20 clássicos da literatura erótica [Giovana Tavares]
Tendo como cenário uma Itália devastada pela peste negra, Boccaccio, um dos maiores representantes do Renascimento Cultural, retratou o amor e as relações humanas do ponto de vista mais carnal possível. Nas cem histórias que compõem o clássico, o autor aborda temas como infidelidade, sexo e luxúria totalmente despidos da aura divina que até então pautava a Idade Média.
Os dois extremos são verdadeiros: há quem se encante pela literatura de Sade, como quem o considere absolutamente repulsivo por trazer à tona tabus ainda pouco discutidos na sociedade, como o sadismo – termo inspirado no sobrenome do autor. Em “120 Dias de Sodoma”, Sade narra a história de quatro homens que decidem experimentar orgias sexuais trancafiados em um castelo. Violência e humor negro permeiam a obra, escrita enquanto o autor estava preso na Bastilha.
Tudo gira em torno do desejo – e toda e qualquer ação acaba desencadeando essa sensação nos protagonistas de “A História do Olho”, Simone e o narrador anônimo, ambos adolescentes. O livro conta com detalhes as experiências sexuais desenfreadas pelas quais eles passam, envolvendo orgias, sadomasoquismo, voyeurismo e a obsessão pelo prazer anal. Os primeiros volumes foram publicados clandestinamente sob o pseudônimo de Lord Auch, o que livrou Bataille de uma boa temporada na prisão.
Clássico erótico nacional, o livro de João Ubaldo Ribeiro integra a coleção “Plenos Pecados”, da Editora Objetiva, e representa a luxúria. Nele, uma mulher de 68 anos relata suas experiênciais sexuais ao longo da vida, com detalhes explícitos e uma linguagem divertida. Segundo o autor, todo o material que inspirou a obra é verídico: João Ubaldo Ribeiro recebeu em sua casa um pacote com fitas dessa mulher desconhecida e fascinante, revelando sua autobiografia sexual.
Libertação sexual é um dos pilares dessa reunião de contos eróticos produzidos pela escritora francesa Anaïs Nin, que relatou suas próprias experiências em alguns deles. O livro foi encomendado por um cliente anônimo de Nin e traz 15 contos, todos ambientados na Europa da década de 1940, com histórias de mulheres descobrindo a própria sexualidade com desconhecidos, triângulos amorosos e orgias.
O “Kama Sutra” é um dos maiores clássicos da literatura erótica, que consegue se manter extremamente atual e atraente até os dias de hoje. Ele traz técnicas sexuais indianas e sugestões de posições variadas que almejam alcançar o máximo do prazer, envolvendo os cinco sentidos do corpo: visão, audição, tato, paladar e olfato. Ainda assim, a obra não é apenas um guia sexual e sim um manual sobre o amor e as relações humanas, tratando o sexo como uma experiência superior entre duas pessoas que se amam.
A obra é uma resposta ao clássico “Justine ou Os Infortúnios da Virtude”, escrito pelo Marquês de Sade, cuja Justine é uma menina pobre que acaba se envolvendo com todos os tipos de violência sexual e outras brutalidades. Em “Anti-Justine”, a temática é outra: os personagens buscam apenas o prazer, sem qualquer inclinação para o sadismo. O incesto também pauta a história: o narrador revela as primeiras experiências sexuais junto às irmãs e a perda da virgindade com a própria mãe. Por ser extremamente polêmico para a época em que foi escrito, em 1798, o livro só foi publicado clandestinamente em 1963.
Sadomasoquismo é um tema recorrente nessa narrativa. “O” é uma mulher independente, que se torna escrava sexual de seu amante e de outros homens, descobrindo o prazer pela submissão e castigos físicos. Na década de 1990, o clássico erótico de Anne Desclos foi adaptado para os quadrinhos por Guido Crepax, mesclando obscenidade e arte em uma obra só.
O narrador desse clássico erótico é nada mais, nada menos que um sofá, animado por um espírito condenado a reencarnar sucessivamente como um objeto. Ele acaba testemunhando todos os tipos de aventuras sexuais e situações consideradas amorais para a época, como infidelidade. O tal narrador-sofá diz que só encontraria a paz eterna quando acomodasse um casal verdadeiramente apaixonado, o que supostamente justifica toda a libertinagem do sexo. Embora o livro tenha sido publicado anônima e clandestinamente, Crébillon Fils foi descoberto e exilado de Paris por alguns meses.
