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Heleno de Paula [Compositor e Poeta Brasileiro]

Heleno de Paula tem 31 anos, natural do Rio de Janeiro. 

Comecei a escrever poesias aos 11 anos de idade como uma mera brincadeira, na verdade todas ganharam melodias e viraram sambas, que na época até me fizeram conquistar alguns troféus defendendo a Escola Municipal Cândido Campos, onde eu cursava o antigo ginásio. Com a ajuda dos amigos formamos um grupo e disputamos uns dois ou três concursos de música idealizados pelo MEC.
 
O tempo passou, alguns amigos passaram e as poesias voaram. 
Aos 15 ou 16 anos, já cursando o 2º Grau na Escola Técnica Estadual Visconde de Mauá, surgiram novas parcerias e mais algumas músicas, mas dessa vez não passaram de bons encontros nos intervalos para cantarolar nossos sambinhas. 
Em 2009 depois de ficar quase 12 anos sem escrever nada, recebi a visita do meu amigo de fé, irmão, camarada que me acompanha desde a época do ginásio, Giovanni Batista, hoje conhecido como Gi Ferreira, dizendo que queria fazer uma música para homenagear outro amigo como um inusitado presente de aniversário, na mesma noite saiu o tal samba para o amigo e mais outro, depois daí não parei mais, em 2010 entre 849 sambas o nosso foi um dos dez finalistas no concurso de samba de quadra patrocinado pela Light. Não levamos o troféu, mas tivemos a satisfação de disputarmos com os nossos ídolos Monarco e Noca da Portela, Mauro Diniz, Marquinhos Sathan e grandes outros. Em Novembro de 2011 criei meu blog e desde então tenho me dedicado mais as poesias do que as canções. Este ano criei minha conta no Facebook com o intuito de divulgar minha obra e conhecer novos poetas, o que tem sido agradabilíssimo.  





Arpoador

Incansável é admirar-te Arpoador,
Benditas são as águas claras que te banham,
Bendito o sol e a lua que sempre te acompanham,
Bendito é o sorriso do solitário pescador.

O horizonte visto de tuas pedras é incomum.
Tua brisa a quem refresca, sensibiliza.
Teu show à parte é o pôr-do-sol que hipnotiza,
E a lua cheia desperta amores, um a um.

Perco-me no tempo à beira-mar,
O pensamento mergulha junto às ondas,
E os versos voam como grãos de areia.

O vento é poesia a se declamar.
No meu silêncio respiro, ouço as conchas,
Entrego-me ao teu encanto de sereia.





Me diz o que fazer?

Vai...
Me diz o que fazer?
É... Você mesma!
Me diz o que fazer pra te esquecer?
Você que hoje é sinônimo de saudade,
Ou também chamado amor de verdade.
Vai...
Me diz o que fazer pra te esquecer?
Custe o que custar,
Doa o que doer,
Não hesite em me dizer.
Me diz o que fazer pra te esquecer?
O que devo fazer se ao cerrar meus olhos ainda a vejo?
E se adormeço...
Em sonhos te sinto e desejo.
O sol me desperta, mas não sabe mais o que fazer.
Amanheço, mas não faço acontecer.
A brisa que me beija, tem até teu toque de querer,
Mas infelizmente não é você e nada poderá me dizer.
Vai...
Então me diz de uma vez...
O que devo fazer pra te esquecer?
O que devo fazer se agora as flores tem o mesmo perfume que você?
Um olor envolvente, provocante de pura sensualidade,
Essência que só há em você.
Uma mistura de lichias vermelhas,
Marmelos dourados,
Kiwis exóticos com um toque caramelado,
A delicadeza das orquídeas e dos jasmins,
O doce chocolate branco,
A magia do almíscar,
A perene raiz de íris,
Por fim, a sutileza amadeirada do prazer.
Vai...
Me diz o que fazer pra te esquecer?
O que posso fazer se o passado agora é chamado lembrança?
Os bens conquistados me trouxeram bonança,
Mas os planos não foram realizados, já não são esperanças,
E de volta ao futuro já não tenho você.
Creio que assim ficou mais fácil compreender,
O porquê de não conseguir te esquecer!
Porque o amor ainda vive em mim,
E o meu pensamento ainda vive você.
E ainda assim eu pergunto a você:
Vai...
Me diz...
O que devo fazer pra te esquecer?





Sem viés

Mal e entediado,
Tenho acordado cansado dos sonhos sonhados,
Das coisas reais,
Das esperanças carnais.
A mente pesada já pensou bem mais.
Está depressiva, escura.
Breu no quarto, no pensamento e na alma.
Frio, calafrios e uísque sem gelo.
Acendo um cigarro que entorpece minha demência passional.
Sentado à janela no meu calabouço quarto,
Relaxo na típica pose de loucura.
Estufo o peito, respiro fundo,
Esboço uma possível tentativa de erguer-me,
O corpo me trai, tombo e resmungo.
Ouviu o galo cantar pela terceira vez Pai?
Lágrimas, há culpa e devaneios.
A solidão desconhecida excitou-me a provar o fel
Fraco, opaco na vida esmoreci no meu leito,
Entre penas, tintas e papéis.
Vis ferramentas,
Transmutaram minha trajetória em meras poesias incompreendidas,
Versos de atitudes sem viés.




