Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944.
Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de
Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de
Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem
colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina,
canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".
Página na Internet:
E-mail: humbertopinhosilva@sapo.pt
Textos de Humberto Pinho da Silva
Cabe à mulher criar um mundo melhor
Conta D.
Francisco Manuel de Melo, in “ Carta de Guia”, que certo nobre estando a
acusar a mulher “ de mal acostumada, diante de seu príncipe, foi dele
perguntado, de que anos entrara em seu poder; como lhe disse o marido que de
doze, respondeu aquele rei: “Pois vós sois o que mereceis ser castigado, que
tão mal a criastes.”
A resposta
foi acertada, porque ao nascer, todos somos iguais, é a educação que nos plasma
e encaminha.
A frondosa
árvore, quando jovem, facilmente é moldada pelos dedos de criança. Sem esforço
a retorce e guia-lhe o tronco e os ramos, mas tornando-se adulta, nem homem
musculoso a consegue dobrar.
Assim
acontece também com as crianças: se as mães as educam a respeitar os mais
idosos, a serem obedientes e cumpridoras, se inculcam os valores que acreditam,
os meninos crescem moldando a índole pelos princípios maternos.
Se as mães
– digo mães, porque são, em regra, elas que criam os filhos, – souberem
orientá-los pelas veredas do bem, incutindo-lhes elementares regras de
civilidade, ensinando-os a serem honestos e respeitadores, o mundo seria bem
melhor.
A mãe do
escritor Julien Green preocupava-se com a sua formação espiritual e levou-o, de
menininho, a decorar o Salmo 1 e 22 e a recitá-los diariamente, bem como “ A
Caridade” de S. Paulo. Também a Rainha Sílvia, da Suécia, elaborou pequeno
devocionário para que os filhos rezassem, porque, a seu parecer, não podiam ser
homens dignos e capazes de dirigir o destino do país, sem possuírem sólida
formação religiosa.
Daqui se conclui
que, quando a mulher se lamenta do desrespeito e desonestidade masculina, devia
antes censurar as mães que não souberam ou não quiseram educar os filhos.
Como disse Plínio
Salgado, in “ A Mulher no Século XX”: Se a mulher é sob certos aspectos, um produto do homem, também o homem
é, geralmente o que sua mãe quis que ele fosse e muitas vezes o que sua esposa
quer que ele seja.”
Somos
o que somos pela graça de Deus e dos irmãos
S. Filipe de Nery
ao caminhar pelas ruas de Paris, avistou condenado ladeado de polícia e
exclamou com gratidão: “ Este que vai ai podia ser eu, se não fosse a graça
de Deus.”
Somos o que somos
pela graça de Deus e dos irmãos.
Os pais que
tivemos, os professores que nos orientaram, os amigos que possuímos, as
oportunidades que surgiram, moldaram-nos no que somos.
Por certo podemos
procurar as veredas que nos levam à meta, mas os caminhos não se abrem por
acaso.
Se escrevo esta
crónica devo a meu pai, que era jornalista, e igualmente a tantos escritores,
ensaístas e filósofos, cujas obras li e reli desde a meninice.
Somos eternos
plagiadores. Nascemos demasiadamente tarde para sermos originais. Tudo que
pensamos, escrevemos e opinamos, ainda que nos pareça original, já outros
escreveram e pensaram antes de nós.
Diz, com razão o
Eclesiástico: “ Nada de novo há debaixo do Sol.”
Somos devedores aos
que nos antecederam. As grandes descobertas que alteraram o destino do mundo
não teriam surgido senão houvesse infindável cadeia de cientistas que ao longo
de séculos foram transmitindo, uns aos outros, o conhecimento.
Naturalmente
pode-se escolher os amigos, local onde vivemos e o curso que concluímos, mas a
escolha resulta da educação que recebemos, dos livros que lemos, dos amigos que
temos e dos familiares que vivem connosco.
Somos o que somos
devido à sociedade que integramos, às obras que lemos, aos jornais e revistas
que compramos, aos amigos que possuímos, aos filmes que assistimos e aos
comentaristas que ouvimos na rádio e TV.
Pensar o contrário
é não entender a influência que a sociedade exerce no nosso modo de pensar. É não perceber o poder da mass-media.
Humberto Pinho da Silva
Todos os direitos autorais reservados ao autor.
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