O tempo não para
Ah, o tempo… Ele já inspirou poemas, músicas, um post aqui no blog, e até o Hélio (sabíamos que vocês estavam com saudade dele!). Confira o que ele tem a dizer sobre o tempo, ou melhor, sobre o fim dos tempos.
Os Maias sempre exerceram um grande fascínio sobre historiadores, cientistas, pesquisadores e sobre pessoas com inclinações místicas. E não é pra menos. Uma civilização que surgiu pelo nosso planeta por volta do ano 1000 a.C. e em 1521 foi praticamente dizimada pelas tropas do espanhol Hernán Cortez. Os Maias marcaram presença no México e em países da América Central, como Guatemala e Honduras, deixando construções arquitetônicas impressionantes, dando prova de seus conhecimentos matemáticos e de engenharia.
Desenvolveram uma linguagem escrita, fato inédito para a época, e um profundo conhecimento astronômico. A partir da observação dos astros celestes, os Maias conseguiam ter uma precisa noção do tempo, controlando assim os períodos de plantio e coleta da sua agricultura.
A partir de escavações em sítios arqueológicos, estudiosos se debruçam sobre os calendários Maias, tentando decifrar o significado de seus códigos. E, a partir da interpretação destes calendários, chegou-se à conclusão de que os Maias previram o fim do mundo em 21 de dezembro deste ano.
Sempre desconfiei desta previsão, que gerou uma grande excitação entre os apocalípticos e proporcionou diversas produções hollywoodianas. Minha teoria – sem nenhuma base científica – era de que os Maias não definiram um dia para o fim do mundo.
Eles simplesmente pararam de registrar os dias futuros numa data bem distante da que viviam pela mais absoluta falta de saco. Para que serviria continuar escrevendo ou pintando nas paredes um tempo que jamais conheceriam? Por que não deixar esta tarefa pro pessoal que viesse depois?
Recentemente, novas descobertas provaram que os alarmistas estavam errados. Não que os cientistas concordassem comigo! Na verdade, os Maias nunca se referiram a um ponto final dos tempos. Para eles os acontecimentos são cíclicos. Após um período, muitas vezes bem longo, os eventos voltam a se repetir.
Segundo cálculos científicos, 21 de dezembro de 2012 seria o fim de uma era e não o fim da Humanidade. Para reforçar esta tese, recentes escavações no sítio arqueológico de Xultún, na Guatemala, revelaram tabelas astronômicas que avançam 7 mil anos no futuro. Um mural do século I a.C. mostra que, segundo os Maias, muita água ainda vai rolar no nosso planeta.
Portanto, se você estava pensando que este ano ia se livrar das compras de Natal pode começar a economizar. Aqueles que já estavam pensando em mandar o chefe praquele lugar, em largar a família e perambular sem rumo pelo mundo sem se preocupar com as contas a pagar, é melhor refazer os planos. Porque o dia 22 de dezembro vai chegar, assim como o dia 23, a ceia de Natal e o réveillon de 2013, de 2014, de 5012…
Se o Brasil contava com o fim do mundo pra não precisar concluir as obras para a Copa do Mundo, se deu mal. Pode tratar de correr com o cronograma e xingar os profetas do apocalipse. Os Maias não têm nada a ver com esta história.
Helio de La Pena-Um dos integrantes do grupo Casseta & Planeta. Ator, autor, roteirista e compositor - criou, junto com Arlindo Cruz e Mu Chebabi, o Samba da Globalização que desde 2008 lança a nova programação da Tv Globo.
Blogueiro, tuiteiro e escritor. Lançou três livros - um guia de anti-ajuda para os pais, "O Livro do Papai"; um romance de humor, "Vai na Bola Glanderson!"; e o infantil alvinegro "Meu Pequeno Botafoguense". Carioca, casado, pai de 3 filhos, formado em engenharia de produção. Gosta de samba, de feijoada, de nadar longas distâncias no mar e não abre mão da sagrada peladinha às sextas-feiras. Só tem uma superstição: torcer pelo Botafogo
2 comentários
Bem, que me desculpem os fãs de humor e do Casseta e Planeta, mas não curto muito este Programa. Talvez por não curtir mesmo TV ou pelo fato de que não gosto da exploração que estes programas fazem com diversas figuras e o linguajar pouco convencional. Mas confesso que nas poucas vezes que vi o Helio de la Peña na TV e, por qualquer imposição social me vi obrigada a assistir, gostei de alguma coisa dele, como humorista.
Quando ele escreveu o livro para os pais, eu até ri, pois soube, por resenhas, que era um título de anti-ajuda, mas não me enteressei em ler.
Só que agora, lendo este texto delicioso, que passeia pela História - que é um tema que me seduz - e que adentra o bom humor da crítica social, fico admirada com esta pessoa.
Muito bom mesmo. Falar sobre a loucura de todos que acreditam que o mundo vai acabar, levando em consideração os conhecimentos dos maias e a lógica de que eles pararam de medir os tempos e não profetizaram uma finalização deste.
Claro que desconfiei desta previsão também e fiz muitas brincadeiras com o medo de alguns amigos.
Assim como ri, quando a Televisão propagou que o mundo acabaria no ano 2 mil, quando o povo confundia-se com a profecia de Nostradamus - N(ó)serramus - afirmando que era uma profecia Bíblica e dando até outras origens as palavras: "Mil passará, dois mil não chegará". Esta frase, que é atribuída aos tempos medieváis, tornou-se tema de conversas grandiosas das pessoas que se achavam cultas e que acreditavam nisto.
Levando em consideraão que nosso calendário é diferente dos povos antigos, se de fato 2 mil não chegasse, a nossa era não existiria.
Amo este tipo de censura mordaz e ferina que se esconde em pensamentos óbvios, como os dois últimos parágrafos do texto do Hélio.
Esta revista esta de Parabéns, não só pela qualidade dos textos, como também pelos articulistas/colaboradores.
Parabéns...
Já previram o final do mundo umas quatrocentas vezes. Está claro que não existe uma data certa e definida para o fim da humanidade. Se o mundo se acabar, é por que o homem não soube cuidar desse planeta maravilhoso.
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