talento pra
cantar
O diabo tampouco,
Vou buscando nas palavras
Não é dom, é puro esforço.
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Um comentário
Não encontrei pra comprar em lugar nenhum
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