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O eleitor aprendeu. O político não! [Onofre Ribeiro]

O eleitor aprendeu. O político não!

O eleitor deu uma surra nos candidatos, nos institutos de pesquisa, nos marqueteiros e nos cabos eleitorais nas eleições municipais de 2012. 
Mesmo em Mato Grosso, onde o eleitor é mais acomodado, seguiu-se a tendência nacional. 
Em Cuiabá, vingaram as duas candidaturas mais visadas.  
Em Várzea Grande o eleitor quebrou o paradigma e, inesperadamente, elegeu alguém fora do círculo tradicional.



Mas gostei imensamente da renovação na Câmara de Vereadores de Cuiabá: 72%. Nunca antes na Câmara houve tanta renovação. Depois de farras das gestões e de uma sucessão interminável de falcatruas e de escândalos, silenciosamente, o eleitor deu um troco infalível: mandou a galera pra casa! Houve uma ou duas reeleições de “pés sujos”, mas eles sabem que estão com a cabeça na guilhotina.
Perguntaria o leitor: o que fez errarem feio os marqueteiros, os institutos de pesquisa, candidatos e cabos eleitorais? Só tem uma explicação, além do já tradicional e conhecido desgaste da política: dificuldade de comunicação com a sociedade! Esses agentes citados, já não sabem mais falar com a sociedade nova que emerge no Brasil. Quem é ela? Ela é a geração pós-internet, pós-celular, pós-computador, pós-redes sociais, pós-ascensão social. Dos 368 mil eleitores de Cuiabá, se seguirmos o cálculo de que hoje 54% da população são compostos por pessoas da recente Classe C, que ganham entre R$ 1.164 e 4.591( segundo a Fundação Getúlio Vargas), o eleitorado da capital seria de 298 mil da Classe C.
Mais da metade da Classe C, pela primeira vez, votou nesta eleição para prefeito, preocupado com a vivência em sua rua, bairro, cidade. É gente com profundas aspirações de futuro, que recém saiu do anonimato e da pobreza das classes D e E. Gente profundamente ambiciosa e preocupada com o seu futuro pessoal e familiar. Gente solidária, gente de bairro mais modesto que pensa longe e jamais imaginaria regredir.
E o que foi que os candidatos, orientados por marqueteiros desavisados e pesquisados por institutos autoritários com velhas técnicas lhes ofereceram na direção do futuro? Nada. Só o velho discurso do “eu prometo”.
A essência da eleição está se resumindo numa coisa fundamental: a linguagem usada para falar com essa sociedade plugada nas redes sociais e na comunicação digital. Embora ela não seja uniforme, a comunicação se dá em rede, porque sempre haverá alguém informado comunicando posições desse desconhecido inconsciente coletivo.
Não vimos isso na eleição do primeiro turno. Eleitor não quer obra apenas. Quer visibilidade como gente. Só isso! O segundo turno oferece essa chance aos candidatos, para que tenham legitimidade de conversar com a sociedade futuramente, se eleitos!

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@terra.com.br

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