31a Bienal de São Paulo anuncia título e identidade
visual
Com abertura marcada para o dia 6 de setembro de 2014
(preview a partir do dia 2/9), a 31ª Bienal de São Paulo terá como título Como
falar de coisas que não existem, estabelecido pela equipe de curadores Charles
Esche, Galit Eilat, Nuria Enguita Mayo, Pablo Lafuente e Oren Sagiv, bem como
pelos curadores associados Benjamin Seroussi e Luiza Proença.
Trata-se de uma chamada poética que coloca a potência
da arte no centro do projeto. O verbo utilizado no título (falar) será trocado
regularmente, para apontar para as diversas ações que precisam ser
desenvolvidas para que as coisas que não existem venham tornar-se presentes. Se
nesse primeiro momento o cartaz refere-se a “falar de”, outras versões terão
como destaque “viver com”, “usar”, “lutar contra” ou “aprender” coisas que não
existem em diferentes tempos e plataformas.
Para entender como e por que pensar a respeito de
coisas que não existem, basta ter em mente que tanto o entendimento humano
quanto nosso poder de decisão são restritos por crenças e limitações das nossas
expectativas. As coisas que não existem fogem do quadro comum que dita como
devemos pensar e agir em uma dada sociedade e em um dado momento.
Apesar de se trocar cada vez mais informações no mundo,
parece haver uma redução da diversidade dos nossos quadros sociais, tendo como
consequência o surgimento de um “sentido comum” opressor. Vale destacar, por
exemplo, o modelo econômico contemporâneo que não encontra nenhuma resistência;
ou a lógica fria da eficiência que ignora a história e a cultura. As coisas que
não existem são justamente os aspectos da experiência humana e das nossas
emoções que costumam ser encontradas fora da língua. Elas tocam nos limites do
nosso entendimento e envolvem questões ligadas ao visível e ao invisível, à
coletividade e ao conflito (como fato e como ferramenta), à potência
transformadora da arte e da cultura, à capacidade de imaginar outros mundos
possíveis.
A equipe curatorial da 31ª Bienal tem a convicção de
que a arte pode propiciar encontros com experiências e emoções que não estão
presentes nas análises corriqueiras da vida humana. Se indivíduos ou grupos
conseguem encontrar, pela arte, coisas que eles não enxergariam por outros
meios, então eles podem sentir o poder de transformar a si próprios de forma
inesperada. A esperança da 31ª Bienal é que ela possa permitir que essas coisas
passem a existir por meio de atos de vontade de cunho artístico. Talvez essa
seja a função última da arte, historicamente e na atualidade.
Identidade
Visual
Desenvolvida pela curadoria e pela equipe de design da
Fundação Bienal, a identidade visual da 31ª Bienal tem uma torre movida à força
humana como motivo central.
O processo para o desenvolvimento da identidade visual
começou em setembro de 2013 por uma série de conversas que destacaram os
questionamentos seminais dessa Bienal. O diálogo se intensificou por meio da
troca e da análise de muitas imagens. Pouco a pouco, uma família de imagens se consolidou:
espirais e nós tornaram-se recorrentes, bem como formas orgânicas advindas de
sociedades pré-modernas.
Para desenvolver algo sob medida que correspondesse a
essas ideias, a equipe curatorial resolveu convidar o artista indiano Prabhakar
Pachpute para criar uma imagem única. O desenho final respondeu às ideias da
curadoria por meio de uma frágil estrutura no formato de uma torre de Babel
carregada por um impossível conjunto de corpos humanos. O movimento deste
organismo destaca a necessidade de nos juntarmos para andar em uma mesma, ainda
que incerta, direção. A dimensão fantástica dessa figura, que lembra um
organismo composto por muitas patas, remete também a um coletivo inventado e à
transformação física e espiritual tão importante para a curadoria desta Bienal.
No cartaz, o desenho é enquadrado por uma fonte cuja
caligrafia remete à produção feita à mão, evocando certa intimidade nas
relações entre a arte, a mediação e os públicos alvos da 31ª Bienal. O cartaz
adota a família tipográfica baseada no trabalho do calígrafo inglês Julian
Waters e o restante das aplicações utilizam a letra Arrus criada por Richard
Lipton. A composição geral segue os limites da tela como se fossem guias e as
cores vêm pontuar o texto, destacando algumas palavras de acordo com as
necessidades da comunicação.
Saiba mais sobre Prabhakar Pachpute
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