O romance anônimo conta a história de Teresa, uma jovem que vai descobrindo aos poucos sua própria sexualidade, apesar do conflito entre prazer carnal e religião. Há, inclusive, o relato de uma relação entre Eradice, amiga de Teresa, e um padre – tudo explicitamente detalhado pela narradora do romance.
Esse clássico pornográfico da Era Vitoriana conta a historia de amor e desejo entre o capitão Jack Archer e a jovem Flossie Eversley, de 15 anos. Todos os encontros ardentes do casal são narrados com muito apelo sensorial e visual, o que obrigou que Swinburne publicasse o livro anonimamente para escapar da censura.
A obra conta a história de paixão entre Severin e Wanda. Após discutirem se realmente existe a possibilidade de felicidade duradoura em um relacionamento, eles chegam à conclusão de que uma das partes deve ser dominada pela outra. Assim, Severin sugere que Wanda o escravize e o submeta a torturas sexuais. O prazer pela dor e pela humilhação acabou dando origem ao termo “masoquismo”, inspirado no sobrenome do autor desse clássico erótico.
O romance foi publicado anonimamente em 1893 e, depois, teve a sua autoria atribuída ao escritor Oscar Wilde. O tema central da obra são os conflitos internos do jovem Camille Des Grieux, que se apaixona por um pianista húngaro. Só depois de 1986 os manuscritos originais, com cenas de sexo explícitas, foram levados a público. A obra erótica é considerada a primeira da língua inglesa a discutir o amor homossexual.
Nesse romance epistolar, o protagonista Sir Charles comunica-se com suas amantes por cartas picantes que revelam todos os detalhes de suas últimas aventuras eróticas – principalmente aquelas que envolvem meninas virgens. Na primeira edição do livro, cerca de 500 exemplares foram apreendidos e destruídos pela “Sociedade para a Supressão do Vício” inglesa.
Como em “O Sofá”, este é mais um clássico erótico em que o narrador não é um personagem comum. Tudo é contado sob a ótica minúscula de uma pulga, que consegue testemunhar os atos mais explícitos entre homens e mulheres da era vitoriana. Adultério, homossexualismo e incesto são alguns dos temas abordados no livro, considerados tabus para a época – por isso, “Autobiografia de uma Pulga” também foi publicado anonimamente.
Palavrões e sexo explícito, a combinação perfeita para um livro ser censurado por mais de 30 anos. Na novela de D. H. Lawrence, um homem da classe trabalhadora e uma mulher da burguesia se apaixonam intensamente, um detalhe que não agradou à elite conservadora da época. Publicado anonimamente em Florença, em 1928, o livro só pode ser impresso no Reino Unido em 1960.
A obra é considerada um clássico da literatura erótica, que influenciou nomes como Marquês de Sade e Molière. “Pornólogos” é o bate-papo entre as prostitutas Nanna e Antônia, que precisam decidir o destino de Pippa, filha de Nanna: freira, prostituta ou dona de casa? Durante o relato, Antonia relata suas aventuras sexuais com todos os detalhes para ajudar na decisão. O grande talento de Arentino é conseguir descrever as cenas eróticas com uma linguagem rica, sem precisar de palavrões.
Publicado em 1880 na Holanda, o diário desse cavalheiro inglês, conhecido apenas como Walter, revela o clima libertino que guiava a Era Vitoriana e questionava os tabus da sociedade. O autor relata suas experiências sexuais com mais de 1.550 mulheres, sempre com detalhes explícitos.
Hilda Hilst foi uma das poucas escritoras brasileiras que conseguiu se aventurar pela literatura erótica com maestria, tanto pela prosa ou pela poesia. No formato de um diário, o livro narra as descobertas sexuais de Lori, uma garota de oito anos que vende seu corpo por incentivo dos pais e sente prazer na prostituição. O livro é polêmico por abordar a pedofilia e colocar em cheque a moralidade dos leitores, além de fazer uma crítica ao mercado editorial e sua avidez por best-sellers pornográficos.
Um comentário
RECOMENDO LER O ROMANCE " PRINCESA DO DESEJO ", DE ANDREW PHILIP COLLINS, SOBRE A TRAJETÓRIA DE UMA JOVEM BRASILEIRA. É UMA LEITURA EXCITANTE.
ENCONTREI ESTE LIVRO NO SCRIBD.
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