Anônimos
e belos! A poesia detrás das janelas. (Publicação IX - Eva
de Fátima Gomes de Oliveira)
Nesta viagem vamos de
carona em um trem chamado poesia que, a cada estação, vai percorrendo todos os caminhos do fazer poético e pincelando de um colorido todo especial os sentimentos, comprometendo
não só com o belo, mas, também, com a nossa triste realidade! Convido vocês a
embarcar nesse trem chamado poesia e viajar nos versos da poeta Eva Gomes de
Oliveira.
Que
você possa percorrer todas as estações e viver, a cada parada, a emoção de um
adeus, de um beijo ou de uma saudade... (EO)
Eva
de Fátima Gomes de Oliveira
Nasci em Rio Claro (SP),
mas sou Jauense de alma e coração. Creio que a arte pode transformar o homem e
consequentemente fazer o mundo melhor. Acredito no amor, ainda que pareça
distante e ultrapassado para os dias atuais. Não seria poeta se assim não pensasse
e sentisse. Carrego no inesquecer do coração algumas saudades e na alma uns
pedaços de estrelas e outros de raios de lua, de todas as fases. Costumo
embriagar-me no verde que antecede a primavera e sei que a esperança nasce com
o sol, a cada novo dia. Mas cá entre nós e só entre nós: os dias de chuva são
terrivelmente lindos.
Livro publicado:
“Tatuagem” – 1989, outros trabalhos editados em antologias poéticas e nos
sites.
Sites:
UM
TREM CHAMADO POESIA
Nessa viagem, onde o poema
é como um trem, comprometido apenas com o sentir de cada coração, abrindo
espaços através dos olhos da alma, criando sonhos, mostrando não apenas o belo,
mas às vezes a dura realidade do mundo, pode levá-lo – se desejar – a viver os
mais variados sentimentos num único e desconhecido itinerário.
A próxima parada pode ser
nos braços do ser amado ou talvez no quintal da desesperança do menino com medo
do amanhã. Você pode ainda, se ver diante do homem enfrentando o preconceito
criado pelo próprio homem; a mulher se enchendo de força e criando um mundo
novo; sentir as amarras invisíveis que aprisionam o ser humano no mais profundo
do seu interior, tornando-o incapaz de olhar, ainda que furtivamente, pela
janela desse trem que urge no peito e vislumbrar a paisagem lá fora.
O inesperado corre veloz.
A vida não espera...
Que você possa percorrer
todas as estações e viver, a cada parada, a emoção de um adeus, de um beijo ou
de uma saudade...
QUEM?
Quem é você, vestida desse
jeito,
se achando minha dona por
direito, quem?
Quem é você que
maltratando tanto
faz de pousada este pobre
peito
e reinventa sentimentos, já
desfeitos?
Quem é você, afinal, que
me espanta
quando triste no meu
canto, canta
a sinfonia soturna que me
causa o pranto?
Quem é você que chega sem
demora
revira a casa, o passado,
a minha história
e rememora, nas narinas,
um cheiro de outrora,
que reascende no vate a
memória?
Quem é você?
Quem? Quem é você?
Ah... por fim, desfaz-se a
cortina
e eis que surge diante das
minhas retinas
a silhueta esguia e sem
maldade
da causadora de toda esta
agonia:
a saudade.
13
VERSOS EM VERMELHO
Tecida em suor e lágrimas,
A capa do cavaleiro
Cobre-lhe os ombros,
cansados,
Na batalha derradeira.
A súcia toda em alerta
A berrar seus impropérios,
Segue, cega, em sua sanha
De impudor e desespero;
Esquece que ao macular
- Com joio - seara alheia,
Tece em suas próprias
vestes
- Com fibra de baixa
espécie -
Uma amarga e feia teia.
CONVITE
Vem,
Tira os sapatos
e os apertos
da alma.
Vem devagar
Como um sussurro
Um bailar de asas
No ar.
Vem, vem...
Deixa os vestidos
E as quimeras
Nos portais
Lá atrás.
Vem
Que a magia
Por fim, espera
Para envolver-te
Em minhas flores amarelas.
RECESSO
O poeta se vai,
Não tem sentido
Alinhavar os nós
Do seu destino,
Nas entrelinhas
De versos,
Tão perdidos....
Esmurrar as pontas
Das tais facas
E sangrar a alma
Nos desvios,
É chorar em vão
Os desatinos
É agonizar sozinho,
Nos caminhos.
O poeta se vai
Em desalinho
Qual pedaço de céu
Que se anuvia
Entre o amanhecer
E o fim do dia.
SOLIDÃO
Devo ter envelhecido
Percebo pelas lembranças
São tantas!
As flores continuam as
mesmas,
As ruas as mesmas
Eu mudei!
Os meninos estão nas ruas
Pipas coloridas no ar
Deve ser agosto
Sinto pelo ar, espremido
Que me chega à garganta.
Parece que preciso de mais
tempo
Há algo por fazer
Talvez lavar as calçadas
Abrir gavetas
Limpar a poeira dos livros
Ou da vida?
Não sei em que tempo estou
Tudo parece distante.
A mocidade
A família
Os amigos
O amor
Onde estão?
Um dia, já faz tempo
Falaram de solidão
Dias brancos
O silêncio dolorido
Os ouvidos quietos
A boca sem palavras
A casa vazia,
Só a alma navegando
É isso meu Deus
Estou só!
Quando refaz em mim
a mesma estrada,
amarga e tão salgada,
de tudo que chorei;
retorna na memória
o fim da nossa história,
que em versos eu contei.
Náufrago
O amor se foi! Grita o
mar,
A rugir ferozmente no meu
peito,
Mergulhou noutros mares o
olhar
Naufragou minha alma, sem
direitos.
Saiu ostentando riso largo
Levando as canções e a
poesia
Deixando aqui no peito o
amargo
Da minha alma rasgada e
vazia.
Se foi em busca de dourado
ninho
Sem perceber que no raiar
do outono
Deixou-me a vida toda em
desalinho
Feriu minha alma e matou
meus sonhos!
Ivana Schäfer
- Pedagoga com Habilitação em Orientação Educacional, Especialização em
Psicopedagogia e Cerimonialista. Sou Cuiabana de "tchapa e cruz", amo
minha terra, meu povo e a nossa cultura. Sou do Mato ....de Mato Grosso.
Página na internet:
http://espiacuyaba.blogspot.com.br/
Um comentário
Agradeço, Ivana, pela linda homenagem. Ficou espetacular. Obrigada pelas gentis palavras. Minha alma se encanta com tanta sensibilidade e carinho.
Bjs.
Eva
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