“Deus pode ser uma negra noite escura, mas
também um flambante sorvete de cerejas”
Frase
de Hilda, dita ao escritor Caio Fernando Abreu.
Paulistana
de Jaú, nascida no dia 21 de abril de 1930 e falecida a 4 de fevereiro de 2004,
Hilda Hilst é reconhecida, quase pela unanimidade da crítica brasileira, como
uma das nossas principais autoras, sendo consideradas uma das mais importantes
vozes da Língua Portuguesa do século XX. Segundo o crítico Anatol Rosenfeld,
“Hilda pertence ao raro grupo de artistas que conseguiu qualidade excepcional
em todos os gêneros literários que se propôs - poesia, teatro e ficção”.
Distinguida
por vários de nossos mais significativos prêmios literários, presente em
numerosas antologias de poesia e ficção, tanto nacionais como estrangeiras, há
muito seu nome está incluído nos dicionários de autores brasileiros
contemporâneos.
]
De
temperamento transgressor, prezando a liberdade, dona de uma rara beleza e
coragem, culta e poeta, Hilda teve uma personalidade marcante e sedutora que ia
de encontro aos costumes tradicionais vigentes nos anos 50, criando-se um
folclore ao seu redor que, segundo alguns críticos, até chegou a ofuscar a
importância de sua obra.
Seu
trabalho vem sendo publicado pela Editora Globo e tem sido tema de teses universitárias em nível de pós
graduação e merecido traduções para o francês, inglês, espanhol, alemão e
italiano, atraindo a atenção da crítica internacional, que já lhe dedicou
artigos no Le Monde, L’infint, Libération, The Antigonish Review, Pleine Marge,
entre outros.
Iniciando
sua ascese literária como poeta (seu primeiro livro, Presságio, é de 1950),
Hilda Hilst estreou na dramaturgia em 1967, passando a representar o Brasil em
festivais de teatro no exterior, entre eles o Festival de Manizales, Colômbia.
Também por várias vezes suas peças teatrais, pela excelência do texto, têm sido
utilizadas nos exames da Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo
(EAD- USP) e da Unicamp.
Ao
iniciar sua ficção, em 1970, com o livro Fluxo Floema, inaugura também um
momento raro na Literatura Brasileira pela vigorosa revitalização da linguagem,
que utiliza como meio de desestruturação, reformulação e catarse, para afinal
reconstruir a Idéia (o Homem) dentro de novos limites. Seguiram-se vários
outros livros no gênero.
Criadora
de textos magníficos, onde Atemporalidade, Real e Imaginário se fundem e os
personagens mergulham no intenso questionamento dos significados, buscando
compreensão, resgate da raiz, encontro do essencial, Hilda retrata sem cessar
nossa limitada/ilimitada, frágil e surpreendente condição humana. Segundo o
crítico literário Léo Gilson Ribeiro, a ficção de Hilda Hilst “submerge o
leitor num mundo intrépido de terror e tremor, de beleza indescritível e de uma
fascinante prospecção filosófica sobre o Tempo, a Morte, o Amor, o Horror, a
Busca”.
A
abrangência de linguagem conseguida por Hilda Hilst, capaz de abarcar o
coloquial mais chulo e a poesia mais intensa, alia-se à complexidade do
Universo da autora, tornando-a uma das mais importantes vozes para descrever,
com profunda e comovente fidelidade, a solidão, perplexidade e grandeza do
Homem diante do Mundo.
J.L.
MORA FUENTES
CRONOLOGIA
DA AUTORA
1930,
abril, 21 – Hilda Hilst nasce em Jaú, interior do estado de São Paulo, às 23h45,
numa casa da Rua Saldanha Marinho. Filha de Bedecilda Vaz Cardoso, imigrante
portuguesa, e de Apolônio de Almeida Prado Hilst, fazendeiro de café, escritor
e poeta.
1932
- Bedecilda separa-se de Apolônio, mudando-se com Hilda e Ruy Vaz Cardoso (filho
do primeiro casamento) para Santos, SP. É o início da Revolução
Constitucionalista, e durante a viagem, ao passarem por Campinas, a Estação
Ferroviária Mogiana está sendo bombardeada. Em Santos, instalam-se na Av.
Vicente de Carvalho, no 32.
1934
– Hilda recebe pela primeira vez, em Santos, a visita do pai.
