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Néctar [Tatiana Carlotti]

lá estava eu, tardezinha, na rota das abelhas: atrás um canteiro de flores; do lado outro canteiro; e mais adiante centenas delas em plena profusão de cores. o miolo apetitoso de um amarelão cheio de néctar. salivo. o amarelo deve ser doce.



até porque a abelha passou rente-rente aos meus ouvidos. arrepio de improvável ferrão rasgando a carne fininha do meu pescoço. como temer um ser que se alimenta de néctar? era eu o monstro carnívoro.
ali ficamos nós três um bom tempo: a abelha fruindo a flor, a flor polinizando o corpo da abelha e eu me alimentando daquela beleza. e estava quase indo, satisfeita, quando o beija-flor chegou.

nunca estive tão próxima de um pássaro em pleno vôo. permaneci tão, mas tão, silenciosa... medo de afastá-lo com um movimento qualquer. porque geralmente é assim com uma beleza deste quilate.



e o corpo era de um azul... as asas tão ágeis... o bater contínuo...



se alimentar de néctar e cobrir o mundo de pólen.

há nobreza maior?



Tatiana Carlotti. Balzaquiana convicta e amante das letras. Existe neste contínuo espaço/tempo, sem muita pretensão de eternidade. No momento pulsa, quatro andares acima do solo, no centro de São Paulo. “Venta, eu gosto”. Ainda sonha...  Site: SobremargenS.

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