Reflexões sobre a Flip [Romulo Nétto]
Há um descaso proposital para com autores que não estejam vinculados ao eixo cultural Rio-São Paulo, o tão decantado Sul Maravilha. Abram os olhos, deixem a ignorância de lado, consultem os editores de Santa Catarina, do Amapá, de Roraima, do Acre, do Maranhão, de Mato Grosso e dos outros estados, certamente encontrarão literatura de altíssima qualidade.
A FLIP não pode e nem deve ter dono. Já se tornou uma instituição nacional. Então é chegado o momento de abrir-se e convidar escritores que não são publicados pelas grandes editoras, as quais na verdade impõem seus autores, escravizando uma Feira que tem tudo para crescer ainda mais.
Não sou contra o convite aos escritores estrangeiros, pelo contrário eles são bem-vindos, afinal a literatura não tem pátria, ela é universal. Porém ficarei imensamente feliz se no amanhã eu me deparar com um autor de Ji-Paraná, de São Luís ou mesmo de Cuiabá, participando de debates, conversando com a criançada, lançando seus livros. Impossível? Sim! É apenas um sonho, pois os donos da Feira jamais permitirão que anônimos escritores tenham seu lugar ao sol.
Talvez um dia as redes sociais acordem e venham em socorro dos batalhadores da literatura que são prazerosamente desconhecidos pelos editores e gestores das maiores feiras literárias do País. Há de chegar o momento em que nosso grito de alerta será ouvido, contra todo o desprezo e descaso que fazem com nossa produção literária. Vamos dar um basta no maléfico monopólio que o Sul Maravilha nos impõe.
Não sairemos às ruas, usaremos as redes sociais, replicaremos como nossa a angús-tia de milhares de escritores que se sentem frustrados por não terem a oportunidade do reconhecimento literário.
Sonho que um dia internautas corajosos desencadearão a revolução que mudará a face literária do Brasil. É preciso coragem para admitir o domínio imposto pelos donos do mercado livreiro, mas também é preciso coragem para não esmorecer e lutar contra o absurdo monopólio que editoras e feiras exercem no mundo da literatura nacional.
Que a próxima edição da FLIP venha recheada de “caras novas”, dos cafundós dos sertões, do agreste e das florestas. Aqui também se faz boa literatura!
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