Entrevista
exclusiva – Thierry Figueira
Entrevista publicada Cabine Cultural
“Se você tem base, princípios, então você não perde a solidez,
até porque o sucesso é nuvem…” (T.F.)
Por Elenilson Nascimento
Graças ao contato a sua linda e educadíssima mãe, Dina Mark Isserlin, via
Facebook, que cheguei nesse talentoso e igualmente educado ator Thierry Figueira. E
é só mencionar o seu nome para que a imagem de um rapaz bonito, “pegador”
e frequentador assíduo de micaretas e do Carnaval de Salvador venha à
lembrança. Mas, se não foi exagero meu, nessa entrevista ele demonstrou ser um
pouco diferente disso. Depois de muito sucesso e de ter chamado a atenção
do público com o personagem gay, Patrick, na novela “Balacobaco” – “Interpretar
um homossexual em uma comédia rasgada é realmente diferente de tudo o que eu já
fiz na minha vida. E, para mim, como para qualquer ator, viver um personagem
fora do seu perfil é uma grande oportunidade de mostrar versatilidade” –, e
também nas gravações da minissérie “Rei Davi”, em que viveu o mau-caráter
Ziba (*quase irreconhecível), ambas exibidas pela Record, ator também
comanda a empresa de marketing e eventos Zero Três.
E, pensam que ele pára por
aí?
Além de muito simpático, o rapaz é maratonista (*se
prepara para correr uma das mais belas maratonas do mundo, a da África do Sul).
Mas na última trama vivida na Record, sobre a sua personagem Ziba, ele
disse que foi um cara da pior espécie: “O caso é que esse personagem é muito rico.
É dúbio. Falso. Ele é versátil com suas vilanices, suas maldades. Um personagem
bem diferente de tudo que eu já fiz. É um personagem traíra, interesseiro”,
explicou. E quanto à inspiração para tudo isso, o ator garantiu que olhar para
os nossos políticos é um bom caminho.
Aos 35 anos, porém, o ator parece está disposto a acabar
com esse estigma e com a imagem do eterno garotão “solteiro no Rio de Janeiro”.
“Olha sinceramente me acho um cara normal. E quanto ao assédio creio que
é porque sou conhecido, mas também não é nada de anormal. Recebo muito carinho
e não dá pra retribuir com grosseria né?”, disse. Nessa entrevista ele também
falou que a fama não o incomoda, de uma famosa que ele se arrepende de ter
namorado (quem seria?), do assédio e disse que seu foco, neste momento, está
voltado para a profissão que abraçou quando tinha 14 anos. “Estou em busca de
um bom personagem na tevê para me ajudar a dar essa guinada”, diz ele.
Elenilson – Como foi o começo
de tudo?
Thierry Figueira – Foi há muito tempo (risos). Eu fazia teatro e morava no
Jardim Botânico. Me viram e me convidaram para um teste. Primeiro foi o elenco
de apoio da novela “A Viagem” e depois vivendo o Pedro de “Cara e Coroa” (ambas
da Rede Globo), quando realmente fiz uma das principais personagens. E lá se
vão quase 18 anos.
Elenilson – Qual a diferença de
ter saído da Globo e ter ido para a Record?
Thierry Figueira – Sinceramente pra mim nenhuma diferença… Talvez o alcance –
por pouco tempo (risos).
Elenilson – Uma das poucas
coisas que ainda valem a pena conferir na Rede Record, são essas minisséries
bíblicas (*tirando as lições de moral que os bispos adoram jogar nessas
obras). Mas entre as gravações de “Rei Davi”, em que você viveu o
mau-caráter Ziba e o comando da sua empresa de marketing e eventos Zero Três,
como foi conciliar trabalhos tão distintos?
Thierry Figueira – Hoje a Zero Três funciona sem a minha presença física.
Trabalhamos muito para que isso fosse possível. Hoje quando estou num processo
de criação sou 100% e estou 100% nessa criação.
