Ingrid Caldas [Fonoaudióloga e Poeta Brasileira]
E mais uma vez mudei tudo... Acho que gosto de desafios...
Me sinto em opostos, intensa e serena, tímida e extrovertida, mas sempre muito crítica, principalmente e mais até, de mim mesma. Vejo o mundo de uma forma liberal e pleno de aprendizado. Amo tudo o que tenho: família, amigos, plantas, e até alguns objetos pessoais. Sempre me considerei muito criativa e intuitiva. E aprendi com a idade, ou experiência, que são muito importantes. Perco-me por vezes em devaneios loucos que vão levam longe dentro de mim, talvez querendo ainda mais do que já tenho para conhecer. O bom humor é meu companheiro constante, herança genética acho. E amo demais a vida, uma passagem só de ida que proporciona felicidade e ótimos momentos partilhados.
Muda, sigo a passos lentos…
A luz escorre pela parede – rasgada -
em desenhos estranhos que não sinto.
A escuridão assume…
Eu nunca me dispo nas sombras…
Não deixo que envolvam a pele –
convidativa – abrindo-se ao corte…
Como esquivar-me sem ser ouvida…
Sem parar – lenta – sobre os próprios passos?
Uma outra boca sussurra –me
o que deve permanecer…
Assim, deserta, tolero o impuro
sorvo seu gosto – agridoce -
esperando…
Uma história corriqueira
e á estava eu a esperar - coração seco...
Vazia de amar -
mas plena de desejos...
Escorregando por becos escuros
vislumbrando sombras
redemoinhos de folhas secas
remetem à minha pele...
Tenho na minha loucura
um passo de dança
que balança um ventre -
sem vontades...
Sem saber aonde vou
busco a calma - e um som
na luz difusa
de uma lua azulada...
Meu absurdo - interior
leva-me aos abusos
que eu entrego às manhãs
de janelas nuas de luz...
Longe de mim ventos e ironias
aninharam-se - impiedosamente
rasgando o ventre inquieto
pleno de desejo - velho...
Nos lábios rasgados
nos olhos baços
um cântico me guia
por noites inexploradas...
Profunda melancolia
que envolve qual redemoinho
um coração vazio - a desfalecer...
Nesta melodia incansável
um rodopio entontece
despertando na solidão
o suor e a dança...
É uma certeza que busco
amando o abismo
que minha loucura
impiedosamente impõe...
Minha boca - pedaço de ti - grita em agonia,
e a tua memória corre - desgarrada..
Em um outro dia qualquer, sem medida
como delicadeza de orvalho, o teu amor se vai...
Vejo-me em uma distância - longa e dolorida - onde nada cabe,
onde eu te poderia abraçar com mãos de leveza e lágrima.
Ah, se eu pudesse estar, como ventania, arrastando tua carne
sem delicadeza, sem resistência...
Seriam segredos rasgando a pele, na inconstância do encontro
no atrito de desejos, intransferíveis - talvez acidentais.
Mas apenas temos um denso e intenso improvável,
onde um fogo crepita ainda – por acidente – presente.
E para além dos passos da saudade
tudo se distancia de mim – inerte – em uma manhã além do olhar.
E virão Invernos de embriaguez, de beijos sussurrados
de telas nuas – a exibirem-se ao encontro não consumado.
Tenho ainda um coração inocente – teimoso
soterrado em silêncio, no próprio mundo do absurdo
onde rabisquei teus desejos de momentos eternos
na espera da calmaria da dor...
2 comentários
gratidão pela lembrança Ivana...
ficou muito lindo!..
Um grande beijo..
Pérolas Poéticas, Ingrid! Bjs. e os melhores votos de plenas realizações.
Marilândia
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