por Marina Melz
Pisque. Assim, daquele
jeito, rápido mesmo. Foi? Pois então. A sua piscada foi mais rápida do que o
tempo que você leva para, verdadeiramente, se apaixonar. Segundo uma
universidade norte-americana, em um quinto de segundo o cérebro ativa 12
regiões diferentes e libera substâncias como dopamina, ocitocina, adrenalina e
vasopressina.
Segundo esse mesmo estudo,
as substâncias liberadas naquele quinto de segundo da paixão são as mesmas do
consumo de drogas como a cocaína. É por isso que a gente acha que pode tudo
quando está apaixonado.
Um piscar de olho? Menos do
que isso? Um piscar de olho e acabaram todos os poemas, todas as canções, todas
as explicações sobre o que é a paixão. Blasfêmia? Bobagem científica? Não.
Como saber se esse em um dos
86.400 segundos de hoje você vai se apaixonar? A gente só tem no armário uma
melhor roupa, no frasco um pinguinho do melhor perfume. Como saber quando vai
ser? Se não dá pra saber, não tem como se preparar. Mas dá pra estar preparado
sempre. Porque a expectativa de se apaixonar na próxima esquina pode ser o
nosso combustível diário ao bom humor.
O fato de a paixão acontecer
em menos de um segundo nos traz uma bela enrascada também. Não tem como evitar.
Não há argumento (ele não presta! Olha aquele sorriso torto! Deveria estar
trabalhando a esta hora!) que caiba neste tempo. Não há escudo (ele tem cara de
sem vergonha! Já sofri muito! Não quero mais me apaixonar pelos próximos três
anos!) que possa ser armado. A paixão acontece e pronto. E fim, até um novo
começo.
A ciência não acabou com a
poesia ao nos descobrir que uma paixão acontece em menos de um segundo. A
pesquisa é só mais um argumento que comprova que a paixão talvez seja muito
mais instintiva e natural do que sonha a nossa vã filosofia – e exatamente por isso,
mais inexplicável do que nunca.
Marina Melz
É jornalista e trabalha com
assessoria de imprensa. É meio Bridget Jones e meio Woody Allen. Não tem
preconceitos com músicas, filmes e qualquer coisa que seja. Acha que toda
história (boa ou não) merece ser contada.
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Um comentário
Acredito que essa descoberta faça alguns, como eu, traçar o caminho do riso e da ironia, uma vez que existem muitas pessoas que não estão, de forma alguma, aptas a desenvolver uma paixão, mesmo que acidental, por determinado indivíduo, ainda que esse seja o escolhido por sensações ligadas à natureza humana. No entanto, agradeço por disseminar esse conhecimento. Que tal continuarmos apenas com a poesia? Se magoar e sofrer pra quê?
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