Eu sou Ozzy
John Michael Osbourne, mais conhecido como Ozzy
Osbourne nasceu em Aston, Inglaterra, dia 3 de dezembro de 1948. Seu pai, John
Thomas, e sua mãe, Lillian, trabalhavam em indústrias na cidade. O pequeno John
sempre foi um garotinho atrevido e muito medroso, o pensamento da possível
morte de seus pais o aterrorizava. Entretanto, alguns anos depois foi
justamente o tema “morte” e “coisas obscuras” que o colocaram no topo da música
mundial.
No livro “Eu sou o Ozzy”, a vida escolar do pequeno
John abre caminho para que o leitor entenda como era a personalidade de Ozzy,
quais suas dificuldades, e como era difícil lidar com seus professores. Ele
sentia muita dificuldade em aprender, não conseguia ler ou escrever e as
páginas de livros escritos em inglês pareciam escritos em chinês. Aos 30 anos
descobriu que tinha dislexia, hiperatividade e transtorno de déficit de
atenção. O apelido “Ozzy” vem desde a infância, ele não se lembra de quem deu,
quando, onde e nem mesmo o porquê, mas imagina que seja apelido referente ao
sobrenome Osbourne. Hoje praticamente não se recorda que seu nome verdadeiro é
John.
Foi nessa época escolar que ele conhece Tony Iommi: um
garoto bonito, popular estudante da mesma escola e que Ozzy idolatrava- mas não
foi nessa época que a amizade começou. Alguns anos mais tarde, Iommi iria
aparecer na porta de sua casa para responder a um anúncio que ele havia
colocado na loja de discos procurando uma banda para cantar. Ali parado na
porta Ozzy viu sua chance de se tornar um rock star como os Beatles, sua banda favorita.
E esse sonho se tornou realidade, depois de muitos
shows em “porões”, casas noturnas de baixo nível, viagens em um carro muito
velho, enfim o Black Sabbath encontrou seu caminho e com sua primeira
composição própria de nome “Black Sabbath” (inspiração para o nome da banda) o
quarteto saiu do estilo blues e criou um rock mais pesado, obscuro e trouxe o
Heavy Metal às casas dos jovens da década de 70.
E é nesse momento que as loucuras de Ozzy criam “asas”;
ele levou ao pé da letra os dizeres “sexo, drogas e rock and roll”, abusou de
todo tipo de drogas que eram oferecidas. No livro ele contou suas experiências
com as drogas com uma escrita muito leve e quase cômica. Em alguns momentos
cheguei a ficar aterrorizada, em outros fiquei com vontade de rir de cada letra
e, em seguida ficava pensativa, afinal como esse homem está vivo até hoje
depois de tantos abusos? Mas, acredito que cada alucinação causada pela droga,
cada atitude descontrolada que ele teve (contada com detalhes no livro) se
torna quase uma forma de mostrar ao leitor quão negativa a droga pode ser, como
ela pode acabar com uma vida.
Ozzy saiu do Black Sabbath, oficialmente, dia 27 de
abril de 1979 e foi Bill Ward que contou a “novidade”, Tony, Geezer e Bill não
aguentavam mais as bebedeiras e os vícios dele. Ozzy foi substituído por Ronnie
James Dio. Ali iniciava a nova etapa da vida profissional e pessoal do Príncipe
das Trevas.
A vida do Madman é cheia, (e quando digo “cheia” você
leitor multiplique por 100), de loucuras até mesmo no destino das pessoas
próximas, me chamou atenção foi à morte de seu pai que faleceu dia 20 de
janeiro de 1978 às 23h20min, no mesmo hospital, na mesma hora e na mesma data
que Jessica (filha de Ozzy com sua primeira esposa Thelma Reilly), porém seis
anos depois. Para Ozzy a morte de seu pai foi um grande choque e o velório foi
extremamente difícil.