1935
- Cursa o jardim da infância no Instituto Brás Cubas, cidade de Santos. Em Jaú,
Apolônio é diagnosticado esquizofrênico paranóico.
1937
- Ingressa como aluna interna do Colégio Santa Marcelina, em São Paulo, onde cursará
o primário e o ginasial, com desempenho considerado brilhante. Neste ano a mãe
lhe revela a doença de Apolônio. A intensidade dessa revelação e os poucos
encontros que terá com o pai acentuam sua imagística da figura paterna, que se
configura um dos principais componentes de sua obra literária.
1944
- Ao concluir o ginasial, passa a morar na residência de Ana Ivanovna, situada
à Rua Alemanha, Jardim Europa, São Paulo.
1945
- Começa o curso secundário, que na época incluía o Clássico e o Científico, no
Instituto Presbiteriano Mackenzie, onde permanece até a conclusão do curso.
Neste ano conhece a futura arquiteta Gisela Magalhães, sua amiga pessoal até a
atualidade.
1946
- Segundo encontro com o pai, quando o visita na Fazenda Olhos D’água, no
município de Itapuí, próximo a Jaú. Muda-se com sua governanta para uma casa
situada à Rua Teixeira de Souza.
1948
- Entra na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São
Paulo.
1949
– Numa homenagem a Cecília Meirelles, no Salão de Chá da Casa Mappin (ainda
situada na Praça do Patriarca, em
São Paulo), conhece a escritora Lígia Fagundes Telles, com
quem mantém profunda amizade até hoje.
1950
- Publica seu primeiro livro de poesia Presságio, chamando a atenção da crítica
especializada por já apresentar marcas de uma poética pessoal.
1951
- Publica seu segundo livro de poesia Balada de Alzira. É nomeada curadora do
pai.
1952
– Recebe o diploma de bacharelado em Direito.
1953
– Trabalha no Escritório de Advocacia do Dr. Abelardo de Souza, em São Paulo.
1954
- Demite-se do escritório, abandonando a carreira por absoluta
incompatibilidade com a profissão, optando pela Literatura. Viaja à Argentina e
Chile, com a amiga Théa Müller Carioba. Muda-se para o apartamento da mãe, no
Parque Dom Pedro II, São Paulo.
1955
- Publica Balada do festival (poesia).
1957
– Viagem à Europa, com as amigas Regina Morganti, Marina de Vincenzi e Dorotéa
Merenholz, permanecendo seis meses em Paris. Ainda na França, conhece Nice e Biarritz.
Vai para Itália (Roma) e Grécia (Atenas e Creta). Voltando ao Brasil, muda-se
para apartamento na Alameda Santos no 2.384, São Paulo.
1959
– Publica Roteiro do silêncio (poesia).
1960
– Publica Trovas de muito amor para um amado senhor (poesia). Viaja para New
York e Paris. Muda-se para casa no bairro de Sumaré, São Paulo. Adoniran
Barbosa, inspirando nas poesias da autora, compõe as músicas Quando te achei e
Quando tu passas por mim.
1961
– Publica Ode fragmentária (poesia). O músico Gilberto Mendes compõe a peça
Trova I, inspirada no primeiro poema de Trovas de muito amor para um amado
senhor.
1962
- Recebe o Prêmio Pen Clube de São Paulo, com a publicação de Sete cantos do
poeta para o anjo. Conhece o físico nuclear Mário Schemberg no Clube dos Artistas
(ou Clubinho), localizado à Rua 7 de Abril, freqüentado por intelectuais e
artistas. O poeta português Carlos Maria de Araújo, seu amigo pessoal,
presenteia Hilda com o livro Lettres a El Greco, de Nikos Kazantizakis. O livro
se transforma num divisor de águas na vida da escritora, sendo um dos
principais motivadores de sua futura mudança de São Paulo.
1963
- Conhece o escultor Dante Casarini.
1964
– Hospeda em sua residência Mário Schemberg que, por suas ligações com a
esquerda, era perseguido pela Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS). O
músico e compositor José Antônio Rezende de Almeida Prado, seu primo, inspirado
nas poesias de Trovas de muito amor para um amado senhor, compõe A minha voz é
nobre (canção para soprano e piano).
1965
- Em companhia de Dante Casarini, muda-se para a sede da Fazenda São José, de
propriedade de sua mãe, em Campinas, SP. Inicia construção de sua casa, próxima
à sede.
