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Foto: Leonardo Brasiliense |
O mercado editorial sob a
ótica dos escritores VI: "O importante sempre é o caráter do escritor e a
qualidade de seus livros"
entrevista com Luis Dill
Luís Dill é jornalista e
escritor. Atualmente tem 37 livros publicados, além de participações em
diversas coletâneas. Também é colaborador de jornais e de revistas. Já recebeu
o Açorianos na categoria Conto pelo livro Tocata e Fuga (Bertrand Brasil) e na
categoria Juvenil com o livro De carona, com nitro (Artes e Ofícios) e
Decifrando Ângelo (Scipiome). Ganhou o prêmio Livro do Ano da Associação Gaúcha
dos Escritores na categoria Poesia com o livro Estações da poesia (Positivo).
Também foi laureado com o terceiro lugar do prêmio Biblioteca Nacional na
categoria Juvenil com o livro O estalo (Positivo). Nesta entrevista Dill conta
que nunca publicou por conta própria e fala sobre o funcionamento das editoras.
Você tem livros publicados
por importantes editoras, mas iniciou publicando por conta própria. Quais as
principais vantagens de estar vinculado a uma editora tradicional?
Não, não. Meu primeiro
livro saiu em 1990 pela editora Sulina. Nunca publiquei por conta própria e não
tenho nada contra quem faz isso, é uma ótima alternativa. O vínculo com uma
editora tradicional traz vantagens como a inscrição do livro em licitações e,
claro, a melhor distribuição.
Um dos momentos mais
tensos e tristes na vida de um escritor é o envio de originais para as
editoras, que por vezes sequer respondem. Como se deu esse processo com você?
Se deu e continua dando. É
aquela história: enviar o material e esperar.
Você tem ou teve um agente
literário? Qual a importância desse profissional no trabalho do escritor?
Tive uma breve experiência
com uma agente literária. Foi péssimo. Mas sei de casos muito positivos. O
agente pode funcionar como um facilitador para o escritor, buscar editoras,
auxiliar com contratos, etc. Não descarto me associar a um agente de novo.
A partir de que momento
você percebeu que sua carreira deslanchou? Foi a partir de algum prêmio
importante?
Não sei ao certo se
deslanchou. Teríamos de definir “deslanchar”. Tenho mais de 40 livros
publicados e sigo aprendendo e trabalhando sério. Prêmios ajudam, te dão
visibilidade, mas ainda batalho bastante.
Para um autor reconhecido
como você, vale mais a pena ser exclusivo de uma editora ou ter livros em
diferentes editoras? Por quê?
No meu caso que produzo
bastante é importante trabalhar com várias editoras. São diferentes pontos de
vistas e oportunidades.
Você percebe alguma
diferença importante entre publicar por grandes editoras nacionais ou com
editoras regionais? Quais as vantagens e desvantagens das editoras nacionais?
O processo todo é bem
semelhante. Publicar por uma grande editora pode te trazer vantagens e
desvantagens, não tem como saber sem vivenciar a experiência. As principais
vantagens – em tese – são o prestígio e a ampla distribuição do teu livro. Uma
desvantagem – em tese – é que o autor pode ser apenas mais um dentro de uma
grande corporação.
O que o autor deve cuidar
no contrato da editora?
Creio que o principal é
estar atento à duração do contrato e a questões ligadas aos direitos autorais.
O fato de você não morar
no eixo Rio-SP atrapalha de alguma forma sua carreira como escritor?
Odeio admitir, mas sim,
atrapalha. O autor fora do chamado “eixo” sempre está em desvantagem. A
presença física, o bate-papo olho no olho, o cafezinho, isso tudo conta a
favor. Até porque muitas vezes um trabalho em uma feira, uma palestra, requer a
participação do autor. Quanto mais longe o autor morar...
O que você responde para
aqueles tantos que perguntam se dá para virar de literatura? E, acrescento eu,
você acha que a publicação de livros impressos contribui com sua carreira
profissional de jornalista?
Se dá para viver da
literatura? Sim, é possível. Exige muito esforço e planejamento. É bem difícil,
mas é possível. Levo as duas carreiras ao mesmo tempo há bastante tempo. Embora
sejam atividades distintas acabam dialogando. Talvez o fato de ter vários
livros publicados me dê algum crédito com jornalista. Talvez.
O quão importante você
considera para a carreira do escritor a participação em associações, jantares,
Feiras, etc?
O importante sempre é o
caráter do escritor e a qualidade de seus livros.
Mais informações sobre
Luis Dill em www.luisdill.com.br.
Marcelo Spalding
é formado em jornalismo e mestre em Literatura Brasileira pela UFRGS,
professor da Oficina de Criação Literária da Uniritter, editor do portal
Artistas Gaúchos, autor dos livros 'As cinco pontas de uma estrela',
'Vencer em Ilhas Tortas', 'Crianças do Asfalto', 'A Cor do Outro' e
'Minicontos e Muito Menos', membro do grupo Casa Verde e colunista do
Digestivo Cultural. Recebeu o Prêmio AGES Livro do Ano 2008 pelo livro
'Crianças do Asfalto', categoria Não-Ficção, e o Prêmio Açorianos de
Literatura em 2008 pelo portal Artistas Gaúchos. Site: www.marcelospalding.com.
Esse texto foi originalmente publicado no site: http://www.artistasgauchos.com.br/
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