O eleitor aprendeu. O político não! [Onofre Ribeiro]
Mesmo
Em Cuiabá, vingaram as duas candidaturas mais visadas.
Perguntaria o leitor: o que fez errarem feio os marqueteiros, os institutos de pesquisa, candidatos e cabos eleitorais? Só tem uma explicação, além do já tradicional e conhecido desgaste da política: dificuldade de comunicação com a sociedade! Esses agentes citados, já não sabem mais falar com a sociedade nova que emerge no Brasil. Quem é ela? Ela é a geração pós-internet, pós-celular, pós-computador, pós-redes sociais, pós-ascensão social. Dos 368 mil eleitores de Cuiabá, se seguirmos o cálculo de que hoje 54% da população são compostos por pessoas da recente Classe C, que ganham entre R$ 1.164 e 4.591( segundo a Fundação Getúlio Vargas), o eleitorado da capital seria de 298 mil da Classe C.
Mais da metade da Classe C, pela primeira vez, votou nesta eleição para prefeito, preocupado com a vivência em sua rua, bairro, cidade. É gente com profundas aspirações de futuro, que recém saiu do anonimato e da pobreza das classes D e E. Gente profundamente ambiciosa e preocupada com o seu futuro pessoal e familiar. Gente solidária, gente de bairro mais modesto que pensa longe e jamais imaginaria regredir.
E o que foi que os candidatos, orientados por marqueteiros desavisados e pesquisados por institutos autoritários com velhas técnicas lhes ofereceram na direção do futuro? Nada. Só o velho discurso do “eu prometo”.
A essência da eleição está se resumindo numa coisa fundamental: a linguagem usada para falar com essa sociedade plugada nas redes sociais e na comunicação digital. Embora ela não seja uniforme, a comunicação se dá em rede, porque sempre haverá alguém informado comunicando posições desse desconhecido inconsciente coletivo.
Não vimos isso na eleição do primeiro turno. Eleitor não quer obra apenas. Quer visibilidade como gente. Só isso! O segundo turno oferece essa chance aos candidatos, para que tenham legitimidade de conversar com a sociedade futuramente, se eleitos!
onofreribeiro@terra.com.br
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