1966,
setembro, 24 – Morte do pai. Na época Hilda já se transferira para a nova
residência, que denominou “Casa do Sol” e onde vive até hoje. A casa será
freqüentada por artistas das várias áreas, transformando-se num centro de
fomento cultural das décadas de 70 e 80.
1967
- Começa a escrever suas peças teatrais. Neste ano concluirá A empresa (A possessa)
e O rato no muro. Publica Poesia 1959/1967.
1968,
setembro, 10 - Casa-se com Dante Casarini. Nesse ano escreve as peças O
visitante, Auto da barca de Camiri, O novo sistema e inicia As aves da noite.
Conhece os escritores Caio Fernando Abreu, que passa a morar na Casa do Sol, e
Jose Luís Mora Fuentes. Na praia de Massaguaçu, próximo a Caraguatatuba no
litoral paulista, inicia a construção da casa, que chama de “Casa da Lua” e
concluirá no ano seguinte, na qual passará algumas temporadas. As peças O
visitante e O rato no muro são encenadas no Teatro Anchieta, São Paulo, para
exame dos alunos da Escola de Arte Dramática (EAD-USP).
1969
– Finaliza, na Casa da Lua, As aves da noite e escreve O verdugo e A morte do
patriarca, concluindo sua dramaturgia que, com exceção de O verdugo, permanece
inédita em livro até o ano 2000. Escreve Ode descontínua e remota para flauta e
oboé (poesia), posteriormente publicada como parte do livro Júbilo, memória,
noviciado da paixão. Inicia sua ficção com o texto “O unicórnio”. Recebe o
Prêmio Anchieta de Teatro com a peça O verdugo. Caio Fernando Abreu muda-se
para o Rio de Janeiro. Jose Luís Mora Fuentes muda-se para a Casa do Sol. José
Antônio Rezende de Almeida Prado, inspirando-se nos poemas da autora Pequenos Funerais
Cantantes ao poeta Carlos Maria de Araújo, incluídos posteriormente em Poesia
(1959/1979), compõe Pequenos Funerais Cantantes (cantata para coral, solistas e
orquestra), recebendo o Primeiro Prêmio do 1o Festival de Música da Guanabara.
O rato no muro participa do Festival de Manizales, na Colômbia.
1970
- Publica seu primeiro livro de ficção Fluxo-Floema. Os críticos literários Leo
Gilson Ribeiro, Anatol Rosenfeld e Nelly Novaes Coelho são os primeiros a
reconhecer a importância dessa prosa inovadora. Publicação de O Verdugo. É
encenada no Teatro Vereda, em
São Paulo, a peça O novo sistema .
1971,
maio, 31 - Falecimento de sua mãe.
1972
- Estréia de O verdugo, na Universidade Estadual de Londrina (PR).
1973
- Lança seu segundo livro de ficção, Qadós. A leitura de Telefone para o além,
livro do pesquisador sueco Friederich Jurgenson, leva-a à singular
experimentação que estenderá pelos próximos 7 anos, na qual, por meio de um
gravador, registra vozes de origem inexplicável pela ciência. Comunica a pesquisa
aos físicos César Lattes e Newton Bernardes, seus amigos. Escuta deste último:
“Isso, sendo verdade, teríamos que sentar na calçada e repensar toda a física”.
O verdugo estréia no Teatro Oficina, em São Paulo.
1974
- Publicação de Júbilo, memória, noviciado da paixão (poesia).
1976
- Conhece a artista plástica Olga Bilenky.
1977
– Ganha o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), Melhor
Livro do Ano, com Ficções. Olga Bilenky muda-se para a Casa do Sol.
1980
- Primeira edição de Da morte. Odes mínimas (poesia). Publica também Poesia
(1959/1979) e Tu não te moves de ti (ficção). Estréia de As aves da noite no
Teatro Ruth Escobar, em São
Paulo.
1981
- Ganha o Grande Prêmio da Crítica para o conjunto da obra, da Associação
Paulista dos Críticos de Arte (APCA).
1982
- Participa do “Programa do Artista Residente”, subsidiado pela Universidade de
Campinas (UNICAMP). Ministra a aula inaugural com o físico Mário Schemberg e o
médico José Aristodemo Pinotti. Lança A obscena senhora D, novela que inicia
nova fase de sua ficção. Estréia de As aves da noite no Teatro do Senac, Rio de
Janeiro.
