Machado de Assis é o escritor brasileiro mais estudado; saiba quais são os outros!
por Cecilia Garcia
Se tem uma coisa que o Brasil tem de monte são os escritores talentosos. Com direto a poetas, contistas, dramaturgos e romancistas, somos privilegiados e podemos ler de Gregório de Mattos a Guimarães Rosa, tudo em nossa língua materna.
No entanto, fica aquela curiosidade latente: quem deles é o mais estudado, isto é, quem chama a atenção academicamente ou no ensino e não só como leitura por prazer? E é aí que temos o trabalho da doutoranda Laetícia Jensen Eble, da UnB. Ela pesquisou na plataforma Lattes, que tem os currículos dos pesquisadores do Brasil, os escritores nacionais mais citados – são 2.176 registros de doutores, que foram o segmento selecionado para a pesquisa.
De acordo com a pesquisa, Machado de Assis lidera com 122 citações (mas também, quem não ama? Tem alguém? Como não amar? Sou suspeita, eu o cito sempre nas aulas e releio de vez em quando).
O Top 5 fica com Guimarães Rosa (100 citações), logo depois de Machado; Clarice Lispector (63 citações), Graciliano Ramos (54 citações) e Mário de Andrade (44 citações). Mas para ter uma ideia do que é aquela variedade que eu comentei no início, a lista total foi de 477 autores diferentes estudados por doutores no Brasil.
Outro ponto interessante, por exemplo, é saber quais desses autores ainda estão vivos: Milton Hatoum é seguido de perto por Rubem Fonseca, 22 e 20 citações, respectivamente. Logo abaixo, o poeta Manoel de Barros e o compositor e escritor Chico Buarque, 18 e 13.
A publicação ainda dá conta de quais autores brasileiros são os mais pesquisados no exterior. Neste caso, o trabalho ficou a cargo do professor João Cezar de Castro Rocha, da UERJ. Ele analisou 224 pesquisadores estrangeiros.
Machado é o único que mantém sua posição no top 5, com 135 menções. Clarice alternou com Guimarães Rosa, sendo a segunda colocada com 117 citações. Rosa, 102.
Um fato interessante é a aparição do popular Jorge Amado na quarta colocação, visto que no Brasil ele é apenas o décimo nono colocado. Sobre essa grande diferença, Castro salientou:
“Isso ocorre porque, nos anos 1940 e 1950, Jorge Amado foi fundamental para a difusão da literatura brasileira no mundo. Mesmo que aqui no Brasil não seja mais tão estudado hoje, permanece como um símbolo da literatura brasileira no exterior”
E ainda completou sobre a pesquisa de autores consagrados x autores contemporâneos.
“Para o pesquisador que se encontra fora do Brasil, a atualização é um valor em si. Já para os pesquisadores daqui, dedicar-se aos cânones é uma forma mais segura para conseguir fundos de pesquisas”.
Definitivamente, Machado é o maior expoente literário brasileiro. Ser ou não ser o melhor é questão de opinião que vai de cada leitor, porém, mais importante, aparentemente, não há dúvida.
Cecilia Garcia Formada em Linguística e Letras pela UNICAMP, estuda adaptações de livros para o cinema - o que é apenas uma para poder ler livros e ir ao cinema, vinculando um vício ao outro. Professora de Ensino Fundamental, ama o ofício porque é viciada em adrenalina.
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