Todo instante Osbourne menciona sua segunda esposa e
único amor de sua vida, Sharon Rachel Levy. Ela é uma protagonista na história
da vida do cantor, é como se ele não existisse sem ela, e de certa forma não
existiria mesmo, Sharon salvou a vida de Ozzy várias vezes e de muitas
maneiras. Era filha do agente musical Don Arden responsável por supervisionar
as carreiras de grupos de rock como ‘Small Faces’ e ‘Black Sabbath’, e foi
assim que ela conheceu o Príncipe das Trevas e resolveu gerenciar sua carreira
solo, essa foi melhor decisão da vida de ambos. O amor dos dois é inacreditável
no mundo do rock, no livro ele conta que já traiu Sharon, mas resolveu parar de
traí-la depois de “quase” pegar AIDS (sobre essa experiência ele conta ter
“tido AIDS por um dia”, seu organismo estava tão maltratado pelas drogas e
álcool que o teste de HIV deu positivo por não haver nenhuma defesa no corpo),
também fala sobre o programa “The Osbourne”, sobre o câncer de Sharon, sobre
suas várias entradas em clínicas de reabilitação para salvar o casamento, sobre
as agressões físicas durante as brigas violentas do casal, e muito mais.
Mas de tudo que você lerá nesse livro fascinante, o que
mais me atraiu foram os dois fatos marcantes na vida do Pai do Heavy Metal:
quando ele “come” dois animais vivos. A primeira história acontece na
divulgação do seu primeiro trabalho solo, “Blizzard Of Ozz”. Marcada uma
reunião com a CBS, Ozzy e Sharon combinaram de soltar pombas dentro da sala,
dizer “rock n’ roll” e fazer o sinal da paz, mas ao invés disso Ozzy muito
bêbado e irritado com o tratamento que estava recebendo dos executivos, tirou
uma pomba do bolso, abriu a boca ao máximo e arrancou a cabeça da bomba, que
caiu no colo da Relações Públicas da gravadora, o pânico tomou conta do
ambiente. Depois disso Ozzy foi banido do prédio da CBS.
Foi na tour de “Diary Of a Madman” que a história mais
famosa do rock aconteceu. No dia 20 de janeiro de 1982 no “Veterans
Auditorium”, em Iowa, um fã jogou no palco um morcego, Ozzy já estava
acostumado com animais no palco, fazia parte do show jogar na plateia quilos de
carne crua, (o que incentivou aos fãs a fazer o mesmo), a maioria dos animais
eram de plásticos, mas alguns estavam vivos. Quando Ozzy viu o morcego, o pegou
colocou na boca e arrancou a cabeça do bicho. Logo percebeu que algo estava
errado tinha um gosto horrível e a cabeça se mexia, olhou para Sharon que dizia
“é de verdade Ozzy”. Depois das palavras de Sharon Ozzy só se recorda de estar
no hospital e tomar vacina para raiva, e repetir as injeções durante por toda a
turnê. O mundo noticiou que ele comeu a cabeça do morcego de propósito, mas
tudo não passou de um enorme engano.
Durante todo o livro Ozzy não esconde seus erros do
passado e sempre frisa arrependimento e vergonha. Ele se coloca para julgamento
do leitor todo o tempo, se expõe como ser humano digno de falhas, fraco, muitas
vezes, repudiável e cruel.
Confesso que não queria que a leitura desse livro
terminasse; em muitos momentos lia novamente trechos só para “render” o livro.
Era como um bom chocolate que você só tem um e sem ter como comprar outro quer
que cada mordida seja exclusiva e prazerosa. Esse foi um livro fenomenal, me
senti quase membro da família, uma amiga íntima de John Michael Osbourne. Uma
experiência tão boa que por cinco segundos fiquei relutante em escrever essa
resenha. Eu queria essa sensação só para mim, mas seria um pecado mortal não
compartilhar com meus queridos amantes do rock minha “experiência” com o
digníssimo Sr. Osbourne, um sobrevivente alucinado no mundo do Rock And Roll.
Laila Perdigão. Jornalista (registro 0015582MG), apaixonada por música e colunista do blog Universo dos Leitores .
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ahora voy a leer.
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