1983
- Publica Cantares de perda e predileção (poesia).
1984
- Lança Poemas malditos, gozosos e devotos (poesia). Recebe o Prêmio Jabuti, da
Câmara Brasileira do Livro, por Cantares de perda e predileção. Nova montagem
de O rato no muro, no Teatro do Sesc-Cascavel (PR).
1985,
abril, 26 - Divorcia-se de Dante Casarini, que continuará morando na Casa do
Sol até 1991, e com o qual mantém profunda amizade até os dias de hoje. Neste
ano ganha o Prêmio Cassiano Ricardo, do Clube de Poesia de São Paulo, com o
livro Cantares de perda e predileção.
1986
– Publicação de Sobre tua grande face (poesia) e Com os meus olhos de cão e
outras novelas (ficção).
1989
– Lança Amavisse (poesia).
1990
– Publica Alcoólicas (poesia) e os dois primeiros títulos da sua trilogia
erótica, O caderno rosa de Lori Lamby, que a princípio escandaliza a maior
parte da crítica, e Contos d’escárnio/Textos grotescos, igualmente perturbador
para boa parte de seus leitores.
1991
– Lança Cartas de um sedutor, encerrando sua trilogia erótica. Apesar de a
trilogia representar menos de um décimo da sua obra, Hilda passa a ser
erroneamente considerada, por parte da crítica, como escritora essencialmente
erótica. Conhece o escritor e crítico literário Edson Costa Duarte, que logo se
mudaria para a Casa do Sol. Estréia, no Teatro Brasileiro de Comédia em São Paulo, da peça
Matamoros, adaptação teatral do texto do mesmo nome, do livro Tu não te moves
de ti.
1992
- Publica Bufólicas (poesias satíricas) e Do desejo (poesias). Aceita o convite
de Wilson Marini, editor no “Caderno C” do jornal Correio Popular (Campinas,
SP), e inicia sua atuação como cronista. Tradução para o italiano de O caderno
rosa de Lori Lamby.
1993
- Lança Rútilo Nada (ficção), com o qual ganhará no ano seguinte o Prêmio
Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro. Estréia na Casa da Gávea, Rio de
Janeiro, a adaptação teatral de A obscena senhora D.
1994
– Tradução para o francês de Contos d’escárnio/Textos grotescos.
1995
- Seu arquivo pessoal é comprado pelo Centro de Documentação “Alexandre
Eulálio”, do Instituto de Estudos da Linguagem (UNICAMP). Desliga-se do jornal
Correio Popular e encerra suas atividades como cronista. Fim do “Programa do
Artista Residente”. Lança Cantares do Sem Nome e de partidas (poesia). Estréia
no Teatro Projeto Equilíbrio, em
São Paulo, a adaptação teatral de Cartas de um sedutor.
1996
- O maestro José Antônio Rezende de Almeida Prado, inspirado em Cantares do sem
nome e de partidas, compõe Cantares do sem nome e de partidas (para soprano e
corda), recebendo o Primeiro Prêmio do 9o Concurso Internacional Francesc
Civil, em Girona, Espanha.
1997
– Publicação, em francês, do volume contendo A obscena senhora D e a novela Com
os meus olhos de cão. Publica Estar sendo. Ter sido (ficção) e anuncia seu
afastamento do trabalho literário.
1998
– Lançamento de Cascos e carícias: crônicas reunidas (1992/1995) e reedição de
Da morte. Odes mínimas.
1999
– Publica Do Amor (poemas escolhidos). Estréia em São Paulo, no Núcleo
Experimental de Teatro, a adaptação de O caderno rosa de Lori Lamby. Inaugura
página na Internet (http://www.hildahilst.cjb.net), idealizada pelo amigo Yuri
Vieira Santos, escritor e webdesigner.
2000
– Lança Teatro reunido (volume I). Reedição de Estar sendo. Ter sido e Cascos e
Carícias. Estréia na Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro, o espetáculo
HH Informe-se, reunião de trechos de ficção da escritora. Em Brasília, no
Espaço Cultural Renato Russo, é encenada a adaptação teatral de Cartas de um
sedutor. Inauguração, em dezembro, do evento criado pela arquiteta Gisela
Magalhães “Exposição Hilda Hilst 70 anos”, no Sesc Pompéia, em São Paulo.
