José Saramago em sua história literária
Não há invenção na obra saramaguiana, apenas um olhar preciso por detrás do que já existe. Ele mesmo já postulou tal proposição. É justamente com essa visão que devemos nos atentar a ficção desse escritor português. Sua obra, muito vasta por sinal, traz não apenas temas e posições emblemáticas da história do povo português, mas engloba a própria questão da filosofia humana. Encontramos não apenas um Portugal e seus costumes ali descritos, como em “Histórias do cerco de Lisboa”, mas divagações e questionamentos sobre o próprio ser humano, como verificamos em “Caim”.
Podemos dividir a obra de Saramago em três ciclos, como aponta a estudiosa de José Saramago, Ana Paula Arnaut, Professora da Universidade de Coimbra.
Esse levantamento proposto ocorre justamente por em sua primeira fase, Saramago ainda se encontra muito localizado em seu país, tendo sua ficção não necessariamente regional ou patriota, contudo com fortes símbolos que determinam certo aspecto de seu país.
Em sua segunda fase, época que também se aventura na escrita de crônicas, contos e poemas, ele começa a se afastar dessa “tal localidade” e já em sua terceira fase, ele parte para o que chamamos de transcendência de sua ficção, marcada por livros como “Ensaio sobre a cegueira” ou “Ensaio sobre a lucidez”, dentre outros.
Apesar de sua publicação ser póstuma, ocasionando ser o último livro publicado, “Claraboia” não poderia ser enquadrado nesse terceiro ciclo, pois se trata de uma obra escrita e guardada para não publicação, mas que foi editada pela esposa do escritor e levada aos leitores.
Renato Dering é escritor, mestrando em Letras (Estudos Literários) pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), sendo graduado também em Letras pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Realizou estágio como roteirista na TV UFG e em seu Trabalho de Conclusão de Curso, desenvolveu pesquisa acerca da contística brasileira e roteirização fílmica. Atualmente também pesquisa a Literatura e Cultura de massa.
Contato: renatodering@gmail.com
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Um comentário
Existe alguma obra que não se baseie no que já existe?
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