Sponsor

AD BANNER

Últimas Postagens

Antônio Luiz M. Andrade(Almandrade)[Artista plástico, Arquiteto, Mestre em Desenho Urbano, Professor e Poeta Brasileiro]

Antônio Luiz M. Andrade-Artista Plástico,Arquiteto,Mestre em Desenho Urbano,Poeta e Professor de Teoria da Arte das  Oficinas de Arte do Museu de Arte Moderna da Bahia.
Participou de várias mostras coletivas, entre elas: XII, XIII e XVI Bienal de São Paulo; "Em Busca da Essência" – mostra especial da XIX Bienal de São Paulo; IV Salão Nacional; Universo do Futebol (MAM/Rio); Feira Nacional (S.Paulo); II Salão Paulista, I Exposição Internacional de Escultura Efêmeras (Fortaleza); I Salão Baiano; II Salão Nacional;Menção honrosa no I Salão Estudantil em 1972.Integrou coletivas de poemas visuais,multimeios e projetos de instalações no Brasil e exterior.
Um dos criadores do Grupo de Estudos de Linguagem da Bahia que editou a revista "Semiótica" em 1974.
Realizou cerca de trinta exposições individuais em Salvador, Recife, Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo entre 1975 e 2005; escreveu em vários jornais e revistas especializados sobre arte, arquitetura e urbanismo. Prêmios nos concursos de projetos para obras de artes plásticas do Museu de Arte Moderna da Bahia, 1981/82.




Trabalhou com planejamento urbano entre 1981 e 1985 na Secretaria de Planejamento Urbano da Prefeitura Municipal do Salvador. Entre 1986 e 1990, esteve à disposição da Fundação Cultural do Estado da Bahia no Departamento de Museus e Artes Plásticas, exercendo os cargos de: Chefe de Divisão de Artes Plásticas e depois, Sub-gerente de Artes Plásticas.



Prêmio Fundarte no XXXIX Salão de Artes Plásticas de Pernambuco em 1986. Publicou os livros de poesias e/ou trabalhos visuais: "O Sacrifício do Sentido", "Obscuridades do Riso", "Poemas", "Suor Noturno" e Arquitetura de Algodão". Prêmio Copene de cultura e arte, 1997. Tem trabalhos em vários acervos particulares e públicos, como: Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro), Museu da Cidade (Salvador) e Pinacoteca Municipal de São Paulo. Retrospectiva Museu de Arte Moderna da Bahia, 2000. Exposição “pensamentos” no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, participa de mostra de poesia visual brasileira no Mexic-Art Museum em Austin. exposição individual “Pequenos Formatos” na galeria ACBEU em Salvador, 2002.
Esculturas, Instituto Goethe, Salvador, 2003. Pinturas, Hotel Sofitel, Costa do Sauípe – Ba., Instalação, Conjunto Cultural da Caixa , Arte Erótica , Escola de Belas Artes da UFBA., Coordena Oficina Arte Cidade no Instituto Goethe, Salvador. Curadoria da mostra SSA 456 Galeria da Cidade, Salvador, 2005. Participa das exposições coletivas “Ode ao Dois de Julho”, Galeria da Cidade, “Modos de Ver e de Entender a Arte”, Museu de Arte da Bahia, Salvador, 2006.




Participação como jurado em concursos públicos de artes plásticas, entre eles: Concurso de Decoração do Carnaval da Cidade do Salvador, 1980; Salão de Arte da Semana de Cultura do SESI, Salvador 1986; Comissão de Seleção dos Salões Regionais de Artes Plásticas da Bahia, Juazeiro 1997 e 1999; Júri de Seleção e Premiação da 1ª Bienal do Recôncavo, São Felix, 1991; Comissão de Seleção do Projetos Atos Visuais 2004-2005 da Funarte, Brasília, 2004. Comissão de Seleção
Bolsas de Pesquisa em Crítica de Arte da Funarte, Rio de Janeiro, 2008.




Fascinação de cristal

toca em mim
traduz uma delicadeza
e uma incerteza
ilha vazia
maternal
escondida
em seus próprios
tesouros
a fuga é incapaz
rasga um caminho
a falta
derrama sua graça.





PARADOXO

O infinito reclina
e adormece
na solidão dos enigmas.
As manias gregas
O mármore das imagens.
Mitos e estátuas
que desafiam
o vazio e o abstrato.
Verdades,
dúvidas de ninguém.



