Escolhas
Para Dante Scola e
Alessandra Ferreira
Faço minhas escolhas todos
os dias. (In)felizmente vai além do vestido e do sapato e da bolsa. Vai além da
fragrância do perfume e da cor do batom.
São escolhas dessas que
nos acompanham pelo resto da vida. Que trazem consigo a dúvida das outras
tantas possibilidades do que poderia ter sido, mas eu as aceito.
Aceito as minhas escolhas
e toda a carga que elas me trazem. Aceito beber das poucas gotas do mel que
escorre do canto de seus lábios. Aceito fechar os olhos e me imaginar
sorvendo-o direto da fonte. Aceito sem reclamar as migalhas que me sobram, não
porque me contento com pouco, mas porque até os cães que se alimentam das
migalhas de seus senhores lhes são fieis. E eu, pelas escolhas que fiz, pelas
escolhas que faço, escolhi ser fiel, muito mais ao medo do que à coragem,
confesso, mas escolhi. E carrego o peso dessa escolha todos os dias. E acho o
fardo leve. Principalmente quando ele se reflete no seu riso tão branco, tão
limpo, tão sincero, tão próximo e tão meu, mesmo não o sendo tanto quanto eu
gostaria.
Eu não posso escolher ser
imune aos sofrimentos, ninguém pode. Mas que esses sofrimentos me sejam doces é
um esforço que preciso fazer tão certo como respirar. Que o espinho que me
crava a alma seja, pelo menos, banhado em sândalo.
Eu aceito as escolhas e
todos os seus doridos frutos. Eu aceito as minhas escolhas e toda sorte de
marcas que ela vai me deixar e as exibo com certo orgulho, já que refletem a
minha força em seguir adiante. Trago na pele as letras de cada escolha que fiz
como se eu mesma fosse uma folha de papel em branco e as letras que me cobrem
são escritas pelas minhas próprias mãos, por minha própria vontade, porque fiz
delas minhas criaturas. Criei cada vírgula do texto que me recobre a pele. Eu
sou as minhas escolhas, assim como as minhas escolhas são partes inexoráveis de
minha própria carne.
Dy Eiterer. Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora, escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu, seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando
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