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Darlan Alberto T. A. Padilha - [Poeta Brasileiro]

DIMYTHRYUS – heterônimo do poeta Darlan Alberto T. A. Padilha, Licenciado em Letras pela Faculdade UNIESP-SP, Embaixador da Paz, título que lhe fora atribuído pelo “CERCLE UNIVERSEL DES AMBASSADEURS DE LA PAIX – SUISSE – FRANCE (Genebra – Suíça). Entre suas 71 premiações destaca-se o “Prix Francophonie” a Menção Honrosa (Diplôme d’honneur) no 10 é Concours International de Litterature Regards 2009 (Nevers – France).

A Ç Ã O
É o que pedem os pássaros
Que resistem com seus pulmões perfurados
Encharcados do monóxido de carbono
Emitidos desvairadamente pelo cinza céu.

A Ç Ã O
É o que clamam os peixes desvalidos
os festivais da pororoca
Diante do óleo que vaza
De seus cargueiros, meio as palmas do Pré-Sal.

A Ç Ã O
É o que buscam as mãos queimadas de nossas florestas
Diante da gana feroz das motosserras
E dos políticos que se omitem
E enchem seus bolsos com nosso ar.

A Ç Ã O
É o que precisamos
Arregaçarmos as mangas
Cuidarmos do que ainda nos resta
Se quisermos ter direito a um amanhã.

Ação, simples assim...
DIMYTHRYUS
09/01/2010
21h40m.

A cada sombra uma esquina


A cada esquina uma sombra se multiplica
Olhos avolumados se esquecem
Gritos esvaziam-se na dispersão
Com os braços ao relento.

A cada esquina, multidões
Metidas entre sacos de excrementos
Empretecidas almas esquecidas.

Na escuridão os olhares nos penetram
São tantos, e ainda sim são poucos.

A cada sombra uma esquina
Uma dúzia de latas a ser vendidas.

Em cada eco os silêncios são esquinas
Fumaça acinzentada entre becos
Violência, fome e desespero.

Em cada sombra
Meu rosto se reflete
As migalhas se misturam no meu bolso.

Dimythryus
19/04/2007
13h16m.

AS LAVADEIRAS DE SONHOS
A transparência de um rio

Iguala-se as lágrimas que abundantes se cristalizam

Numa imagem formidável da leve correnteza.



Em sua orla sob as pedras

O colorido das roupas se espalham

Em meio à canção das lavadeiras.



Preocupadas com o sol

Compenetradas em suas músicas

Distantes do resto do mundo.



Distantes das lágrimas

Que fundamentam minhas mágoas

E por outro lado constituem todo este rio.



As lavadeiras inundam-se nos rios

Nas lágrimas de suas vidas

Na particularidade de seus problemas.



Enquanto as lágrimas desesperadas

Tentam lavar, levar as nódoas de suas vestes

Sob a força de suas mãos ressecadas pelo sabão.



A correnteza em sua límpida transparência

É fria e dói, dispersas nos versos de cada lavadeira

Que sonha com um mundo que imagina longe dali.



As pedras acompanham

Ensaboadas de desdém

Descrentes dos sonhos, de qualquer mundo existente.



Ao final o sol se põe

E as cores sucumbidas de lágrimas

Desfiam-se sobre a palidez da vida.



As lavadeiras se retiram

Deixando quarar o seu mundo

A espera de um sonho que nunca se realiza.

Dimythryus
29/11/2009
21h35m.

BADULAQUES DE VIAGEM
Lentidão

Asfalto quente

Racha-dura

Trinca tudo

Pernas, braços

Embriaguês.



Via-atura

Fim da linha

Fim da via

Fim da vida

Estilhaço.



Mais um acidente

Um incidente

Uma desculpa

Uma ocorrência

Outro teste de bafômetro.



Outro carro pro seguro

Na insegurança

Diária das estradas

Dos copos e garrafas

Esquecidos pelas vias.

DIMYTHRYUS.
03/09/2009
09h10m.



Claras Miríades

Pelas praias caminham as poesias

esferas poéticas cheias de escumas

eufóricas velas a mudar o rumo do mundo

à singrar a areia, a calcar o casco

a agrupar conchinhas no amanhecer.



No céu o Sol ladino

sob o crepúsculo matutino

passa a fiar seus versos pálidos

ressacados de ternura e luz

a encher de sorrisos os cardumes entre olas.



E sob o lume eflúvio do farol

as escunas navegam sob a leve lírica

onde os astros rabiscam em conjunto todo o céu

enquanto os corais florescem de cores todo o mar

efémeros versos encharcados de olhos desatentos.



As gaivotas despejam o suave som da paz

enquanto o pescador sagaz hasteia sua tarrafa

a garantir seu pão, seu sustento

a poesia torna-se mastro, a força motriz do poeta

o pescador de sonhos, o criador da paz entre as palavras.

Dimythryus
10/02/2009
11h08m.



SERTANEJO
Não, nenhum de vós me conheceis
Mesmo eu estando por todos os cantos
Muitas vezes vocês cruzam por mim
Outras sou eu quem passa
E passo
Mas a seus olhos me torno invisível.

Adormeço em praças públicas
Em ruas e calçadas tão frias
Quanto os olhos que se tesam
Às vezes me mostro
Peço ajuda ou simplesmente
Deixo que meus olhos o façam.

Não, eu não sou daqui
Eu vim do “Norte”
Quer dizer, Nordeste
Sou filho da terra quente
Da palma amarga
Das fibras do sisal.

Eu vim para cá em busca de uma vida
E acabei deixando a minha pela estrada
E hoje habito o seu olhar descontente
Os seus olhos desviados
Céleres imersos por entre as margens.

Para hoje, tenho meio pacote de sete capas
Amanhã, amanhã, quem sabe
Tenho de estar bem cedo no canteiro de obras
Amanhã seus olhos não ficarão tesos
Estarei ocupado com a nova linha do Metrô.

Eu só queria uma vida
Uma vida assim
Como a sua.

Dimythryus
13/09/2008
15h22m.

Darlan Alberto T. A. Padilha
Todos os Direitos Autorais Reservados ao Autor

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