REALMENTE
EU TÔ PASSADO!
Tem gente que é muito diferente da gente! A gente se preocupa, comparece, participa, ouve, fala, sente a mesma dor, vibra na mesma sintonia, liga, passa mensagem por e-mail ou celular e o escambau. Independente das faces untadas de sorriso ou das bolsas dos olhos inundadas de lágrimas. Pena que a gente não envia mais carta escrita pelo próprio punho das emoções e sentimentos. Boa época aquela em que dedicávamos um bom tempo a mandar notícias, a descrever preocupações e saudades, certezas e incertezas.
Dizem que somos semelhantes uns aos outros! Só se for na aparência (e olha lá!). A gente sabe da luz das alegrias refletida nos lábios do irmão, da escuridão da tristeza ofuscando o brilho do olhar amigo. A gente sabe das pedras no sapato e das plumas acarinhando a pele. Das quedas quase abissais e das sacudidelas de quem realmente a gente gosta. Torce e ajuda a se levantar. Sabe das mãos tirando o pó do traseiro vitimado pelo tombo inesperado. Da força das pernas reerguidas e dos passos revitalizados tentando seguir em frente, e conseguindo. E fica feliz por ter contribuído com a retomada dessa busca por novos horizontes de felicidade.
A gente sabe também (ô se sabe) daquele que, indo de bem a cada vez melhor, toma o chá de sumiço, ancorando-se em portos longínquos com medo de ser levado pelas procelas alheias. Abandona a nossa praia (que um dia invadiu e foi tranquilizado pelas nossas areias) por achar que o nosso problema é tubarão prestes a engolir a sua paz, o seu sucesso.
É! Tem gente que é assim: desaparece das nossas vidas. E, de repente, quando a água bate na bunda, a vida dá um pé no traseiro e o egoísmo leva um murro na boca do estômago, aí, sim, ressurge lá do fundo do baú dos esquecimentos, como se nada tivesse acontecido, como se o passado que vivemos não tivesse passado, como se ainda fosse um presente latente. Como diz certo colunista social: eu tô passado!
06.07.13 - Jornal O Liberal - Americana - SP
Geraldo Trombin, publicitário, é colunista do blog ContemporArtes e colaborador do jornal “O Liberal”, de Americana/SP.Lançou em 1981 “Transparecer a Escuridão”, produção independente de poesias e crônicas, e em 2010 “Só Concursados - diVersos poemas, crônicas e contos premiados”.Tem classificações em
inúmeros concursos literários realizados em várias partes do país e
também em Portugal, além de trabalhos publicados em jornal e diversas
antologias.
Um comentário
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