Livros são os que melhor
aguentam a quebra do mercado de entretenimento
João Pedro Pereira
Videojogos tiveram uma
descida de 16% em 2013, seguidos de perto pela música e pelos filmes.
Os números mostram também
que os livros conseguiram ganhar terreno nos gastos dos consumidores. Fernando
Veludo
A venda de livros em
Portugal (excluíndo os manuais escolares) teve uma ligeira queda de 1% ao longo
do ano passado, fechando 2013, segundo dados da analista GfK, com uma
facturação de 147 milhões de euros. Feitas as contas também às descidas na
música, filmes e videojogos, este foi o sector que menos se ressentiu.
Em tempo de crise, o valor
do mercado português de entretenimento encolheu 12% em 2013. O ano anterior
tinha sido pior, com uma retracção de 21%. A queda de 1% nos livros foi, de
longe, a menor. Já o sector da música encolheu 13% (para perto de 17 milhões de
euros) enquanto o dos filmes sofreu uma quebra de 15% (para cerca de 23
milhões). Os videojogos (o que inclui consolas, acessórios e jogos para várias
plataformas, mas não as vendas online) acabaram o ano a valer menos 16%, mesmo
com o lançamento da PlayStation 4, a mais recente consola doméstica da Sony,
que domina o mercado português. As vendas totalizaram os 100 milhões de euros.
Os números mostram também
que os livros conseguiram ganhar terreno nos gastos dos consumidores. O sector
livreiro acabou o ano passado a representar uma fatia de 55% da facturação
total daquelas quatro áreas de entretenimento. Em 2012, os livros já
representavam mais de metade do mercado: tinham então uma parcela de 52% do
total, uma subida face aos 47% de 2011. Este sector tem sido também marcado por
um decréscimo do número de livros editados (foram 30 por dia em 2013, contra 57
em 2010) e das editoras (4000 no ano passado, menos 1200 do que em 2010). Os
hiper e supermercados têm vindo a ganhar importância nas vendas de livros,
embora paulatinamente. No ano passado, foi nestas superfícies que se
fizeram 31% vendas. Há quatro anos, este
valor era de 27%.
Já a dimensão do sector
dos videojogos no mercado total tem estado em trajectória descendente.
Representaram em 2013 um terço do mercado, abaixo dos 36% de 2012 e dos 41% de
2011. Por outro lado, ao longo destes anos, a parcela da música e a do vídeo no
total do mercado mantiveram-se inalteradas, nos
5% e 7% do valor total das quatro áreas, apesar das quebras de
facturação significativas.
Para este ano, a GfK
estima um aumento das vendas de consolas, sobretudo da chamada oitava geração:
a Wii U (lançada pela Nintendo em 2012 e cujas vendas estão muito aquém do
esperado pela empresa), a PlayStation 4 (posta à venda no final do ano passado)
e a Xbox One, da Microsoft, e que só este ano chegará a Portugal. As previsões
da GfK apontam para um crescimento de 22% a 25% nas vendas deste tipo de
aparelhos, mas antevêem um ligeiro decréscimo na venda de jogos.
Muita
televisão, mais Internet
A televisão continua a ser
o meio mais frequente de entretenimento em Portugal, mas a Internet tem o
crescimento mais rápido. A indicação surge nos resultados de um inquérito da
GfK a uma amostra de 1258 pessoas, representativa da população. Os números
mostram que 98% dos inquiridos afirmaram ter visto televisão ao longo dos 12
meses anteriores (um ligeira subida de dois pontos percentuais face a um
inquérito de 2008) e que 49% navegaram na Internet - mais 18 pontos
percentuais.
O mesmo estudo aponta que
um terço das pessoas lê livros (ligeiramente menos do que no questionário
anterior) e 6% fazem-no em formato digital. Cinco horas é o tempo médio de
leitura semanal.
No que diz respeito aos
aparelhos, os smartphones e os tablets, protagonizaram, sem surpresas, as
maiores subidas: uma em cada cinco pessoas afirmaram ter um smartphone e 14%
disseram ter um tablet.
João
Pedro Pereira - Estreei-me em 2004, na era dourada da
blogosfera, a escrever sobre media e tecnologia. Em 2006 comecei a escrever no
PÚBLICO sobre temas como direitos de autor na era digital, redes sociais,
cibercrime, novos media e dispositivos móveis. Sou de Santa Maria da Feira,
estudei em Coimbra, vivo em Lisboa. Fundei uma editora de livros electrónicos
numa altura em que não havia Kindle ou iPad. Estou interessado em explorar o
jornalismo digital.
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