Elenilson – E o começo do fim
de certas coisas normais para um cara cheio de fama, grana e cama?
Thierry Figueira – Continuo o mesmo que sempre fui, meus amigos são os mesmo de
SEMPRE e vou aos lugares que sempre fui. A diferença é que vez ou outra apareço
na mídia.
Elenilson – Você é um cara
muito bonito, como você lida com TODOS os tipos de assédios?
Thierry Figueira – Olha sinceramente me acho um cara normal. E quanto ao
assédio creio que é porque sou conhecido, mas também não é nada de anormal.
Recebo muito carinho e não dá pra retribuir com grosseria né?
Elenilson – Qual a importância
dos seus personagens numa emissora tão popular como a Globo?
Thierry Figueira – Todo trabalho é importante. Ou para levar divertimento e
lazer ou para deixar mensagens. Lidamos com gente e mesmo sem perceber formamos
opiniões.
Elenilson – Você já deixou de
ser pedra para virar vidraça?
Thierry Figueira – Acho que sou
mais vidraça (risos).
Elenilson – Qual foi a
personagem mais difícil no processo de criação?
Thierry Figueira – “Zorro” no teatro.
Elenilson – Como é ser ídolo e
desejo sexual de tanta gente louca?
Thierry Figueira – Não me vejo como desejo sexual (risos).
Elenilson – Já ficou com fãs?
Thierry Figueira – Olha comecei muito novo… E pra ficar comigo tem que
gostar do que eu faço né? (risos)
Elenilson – Já se arrependeu de
ter ficado com alguma famosa?
Thierry Figueira – Já! Mas não
vou citar o nome!
Elenilson – Rola muitos
barracos por trás das câmeras por causa de papéis nessas novelas cada vez
mais sem conteúdo?
Thierry Figueira – Olha eu acho que sou um cara de sorte. Nunca vi barracos
onde trabalhei. É claro que como em qualquer grande empresa as opiniões
divergem e isso é normal… Mas nada que não se possa chegar a um meio termo e
sem barracos (risos).
Elenilson – Como manter a
solidez depois de ter participado de um projeto de muito sucesso na TV ou
teatro?
Thierry Figueira – Se você tem base, princípios, então você não perde a
solidez, até porque o sucesso é nuvem…
Elenilson – Qual é o lado ruim
do sucesso?
Thierry Figueira – A falta de
privacidade.
Elenilson – Você já foi
comentarista de Carnaval em Salvador, como foi essa experiência?
Thierry Figueira – Fui apresentador do Carnaval de Salvador, primeiro pela Band
e depois pelo Terra, e nos últimos três anos pelo Youtube. Amo fazer esse
trabalho porque em Salvador me sinto em casa! Amo a gente da Bahia, sua
cultura, sua musicalidade, seu gingado. É um trabalho que dá prazer!
Elenilson – Falta convivência,
coerência e atitude dos artistas para que as coisas aconteçam de verdade no
Brasil e projetos bons se tornarem mais fortes?
Thierry Figueira – Projetos bons existem, atitudes também. , mas o que falta é
vontade política.
Elenilson – Muitos artistas,
jornalistas e supostos formadores de opinião não querem falar sobre política
nem da vida medíocre que vivemos nesse país de assistencialismo da Dilma. Você,
aparentemente, parece ter mais opinião do que os muitos “arroz de festa de
camisa” que infestam as redações das emissoras de TVs ou na Dança dos Famosos.
Comenta.
Thierry Figueira – Não gosto de aparecer por aparecer. Hoje prezo todas as
horas do meu dia.
Elenilson – Você acha que vale
a pena se submeter a tudo para ser visto? Até mesmo posar com sandálias
Havaianas para ter uma notinha nesses jornalecos cada vez mais medíocres?
Thierry Figueira – Só vale a pena
aquilo que te faz bem (risos). Se você perceber sou um cara que pouco saio em
notinhas.