2001
– Estréia no Teatro Sérgio Porto, Rio de Janeiro, a adaptação teatral de Cartas
de um sedutor. A Editora Globo passa a ser responsável por toda sua obra
publicada até o momento, respeitando-se os prazos de contratos ainda vigentes
com outras editoras.
2002
– Recebe, da Fundação Bunge, o Prêmio Moinho Santista pelo conjunto de sua obra
poética. Ganha, da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), o Grande
Prêmio da Crítica pela reedição de sua obra pela Editora Globo. Em setembro, no
Teatro Noel Rosa (UERJ), a diretora Ana Kfouri, à frente da Companhia Teatral
do Movimento (CTM), estréia o espetáculo Fluxo, baseado no livro Fluxo-Poema.
2003
– A Editora Campo das Letras, da cidade do Porto, adquire os direitos de
publicação em Portugal de Cartas de um sedutor.
2004
– Internada no Hospital das Clínicas da
Unicamp no dia 1 de janeiro de 2004 devido a uma queda e conseqüente fratura de
fêmur, Hilda Hilst vem a falecer no dia 4 de fevereiro, às 4 horas da
madrugada, em decorrência de uma infecção generalizada. É sepultada na tarde
desse mesmo dia, no Cemitério das Aléias, em Campinas.
Abaixo
alguns comentários críticos sobre a obra de Hilda e também uma cronologia de
obras e prêmios:
COMENTÁRIOS
CRÍTICOS.
Jorge
Coli
“Sua
poesia - mas sua prosa também - atinge o cerne dos nossos destinos. Ela sempre
suscita aquilo que somos, para além das palavras, para além das éticas e dos
valores.”
Leo
Gilson Ribeiro
“...(Hilda
Hilst) escreve há vários anos a mais abissal e deslumbrante prosa poética do
Brasil, posterior à Guimarães Rosa, distinguindo-se pela versatilidade de sua
inspiração. Ficcionista incomparável pelo uso de uma linguagem original e
indelével, ela é também um dos grandes nome nada efêmeros da poesia mais
profunda e comovente que se faz no Brasil, além de uma extensa obra de dramaturgia.”
Caio
Fernando Abreu
“Nunca
conheci uma escritora tão tomada pela paixão da palavra.”
José
Castello
“A
escrita de Hilda Hilst tece tão fundo, desdobra com tanta altivez as máscaras
do literário, que se assemelha a um desnudamento.”
Nelly
Novaes Coelho
“(na
poesia)... no teatro e na ficção de Hilda Hilst, intensifica-se a paixão. Nos
mais diferentes graus (da abjeção mais vil à grandeza mais violenta e bela), a
escritora tenta expressar o corpo-a-corpo do ser humano com a passionalidade do
viver, - único caminho que lhe permite vislumbrar as possíveis respostas ao
Enigma, ou pelo menos ter a efêmera sensação de participar do Absoluto ou da
Eternidade.”
PREMIAÇÕES.
-
Prêmio PEN Clube de São Paulo, 1962, com Sete cantos do poeta para o anjo.
-
Prêmio Anchieta de Teatro, 1969, com O verdugo.
-
Melhor Livro do Ano – Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), 1977,
com Ficções.
-
Grande Prêmio da Crítica para o conjunto da obra – Associação Paulista dos
Críticos de Arte (APCA), 1981.
-
Prêmio Jabuti (Câmara Brasileira do Livro), 1984, com Cantares de perda e
predileção.
-
Prêmio Cassiano Ricardo (Clube de Poesia de São Paulo), 1985, com Cantares de
perda e predileção.
-
Prêmio Jabuti (Câmara Brasileira do Livro), 1994, com Rútilo Nada.
-
Prêmio Moinho Santista Poesia (Fundação Bunge), 2002.
-
Grande Prêmio da Crítica para Reedição das Obras Completas (Editora Globo) –
Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), 2002.
BIBLIOGRAFIA
DA AUTORA.
POESIA.
1)
Presságio (ilustrações de Darci Penteado). São Paulo, Revista dos Tribunais,
1950.
2)
Balada de Alzira (ilustrações de Clóvis Graciano). São Paulo, Edições Alarico,
1951.
3)
Balada do festival. Rio de Janeiro, Jornal de Letras, 1955.
4)
Roteiro do silêncio. Rio de Janeiro, Anhambi, 1959.
5)
Trovas de muito amor para um amado senhor. São Paulo, Anhambi, 1960.
