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The Doors por The Doors [Laila Perdigão]

The Doors por The Doors 

Um dos primeiros trechos do livro “The Doors por The Doors” diz, “Obsecados pela música, pelo místico, magia e maluquices”, eu pensei em varias palavras para iniciar essa resenha, mas não encontrei nada que expressasse “The Doors” tanto quanto essa frase. A banda era, porque não dizer “é”, um dos grandes mistérios do mundo da música, era um quarteto maluco que criou um legado verdadeiro e intenso na história do rock and roll.
De vários livros que já li sobre os “The Doors”, esse livro organizado por Ben Fong-Torres, em especial tem uma didática deliciosa. Por ter a história contada por amigos, familiares, funcionários e membros da banda e vir na espécie de diálogo à leitura é muito simples.
Também diferente da maioria dos livros sobre os Doors, esse não fala exclusivamente de Jim Morrison, o colocando como se fosse toda e única importância na banda, aqui é mostrada a importância de cada membro do grupo para a função geral da qualidade, psicodelia e profunda sensibilidade das músicas. Também são contados ao leitor alguns detalhes das gravações de todos os seis discos, do processo de criação das músicas e dos riffs.



Durante todo o livro o texto é intercalado com fotos sobre a carreira e vida pessoal dos Doors, fotos em preto e branco, artísticas, de acervo pessoal e divulgação da gravadora. Essa didática suaviza a sequência de leitura, e aproxima o leitor do assunto abordado em cada capítulo.
The Doors tinha um som diferente de todas as outras bandas de sua época. Eles “relaxavam e abraçavam o psicodelismo”. Cada um dos quatro integrantes, com suas personalidades diferentes tem responsabilidade na formação desse legado. 
Jim com um QI de 149, não tinha a técnica vocal de Sinatra, mas era um showman. Robby Krieger um guitarrista habilidoso que tocava flamenco, ragas indianas, folk, blues e rock, uniu toda sua diversidade musical para criar cada melodia revolucionária. Ray Manzaret um tecladista habilidoso de jazz e blues. John Densmore um baterista de Jazz com destreza insuperável para ritmos xamânicos e precisão teatral, esses eram os temperos que faltavam para abrir “a porta da percepção” dos fãs.

O livro mostra a ascensão da banda que veio quando conseguiram tocar, como banda de abertura no Whisky a Go Go, um point da época onde todas as boas bandas de rock tinham que passar para chegar aos olhos das gravadoras. Jac Holzman, representante da gravadora ELEKTRA, descobriu a banda em maio de 1966 tocando no Whisky. Os The Doors foram contratados pela ELEKTRA no mesmo ano. Com muitos trechos interessantes, um destaque do texto foi ao contar as histórias das gravações. Durante a gravação do primeiro álbum Paul Rothcild, produtor do disco, chegou a dizer que a gravação de “The End” era um dos momentos mais importantes da história da gravação do rock n’ roll. “O que está no álbum é exatamente a forma como os Doors queriam que você ouvisse ‘The End”, disse Paul.

As rádios não viam com bons olhos o CD “The Doors”, e dificultou a entrada da banda na “cultura de massa” da época, assim os integrantes começaram a ligar para pedir suas músicas, quando não funcionou Paul Rothchild iniciou uma edição cortando solos e transformando as músicas poéticas em músicas comerciais. A banda começou a ter veiculação em rádios underground no inicio de 1967, rádios estas que proliferaram naquela época no país. No outono de 1968, Doors partiu para conquistar a Europa.

Em algumas partes o autor e membros da banda falam sobre a provável bissexualidade de Jim Morrison. Comentam que haviam homens e mulheres em sua vida, mas depois da diversão ele sempre voltava para sua fortaleza, seu porto seguro, sua alma gêmea Pam Courson. Depois da gravação de “LA Woman”, Jim partiu para Paris com Pam e parecia não estar bem.

A morte de Jim Morrison tem importância crucial ao livro, que conta com alguns poucos detalhes como foi absorvida a notícia que chegou como uma bomba aos fãs, muito discreto, seu empresário, Bill Siddons só lançou uma nota nos Estados Unidos dia 9 de julho, (sua morte foi dia 3 de julho de 1971) dizendo que foi uma cerimônia simples para poucos e íntimos amigos. Sua morte é um dos maiores mistérios do rock n’ roll, foram muitos livros dedicados a explicar a causa da sua morte, ninguém engoliu a versão original de ataque cardíaco aos 27 anos (sem histórico médico), e sem autopsia. Jim foi enterrado em Paris no cemitério Père Lachaise, lugar onde repousa grandes nomes da literatura do último século.

Os remanescentes dos The Doors, John, Ray e Robby gravaram mais dois discos depois da morte de Jim, “Other Voices” e “Feel Circle”, discos que receberam boas críticas, mas em 1973 em uma viagem a Londres a banda chegou a fim definitivo. Em 1977, os integrantes dos Doors começaram a gravar um novo álbum com as gravações que Morrison havia feito de suas poesias, o álbum foi lançado com o nome “An American Prayer”. O lançamento do álbum foi em 1978 e foi à primeira indicação dos The Doors ao Grammy. Robby se referiu a Jim: “De certa forma, ele estará aqui para sempre. Ele sobreviverá a todos nós”, e a fã que tem em mim acredita nisso, Jim e os Doors sobreviverão a todos, pois a poesia é eterna.

O período de existência dos Doors foi uma época onde as pessoas acreditavam na música, que seus artistas não eram celebridades e sim líderes que usavam suas músicas e poesias para falar com sua geração e é aí que residia sua importância. Em “The Doors por The Doors”, fica notória essa influência do quarteto sobre a juventude dos anos 60, que viviam sobre a opressão de sua liberdade de expressão e a tristeza da guerra do Vietnã. 

Em 1967 uma banda de Los Angeles conseguiu fazer discos revolucionários, com canções de letras puras, reais poemas cantados.  Doors não precisou das atuais gravações digitais para criar hinos mundiais de libertação da mente juvenil, talvez muitas mudanças comportamentais hoje em dia, tem uma pitada de Jim, Ray, Robby e John.
Outros trechos do livro:










Laila Perdigão. Jornalista (registro 0015582MG), apaixonada por música e colaboradora do blog Universo dos Leitores  e colunista da Revista Biografia

Um comentário

Anônimo disse...

As fotografias me interessam muito!