Elenilson – A atuação de José
Wilker como o coronel Jesuíno Mendonça, no remake fraquinho de “Gabriela”
(Globo), o transformou em ícone pop. Montagens com o bordão “se prepara que
hoje eu vou lhe usar” invadiram as redes sociais. Você acha que para um ator
fazer sucesso tem que cair nas graças dos desocupados nas redes sociais ou você
se contenta com um salário delicioso para viver um personagem
patético em alguma produção tipo “Malhação”, da Globo?
Thierry Figueira – Hoje quem está
na chuva tem que se molhar. Um ator quer ver seu trabalho reconhecido e as
redes hoje têm um papel importante nessa divulgação. Um ator (penso
eu) gostaria sempre de fazer bons papéis, mas nem sempre isso é possível.
Elenilson – Em que lugar você
se coloca nesse debate em torno dessa política cultural incompetente implantada
pelo governo do PT?
Thierry Figueira – Não vejo política cultural, social ou educacional nesse
governo que mereça minha atenção.
Elenilson – Faria campanha
política pra alguém?
Thierry Figueira – De cara digo não… Só se esse alguém defendesse minhas
convicções (o que acho difícil).
Elenilson – Faria sexo para
conseguir um papel? Condena quem usa essa técnica pedagógica?
Thierry Figueira – Não. Cada um usa as armas que tem (não julgo).
Elenilson – Definir-se como
artista não soa pretensioso ou pejorativo no Brasil?
Thierry Figueira – Depende de como você encara sua
profissão. A minha encaro com seriedade e responsabilidade. Se ser ator é ser
artista não tenho como me definir de outra maneira. Mas de modo algum me acho pretensioso.
Elenilson – Você pensa em
carreira internacional?
Thierry Figueira – No momento não.
Elenilson – Qual o livro
maravilhoso que você já leu?
Thierry Figueira – Steve Jobs: A Biografia.
Elenilson – E filme?
Thierry Figueira – A Lista de Shindler.
Elenilson – O que mais você vai
aprontar este ano?
Thierry Figueira – Estou gravando uma série chamada “Milagres” na Record.
Elenilson – Deixa uma mensagem
para os seus fãs.
Thierry Figueira – Acredita e vai! Um beijo pra esse povo
da Bahia que me ensinou a ser mais feliz!
fotos: divulgação
Elenilson Nascimento. Seu instrumento de trabalho: a literatura. Suas vítimas: os leitores incautos. Sua meta: criticar, escrever, publicar, deliciar. Sua cara: ainda pouco veiculada. Seu endereço: desconhecido. Seu diálogo com o público: um monólogo interior. Seu número de telefone: nem mesmo sua família sabe. Ele é um ex-professor (*que não acredita mais em educação e nem em instituições desse país), escritor desaforado, poeta indignado, e como se não bastante, ficcionista de mão cheia. Já participou de várias antologias pelo país, 1º Lugar no I Concurso de Literatura Virtual e classificado no II Prêmio Literário Livraria Asabeça 2003. Autor de alguns livros desaforados e, assim, vai seguindo e experimentando dessa dor de fazer o novo diante de uma vanguarda feita de elite e de passado. Mas o que mais me orgulha foi ter colocado no ar (desde 2003) o blog LC, pois "...na esquina da cadeia desemboca o enterro. O caixão negro, listado de amarelo, pende dos braços de quatro homens de preto. Vêm a passo cadenciado os amigos, seguindo, o chapéu na mão, a cabeça baixa. As botas rústicas, no completo silêncio, fazem na areia do chão o áspero rumor de vidro moído." Pronto, esse sou eu. Quer saber mais, então manda sinal de fumaça! Sobre o Blog: A Web é uma fronteira por onde eu (ainda) posso expandir as minhas linhas tortas. Este blog é o início da minha campanha rumo a minha expulsão da ABL. O primeiro passo poderia ter sido o Twitter, mas lá é um território arrogante de irredutíveis gauleses. * Me siga pelo Twiiter: Elenilson_N
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