Homem
lança bonecas negras na Nigéria para combater o preconceito e já vende mais que
a Barbie no país
Por Vicente Carvalho
Algumas pessoas só
precisam de um estalo para entender o que podem fazer para melhorar a vida das
pessoas, mas esse estalo não é simples de aparecer – ele só surge se você já
estiver pensando ou envolvido de alguma forma com um tema no qual você
acredita.
Um exemplo? Taofik Okoya,
que era diretor executivo da empresa do seu pai na África, mas largou o cargo
para abrir uma empresa de bonecas. Tudo começou quando ele precisou comprar uma
boneca para sua sobrinha. Nessa altura, Okoya percebeu que todas as bonecas
eram brancas e caras e começou a refletir sobre o valor que isso teria para o
futuro de meninas, como sua sobrinha, que são as futuras mulheres e que podem
fazer coisas extraordinárias pela África.
“Meu objetivo é mudar a
realidade de milhares de crianças com brinquedos próximos de sua realidade”,
disse o empresário, que fez assim nascer o projeto “Queens of Africa“ (Rainhas
da África), que consiste em uma série de bonecas negras, inspiradas em grandes
mulheres da história africana, vestidas com trajes locais relacionados à
cultura do continente.
Olha só o resultado:
Okoya sempre se mostrou
preocupado com o comportamento de sua filha, por exemplo, que tinha imensas
bonecas brancas e cujas personagens preferidas eram todas brancas, ao ponto de
ela se imaginar branca também. Um dia a criança perguntou ao pai como ela era,
ao que Okoya prontamente respondeu “negra”. Como seria de esperar, a menina
disse que preferia ser branca. Desde então, ele vem tentando mostrar que
existem vários tipos de culturas e pessoas, e que elas não são iguais, e que
isso é maravilhoso.
Okoya entendeu que a
melhor forma de acessar a mente das crianças é através da brincadeira, e que as
meninas se desenvolvem mais rápido que os meninos e são mais propensas a viver
o que veem. Além disso, Okoya conta que na Nigéria existe uma preferência por
meninos em relação às meninas, o que culmina em investir mais neles do que
nelas, por isso seu foco, neste momento, são as meninas.

Com a maior população de
crianças negras no mundo, as bonecas de Okoya atualmente são mais vendidas que
as Barbie, na Nigéria, o que mostra um grande avanço cultural, pois muitas
famílias tinham resistência a comprar bonecas, por considerá-lo um brinquedo
elitista. A ajudar a quebrar essa ideia, estão os preços praticados por Okoya,
bastante diversificados, com bonecas a partir de 5 dólares, bem diferente dos
altos valores da Mattel, fabricante da Barbie.
O empresário fica muito
feliz quando ouve comentários de crianças, dizendo: “Eu gosto dessa boneca. Ela
é negra, como eu”. Esse é o primeiro passo para empoderar as futuras mulheres e
conscientizá-las sobre a beleza de sua cor.
Fotos: REUTERS/Akintunde
Akinleye e Facebook
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