6)
Ode fragmentária (capa de Fernando Lemos). São Paulo, Anhambi, 1961.
7)
Sete cantos do poeta para o anjo (ilustrações de Wesley Duke Lee). São Paulo,
Massao Ohno, 1962.
8)
Poesia (1959/1967). São Paulo, Editora Sal, 1967.
9)
Júbilo memória noviciado da paixão (capa e ilustrações de Anésia Pacheco
Chaves). São Paulo, Massao Ohno, 1974.
10)
Da morte. Odes mínimas (ilustrações de Hilda Hilst). São Paulo, Massao
Ohno/Roswitha Kempf, 1980. Reeditado em edição bilíngüe: Da morte. Odes
mínimas/De la mort. Odes minimes. (ver traduções).
11)
Poesia (1959/1979) (capa de Canton Jr; ilustração de Bastico). São Paulo, Ed.
Quíron/INL, 1980.
12)
Cantares de perda e predileção (capa de Olga Bilenky). São Paulo, Massao Ohno/M. Lydia Pires e Albuquerque,
1983.
13)
Poemas malditos gozosos e devotos (capa de Tomie Otake). São Paulo, Massao
Ohno/Ismael Guarnelli, 1984.
14)
Sobre a tua grande face (capa de Kazuo Wakabayashi). São Paulo, Massao Ohno,
1986.
15)
Amavisse (capa de Cid de Oliveira) São Paulo, Massao Ohno, 1989.
16)
Alcoólicas (xilogravura da capa de Antônio Pádua Rodrigues; ilustrações de
Ubirajara Ribeiro). São Paulo, Maison de vins, 1990.
17)
Bufólicas (capa e desenhos de Jaguar). São Paulo, Massao Ohno, 1992.
18)
Do desejo (capa de João Baptista da Costa Aguiar). Campinas, Pontes, 1992.
19)
Cantares do Sem-Nome e de partidas (capa de Arcangelo Ianelli). São Paulo,
Massao Ohno, 1995.
20)
Do Amor (capa de Arcangelo Ianelli). São Paulo, Edith Arnhold/Massao Ohno Editor, 1999.
21)
Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão (capa de inc. design editorial). São
Paulo, Editora Globo, 2001.
22)
Bufólicas (capa de inc. design editorial). São Paulo, Editora Globo, 2002.
23)
Cantares (capa de inc. design editorial). São Paulo, Editora Globo, 2002.
24)
Exercícios (capa de inc. design editorial). São Paulo, Editora Globo, 2002.
25)
Da morte. Odes mínimas (capa de inc. design editorial). São Paulo, Editora
Globo, 2003.
26)
Baladas (capa de inc. design editorial). São Paulo, Editora Globo, 2003.
27)
Do Desejo (capa de inc. design editorial). São Paulo, Editora Globo, 2004.
28)
Poemas Malditos, Gozosos e Devotos (capa de inc. design editorial). São Paulo,
Editora Globo, 2005.
FICÇÃO.
29)
Fluxofloema. São Paulo, Perspectiva, 1970.
30)
Qadós (capa de Maria Bonomi). São Paulo, Edart, 1973.
31)
Ficções (capa de Mora Fuentes). São Paulo, Quíron, 1977.
32)
Tu não te moves de ti (capa de Mora Fuentes). São Paulo, Cultura, 1980.
33)
A obscena senhora D (capa de Mora Fuentes). São Paulo, Massao Ohno, 1982.
34)
Com os meus olhos de cão e outras novelas (capa de Maria Regina Pilla; desenho
da capa de Hilda Hilst). São Paulo, Brasilense, 1986.
35)
Caderno rosa de Lori Lamby (ilustrações de Millôr Fernandes). São Paulo, Massao
Ohno, 1990; 2a edição, São Paulo, Massao Ohno, 1990.
36)
Contos d’escárnio. Textos grotescos (capa de Pinky Wainer). São Paulo,
Siciliano, 1990; 2a edição, São Paulo, Siciliano, 1992.
37)
Cartas de um sedutor (capa de Pinky Wainer). São Paulo, Paulicéia, 1991.
38)
Rútilo Nada (capa de Mora Fuentes e Olga Bilenky). Campinas, Pontes, 1993.
39)
Estar sendo.Ter sido (capa de Cláudia Lammoglia; foto da capa de Catherine A.