A JANELA E A FANTASIA

No pequeno cômodo
através da vidraça
a paisagem entra
fragmentada
no pincel de Magritte.
Do outro lado
das paredes
a realidade vai até onde
a imaginação alcança.
O tempo
o olhar inventa.





A MULHER

Uma geografia
sempre a ser descoberta
obscura e secreta
como a solidão.
...
Em silêncio
a intimidade feminina
acende o mistério
que faz lembrar
o aroma dos devaneios
que transporta
o fim da tarde.

A paisagem da pintura
por   Almandrade

A pintura é a invenção de uma paisagem com o pretexto de enunciar um modelo de conhecimento, correspondente ao estágio da cultura, e eternizar um sentimento. O pintor se aproxima da paisagem para explorar os limites do olhar, seduzido pela coisa e a possibilidade de inventar uma imagem ou um horizonte, um lugar distante daquilo que entendemos como realidade, capaz de reter a contemplação. De fundo ou cenário para alguma coisa acontecer, a paisagem tornou-se o lugar das satisfações e curiosidades do olhar. Para Rilke: "Ninguém pintou ainda uma paisagem que seja tão completamente paisagem e seja, no entanto, confissão e voz pessoal como esta profundidade que se abre atrás da Mona Lisa."É preciso se desacostumar de uma forma habitual de ver o mundo, como fez Leonardo da Vinci, e olhar as coisas com uma paixão e uma racionalidade que esfacelam a idéia de uma percepção natural, sem a influência do pensamento. A pintura é a possibilidade de uma idéia ou de um saber sobre a paisagem.

Estamos sempre relacionando tudo que vemos com a nossa carência de olhar, apropriamos das cenas vazias dando-lhes o sentido que nos pareça conveniente, para insinuar uma comunicação sem a interferência do raciocínio; mas o artista quer ir mais longe; enfrenta as aventuras da imagem, olha para dentro das coisas procura no fundo da paisagem, o que não se vê, à distância. A paisagem é meio de conhecimento e não ilustração da realidade, ela pode ser tudo, pode vir do nada, isto é, porque o nada, para o pintor, é a essência de tudo. Quando o céu era uma realidade o olhar do pintor se restringia ao que era determinado pelo sagrado, a geografia onde o homem realizava seu dia a dia encerrava os limites da paisagem. No Renascimento, o pintor era religiosamente um espectador, um observador do que estava próximo do campo visual, ele desconhecia o outro lado que o olhar não penetrava, porque ele não se misturava às coisas. Reproduzir a aparência das coisas era a essência da arte, contemplava-se o quadro como se estivesse diante de uma janela ou de um espelho.

A natureza enquanto paisagem não é uma coisa isolada à espera de uma designação ou de uma determinação por parte do homem, ele é parte dela e quando a percebe desenha os seus contornos para registrar sua aparência, interrogar o visível e criar novas possibilidades de expressão. Com a arte ele compreendeu também sua solidão diante da natureza e a paisagem projetada na tela pode ser produto de suas obsessões. Cézanne entra em cena. "Não é nem um homem, nem uma maçã, nem uma árvore que Cézanne quer representar; ele serve-se de tudo isso para criar uma coisa pintada que proporciona um som bem interior e se chama imagem" (Kandinsky). Uma imagem inacabada porque o pintor não para de olhar e interrogar o aspecto das coisas que compõem a sua paisagem. A pintura nunca está terminada.

Ao transformar a paisagem em pintura o pintor quer revelar a intimidade do mundo. "A pintura moderna do mesmo modo que o pensamento moderno, obriga-nos a admitir uma verdade que não reflita as coisas, sem modelo exterior, sem instrumentos de expressão predestinados e não obstante verdade "(Merleau-Ponty). Uma verdade não reproduzida, mas criada a partir de conceitos. Se na tradição renascentista o pintor era o espectador ideal e racional do mundo, na modernidade, ele se mistura aos seres e às coisas para transformá-los em imagens. O pintor moderno pinta a paisagem cada vez mais de perto, com a intimidade de "voltar às coisas" e alcançar o fundamento do "real". A paisagem moderna é um buraco problemático de pensar o mundo e o homem está entre o mundo e as coisas como se fosse um exercício de composição. No imaginário do artista, a paisagem não é a analogia daquilo que a história do homem designou realidade. O paisagista Claude Monet com sua percepção inquieta, disseca as aparências e eterniza o instante refletido no seu jardim, pinta a descontinuidade do tempo. Picasso inventa imagens de múltiplos pontos de vistas, fragmentando a paisagem.