Anjo caído

Deleita- se entre as pétalas da promiscuidade
Do teu corpo é exsudado o bálsamo do prazer
Tua essência é chamada de luxúria
Passando em mãos, tem malícia sem incúria,
Tua nudez é o frasco ímpar do querer
Excita homens e mulheres por ensejo,
A natureza que fecunda teus desejos
É só carnal, sem sentimento, sem sofrer.
Teu aroma é volátil em cada cama
Íncubo ou súcubo, não importa como se chama,
O teu nome é indiferente de saber.
Anjo caído, por pecados e infâmias,
Manchou minh’alma de libido ao me ter.






Moléstia

Meu pensamento por ti vagando
Só não sei até quando suportarei essa moléstia
Meu peito sangra,
A alma o sente incendiando
O coração atormentado cai sobre a terra.
Terra ou realidade tanto faz
Eu colherei a podre dor da tua guerra
Tua semente que um dia germinou paz
Poluiu-se da vaidade e hoje jaz.
O puro amor, fruto primor se dilacera.




Pequeno boiadeiro

Encurralado pelo destino
Já tive medo das coisas da vida,
Das incertezas, da Caatinga,
Dos absurdos e dos males envoltórios.
Eu, apenas criança, um pequeno boiadeiro,
Burlado pela responsabilidade do trabalho
Precocemente padeço dia a dia
Pele e osso, alma com sede,
Clamo em desespero:
Cede minha Nossa Senhora aos apelos que faço.
Ave Maria!
Abolido das brincadeiras,
Mesmo sem querer ter sido liberto,
Finco aqui minha bandeira
Iletrado sim, não disperso.
Judiações...
Calos nos pés, nas mãos e suor nos olhos.
Ah! Esse sim, esse me faz chorar.
E como arde!
Arde o sol, o solo seco e a minha infância.
E assim as coisas passam...
Rogo sempre: Há que passar!
Sonho com as trombetas dos anjos
Acordo ao som do berrante,
Antes mesmo de a aurora apontar.
Levanto. Canto e lamento...
Ê boi, ê boi, ê dor... Que ironia!
Minha sina de tristeza foi marcada
Feito o gado por ferro em brasas
Eu berrava e ele gemia.



Alma poeta

Leia-se amor
Inspire-se em sentimentos
Plausível é viver no bom humor
Sorrir pra remediar qualquer desalento
Apascentar o coração dia a dia
É se conhecer, é buscar-se intimamente,
Só pode achar-se um vencedor
Quem na vida doar-se
For complacente
Seja afeto
Eterno feto em desenvolvimento
Pequeno aos olhos de Deus
E que seja ínfimo até
Quanto menor mostrar-se, maior será a tua glória,
Humildade suplantando as vicissitudes
Uma alma poeta completando um pequeno capítulo de sua história.




Lapa em silêncio

Lapa em silêncio
O sol te adormeceu
Secou tuas lágrimas de sereno
Tua maquiagem já manchada,
Pelos arcos escorreu.

Desgastados pela loucura
Entorpecidos pelas drogas
Tua humanidade é carne crua,
Tua alma nua é ainda inóspita.

Insanos em cada esquina
Arrebatados pela madrugada
As vidas se perdem numa partida
Os destinos regressam uma jogada.

Por te amar corro esses riscos
Defendo-te prenda minha, a boêmia apaixonada,
Quebro as grades do preconceito
Liberto-te nas canções e nas poesias,
Nos pensamentos e nas noites enluaradas.


Idílio poema

Tão verdes são as minhas lembranças
Marcaram-me, como essas pegadas na terra,
Vejo dançar os capins das impávidas montanhas
O aroma me alcança e meu sorriso desperta.

Fecho os olhos e respiro profundamente,
O ar me adentra, oxigena a pureza em abundância,
Inspiro o idílio poema suavemente
Suspiro com os tons de aquarela da infância.

Caminho livre por teus vales
Voo e navego em tuas belezas
Teu corpo banhado por mares
Teu colo colina o meu apogeu... Minha fortaleza.




Fado

Quando ouvem um triste fado,
Sei que Alfama canta e chora,
Chora em versos o Bairro Alto
E Mandragoa porque eu fui embora.

Enxuguei as lembranças de Lisboa,
No meu rascunho de poesia.
E num alpendre a Cotovia,
Despediu-se com um canto que até hoje ecoa.

Sei que a minha vida é nostalgia,
E se não fosse eu Mouraria.
Porque a saudade me namora.

De porto em porto sei que um dia...
Aportarei em teus braços. Oh, pátria minha!
Um filho teu estará de volta.





Fonte:

Heleno de Paula
Todos os  direitos autorais reservados ao autor.

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