Krulik; ilustrações de Marcos Gabriel). São Paulo, Nankin, 1997; 2a edição, São
Paulo, Nankin, 2000.
40)
Cascos e carícias: crônicas reunidas (1992/1995) (capa de Cláudia Lammoglia;
foto da capa de J. Toledo). São Paulo, Nankin, 1998; 2a edição, São Paulo,
Nankin, 2000.
41)
A obscena senhora D (capa de inc. design editorial). São Paulo, Editora Globo,
2001.
42)
Cartas de um sedutor (capa de inc. design editorial). São Paulo, Editora Globo,
2002.
43)
Kadosh (capa de inc. design editorial). São Paulo, Editora Globo, 2002.
44)
Contos de escárnio/Textos grotescos (capa de inc. design editorial). São Paulo,
Editora Globo, 2002.
45)
Fluxo-Floema (capa de inc. design editorial). São Paulo, Editora Globo, 2003.
46)
Rútilos(capa de inc. design editorial). São Paulo, Editora Globo, 2003.
47)
Tu não te moves de ti(capa de inc. design editorial). São Paulo, Editora Globo,
2004.
48)
O caderno rosa de Lori Lamby (capa de inc. design editorial). São Paulo,
Editora Globo, 2005.
49)
Com os meus olhos de cão (capa de inc. design editorial). São Paulo, Editora
Globo, 2006.
50)
Estar sendo. Ter sido (capa de inc. design editorial). São Paulo, Editora
Globo, 2006.
51)
Com os meus olhos de cão (capa de inc design editorial) São Paulo, Editora
Globo, 2006.
52)
Cascos e carícias (capa de inc. design editorial). São Paulo, Editora Globo,
2007.
DRAMATURGIA.
51)
Teatro reunido, volume I (capa de Olga Bilenky). São Paulo, Nankin Editorial,
2000.
TRADUÇÕES.
Para o frances.
-
L’obscène madame D suivi de le chien. Tradução de Maryvonne Lapouge-Pettorelli.
Paris, Gallimard, 1997.
-
Contes sarcastiques – fragments érotiques. Tradução de Maryvonne
Lapouge-Pettorelli. Paris, Gallimard, 1994.
-
Agda (fragmento). Brasileiras. Organização de Clélia Pisa &
Maryvonne-Lapouge Petorelli. Paris, França, 1977.
-
Sobre a Tua Grande Face. Tradução de Michel Riaudel. Revista Pleine Marge, 2o
semestre de 1997, Paris.
-
Da morte. Odes mínimas/ De la mort. Odes minimes. Edição bilingüe. Tradução de
Álvaro Faleiros. Ilustrações de Hilda Hilst. São Paulo, Nankin
Editorial/Montreal-Noroît, 1998.
Para
o italiano
-
Il quaderno rosa di Lori Lamby. Tradução de Adelina Aletti. Milano, Sonzogno,
1992.
Para
o Espanhol
-
Rútilo Nada. In Revista literária De Azur, Columbia University Station, New
York, verano 1994. (Tradução para o espanhol de Liza Sabater), pp 49-59.
Para o inglês
- “Glittering Nothing”. In
FERREIRA-PINTO, Cristina (Edited, with an Introduction and Notes). Tradução de
David Willian Foster Urban Voices – Contemporary Short Stories from Brazil. New York, University Press of America. Inc., 1999. pp. 20-32.
- “Two Poems”. Tradução de Eloah F. Giacomelli. InThe Antigonish
Review, no 20. St.
Francis Xavier
University, Nova
Scotia, Canadá, 1975. p 61.
Para
o alemão
-Briefe
eines Verführers. (Cartas de um Sedutor, fragmento.). Tradução de Mechthild
Blumberg. In "Stint. Zeitschrift
für Literatur", n° 27, ano 15, Bremen, outubro 2001, pp.28-30.
-Funkelndes
Nichts. (Rútilo Nada). Tradução de Mechthild Blumberg. In "Stint. Zeitschrift
für Literatur", n° 29, ano 15, Bremen,
agosto 2001, pp.54-66.
-
Vom Tod. Minimale Oden. (Da Morte. Odes Mínimas.). (Odes I, IV, V, VI, VIII,
XII, XIX e poemas I e III de "Á tua frente. Em vaidade"). Tradução de
Curt Meyer-Clason. In Modernismo Brasileiro und die brasilianische Lyrik der
Gegenwart. Berlin, 1997.
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