Para Mondrian, a paisagem é uma combinação de horizontais e verticais, a depuração da composição. Apropriando-se de imagens e objetos, Duchamp reinventa a paisagem, com o riso e a reflexão. Pollock cria a paisagem americana, no rítimo gestual proporcionado pelo acaso da tinta atirada sobre a superfície da tela. Neste processo contínuo de desnaturalização do olhar, mudam-se a construção e a percepção das imagens.

A paisagem não é a realidade que o sonho não apagou, ela é também construída de sonhos. "Antes de ser um espetáculo consciente, toda paisagem é uma experiência onírica" (Bachelard). Que seja figurativa ou abstrata, espontânea ou racional, ela é objeto do pensamento, é uma realidade semiológica, sujeita portanto, a uma variedade de interpretações coerentes e incoerentes. A paisagem que o artista nos oferece, é um espelho refletindo problemas para o olhar imaginar soluções possíveis, mas não definitivas. A pintura se direcionou para a construção de um objeto plástico autônomo e universal e fez da paisagem um campo enigmático como se ela fosse um lugar de pensamentos secretos.





O OLHAR CÔMICO DA ARTE

A arte ou um saber sobre o plágio. Esta ciência maldita que rí de suas invenções “inúteis” (para a disciplina do circuito cotidiano). O artifício do riso é um meio de desfazer o compromisso do homem com a ideologia da seriedade. Tudo é possível para tornar visível a obscuridade do fazer social e cultural. Ao artista é concedido o direito de mudar e dissimular o valor e a ordem das coisas e do mundo.

Ele inventa ilusões, relações, e “inutilidades” para ironizar os desencantos de um determinado lugar da vida. O artista tem o bom senso de falsificar simbolicamente, sob o olhar do vigilante, sem ludibriar a vítima.

PENSE O JOGO: Um campo de futebol com uma única trave no centro. O futebol tem suas regras, mas neste campo perverso há uma sugestão de um possível jogo onde suas regras não estão explícitas. Fica com o espectador a difícil tarefa de imaginar hipóteses de impossíveis soluções. Uma sutil ironia aos dois jogos o do gramado e do território da arte.

CASA PARA VOYEUR: Uma casa com cômodos interligados por pequenos buracos, impossível à penetração do corpo, apenas o fluxo do olhar percorre os seus espaços. No jogo da arte o olho é um instrumento privilegiado, primeiramente a obra de arte é destinada ao olhar. A imaginação e o humor inventam problemas e o aparelho riso entra em funcionamento. - (1975)

BANCO ALMANDRADE: Uma surda gargalhada contra o rito da sociedade de crédito. Para que serve um cheque de um banco falso? A garantia é a marca do artista, mas essa marca não pertence ao circuito das instituições bancárias. Sem dúvida é uma fraude, aceito com risos no meio de arte de onde emergem suas significações críticas. - (1977)

SEM CRUZEIRO: Uma nota falsa e sem valor. Um problema imaginário que encontra no riso uma provável solução. Pode até insinuar uma crítica a sociedade da moeda, da troca e da própria arte. Mas ela escapa a todas as leituras e se afirma como uma nota que não compra nada, mas que pode ser vendida, por um destino irônico, já que o mercado de arte vende tudo. A garantia de sua autenticidade é a assinatura do artista. - (1976 e versão 1986)

FOTOGRAFIAS DE PAISAGENS BRASILEIRAS: Uma legenda para quatro fotografias que não foram reveladas. Fotos talvez, de uma câmara sem visor ou de um turista que capta a paisagem sem história, para o espetáculo de uma recordação momentânea. Trata-se de signos e códigos.

Uma legenda para um signo icônico que não aparece. Alguém ri. Onde estão as paisagens? Eis a questão, para o olho e o riso.- (1978)




Matemática sem Número 
 
Bem de leve
no sereno vôo
rumo ao mistério
a resistência
é o equívoco de ontem
a consciência
se perde
na inquietude do desejo.





UMA PINTURA

O paraíso
contorna
o olhar do pintor.
Sede de ver
natureza morta
sem asas.
Meditações
de um pincel
que disseca
a beleza.



Fonte:

Antônio Luiz M. Andrade(Almandrade)
Todos os direitos autorais reservados ao autor 

Nenhum comentário