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José Gil - [Poeta Brasileiro]

Poeta desde a infância.Ganhei o 12º Premio de poesia aos 15 anos.
Sou douturado em Estudos Teatrais E Professor de Comunicação e Teatro.
Publiquei "Fractura Possivel" uma Antologia de 150 poemas.
Colaborei em diversas Antologias de que destaco a da Lista "Escritas" moderada pelo poeta José Félix.

José Gil

Húbris II


O poema é a onda, o rio selvagem, a húbris
Avança recurva e sobe até à crista – há traços de
Paisagem no perfil do teu retracto, águias de
Bonelli em galope veloz de arqueiros, nuvens no
Phatos , sempre a pulsação das ondas e das marés
No dobrar das ancas – como-te como tâmaras em
Nepenthes(1) da minha luz , viajo das tuas turfeiras
Às charnecas , ouve as orvalhadas, traz na tapeçaria
O outro lado da sombra do corpo, desejo-te na fragrância
O próprio castelo já ganhou a sua levitação de sedutor
Tranquilo no acmé do instante na cissiparidade.


17 de Maio de 2006

***
 
FUMEI MAIS UM LAGRIMA

Forro bonito

alta na cal branca, no lugar da parede. Longo e amplo
o teu tronco, roda, dança, pula, as mãos ainda nos seios
nasces assim na pagina como o tigre sentado e selvagem
fumei mais uma lágrima, o corpo suado ,toda a leveza
de ter ouvido o teu gemido, a braçada das rosas no
saxofone, nas suas ancas de silêncio demora o toque
a folha de hortelã no rio que partiu, infinita e vaga contra
a parede no lugar do cavalo a laje das avenidas fruto
da primavera, e dos seixos húmidos do mar ondulante
mordendo as palavras ainda nos teus seios é maio e quente
um lápis em rosa toca-te a pomba enquanto te beijo, abre
a flor húmida, o teu tronco renasce na língua onde o lápis
nas pautas proibidas se confunde com os dedos de cal e mel.

***
 
ACREIDEAS

"La langage poétique est une écoute.
La lecture et la poétique sont
l'écoute de cette écoute."
H. Méshonnic,Pour la Poétique II


as borboletas vivem nas dobras azuis de Maio

um bando deserto tem o brilho eficaz do luar

o que nos povoa de palavras entre os braços?

as asas dos abraços alados, as éguas e os cavalos.



estou em Lisboa , vou onde a poesia é diária

no canto chão, os acreideos zumbem á volta

da cabeça da sílaba tónica, e não escuto



a noite é longa e acumulo sílabas, vejo os camponeses

entre as espigas e as sementes, abrem-se as arcas

antigas e somos apenas irmãos das novas fontes.



***
 
 
VOLTA


Devagar o texto organiza-se

contra a parede do sentido.

Volta. Inquietos os lábios

inventam o chão, os dedos

tocam a febre que te leva

solta ao cavalo que te espera



na pedra nua do leite

da parede que te bate

contra o limbo da noite

a noite dos dedos a noite

da mão – um só corpo

sentado nu na estrada do

fogo verde, o triangulo

do texto migrante ao

sabor do vento sem eixo

acinoma, descubro o presente

a identidade, o território da

dádiva, na cabeça o beijo



a musica, então a sílaba

inventa o bloco transparente

do texto e da noite no arco

transversal ao corpo, deleita-se

na tua margem nua, o seio

 
***
 
ÉTIMO

a “Bohemian Like You “
dos Dandy Warhols


em torno uma sombra giratória,

e já é o dia azul na plataforma

flexível de um beijo quente

como o teu chão numa unidade

de altura, a musica negra e acid



existe ou não existe no percurso

o equilíbrio harmonioso e branco

para te tocar o medo e a fuga

no vermelho moinho para te

cativar ao ar fresco do cativo

és ou não és. ficas a olhar

cativando nos braços do rio

Cabul, avança num caminho

sinuoso, étimo no teu tempo

azul, eixos em vez de corredores

ou ângulos e um percurso

labiríntico, cortina ao vento

começas recomeças, escrevo-a

no equilíbrio da noite escura

com sombras na parede – a

janela entreaberta rente ao chão

o erotismo fresco das termas

suburbanas de Pompeia. Todos

contra todos nas cinzas do Vesúvio.

onde o vento não para de soprar

contra a cortina e as portas da

janela aberta contra o frio e a

solidão , contra as cenas oníricas

no mar da palha onde o desagravo

é o teu corpo atlético de vinil

imaginário para um inventário

imbatível de portadas a bater –é a

agrura através da janela onde te

escrevo para lá da noite da cortina

a lua abre-se á sombra do sentido

da sílaba de “tron” uma pressão

súbita, um medo insuportável, um

herói egípcio, a porta da sombra

na parede onde voar é o teu ar

visível e fresco dos meus dedos

no teu olhar. os Deuses morrem

sempre no caminho, nos braços do

Tejo, percurso sinuoso, tempo rosa

dos teus corredores, os seios ao

longo das margens do rio em

espectro, saltitantes entre lugares.


José Gil
Todos os direitos autorais reservados ao autor

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