Stéfanie Medeiros nasceu
em Cuiabá, Mato Grosso, em 1992. Desde então, sempre morou na capital
mato-grossense. Seus primeiros estudos foram realizados de acordo com a
pedagogia Waldorf. No ensino médio, entrou para escola com metodologia
tradicional.
Aos 18 anos, foi aprovada
no ENEM e começou a cursar jornalismo na Universidade Federal de Mato Grosso,
onde formou-se em 2014. Stéfanie começou no mercado de trabalho como professora
de inglês. Na área jornalística, trabalhou no jornal Diário de Cuiabá e atualmente
é responsável pelo site cultural Olhar Conceito, do site Olhar Direto.
Seu primeiro livro,
intitulado “Borboletas Infinitas de Coração Imperfeito”, foi publicado pela
editora Carlini e Caniato em outubro de 2014. A autora começou a escrever com
15 anos de idade. “O começo também foi poético: ‘O dia em que escrevi este
poema [o primeiro que gostou], estava sentada na minha cama ouvindo Elephant
Gun, do Beirut. As rimas começaram a traduzir algumas imagens que eu tinha na
cabeça e, finalmente, o primeiro poema que eu não odiei surgiu;, e então
Stéfanie não parou mais de escrever”, escreveu a jornalista Isabela Mercuri no
site Olhar Direto.
O livro é uma coletânea de
50 poemas escritos desde 2007 até o início de 2014, e que falam de temas
variados. O lançamento será realizado no dia 23 de outubro de 2014 na Casa
Barão de Melgaço, sede da Academia Mato-Grossense de Letras e Instituto
Histórico e Geográfico de Mato Grosso.“Borboletas infinitas de um coração
imperfeito” é uma representação do primeiro contato de Stéfanie com a
literatura.
O prefácio da obra ficou a
cargo do presidente da Academia Mato-Grossense de Letras, Eudardo Mahon. Leia
abaixo:
Prefácio:
Se “algumas pessoas não
morrem, simplesmente não nascem”, como diz a autora, a palavra que se furta é
tão importante como a revelada. Poesia é assim: várias camadas de sentido, como
uma cebola que faz chorar. Quanto mais cascas e versos o leitor ultrapassa,
mais percebe o amor e a aflição do poeta. A autora é jovem e, como qualquer
jovem, acalenta conflito. Que bom ser assim. Não fosse o desconforto, o
sufocamento íntimo, o que seria da literatura?
Pretendo compartilhar
minhas impressões iniciais com o texto. Fiquei particularmente impressionado
com o “Coração de Pepita”: é precioso, indiferente e, por isso, as verdades
distorcidas fazem-no parar de bater. Triste. Triste e verdadeiro. A autora
sofre calada, observando. Como diz outra composição: “civilidade e cortesia,
por que são tristes?”. Ela vive deslocada, inquieta, desconcertada. É o que a
palavra não diz. Mas a mudez acaba gritando.
Mesmo jovem, já aprendeu a
autora o óbvio da vida, da arte, da poesia. O óbvio difícil e impenetrável a
quem não escreve: “felicidade é suportar tristeza, aceitar que ela existe,
aceitar que se é triste”. É que não há companhia na trilha solitária da
literatura. Somos multidões de solitários. São marchas e contramarchas, avanços
e retrocessos, todos os erros e acertos computados exclusivamente ao autor. O
que dá medo aos outros também assombra o poeta: expor-se.
Aí está a diferença entre
todos que amam, que choram, que sonham e os poetas: a coragem da exposição, da
publicidade, do salto no vazio. Preciso me congratular com a autora Stéfanie
Medeiros. Ela deu o salto. O primeiro salto. Há pressa nela, pressa de liberdade,
de amor, de compreensão e de grandeza: “o futuro nos espera, só não podemos
esperar por ele”. Por enquanto, resta um convite. Um convite não, um desafio. E
quem colocou a faca no peito foi a própria autora: “e enfim uma página em
branco, para o que ainda está por vir”. Veremos, então.
Eduardo
Mahon
Presidente da Academia
Mato-Grossense de Letras
Poemas:
Algumas pessoas não morrem
Simplesmente não nascem
Alguns anjos ficam no céu
E não têm rostos.
E não têm nomes.
Apenas presença...
O mundo foge por uma
ladeira
Como seria se fosse
diferente?
(E como é quando fica
igual?)
Queria dar-te um belo
poema
Repetir teu nome três
vezes
Mas alguns anjos não têm
nome
Dizer-te que sinto
saudades
Mas alguns anjos não têm
rosto
E nunca houve um funeral
Porque algumas pessoas não
morrem
Porque alguns anjos não
nascem
E com um irmão no céu
E outro na terra
Fico assim, em silêncio
contemplativo
Pensando na vida e em
anjos
E em borboletas infinitas
de coração imperfeito...
Meu
jovem século vinte e um
O pôr do sol;
Tudo escureceu;
Esse frenesi louco;
Louco sonho meu.
O peixe no anzol;
A lagoa espelhada;
Desejo de fazer;
E de não fazer nada.
A criança rindo,
Ouvindo o passarinho;
Gritando alto e alto;
Morrendo bem devagarzinho.
A luz da lua;
Amantes de mãos dadas;
Se amando e amando;
Sem poder amar nada.
Erupção de vozes;
Avozinhas fofocando;
Erupção de sentimentos;
Aos poucos me afogando.
Na grama, o orvalho;
As gotinhas caindo;
Deitado, olhando à toa;
As cores ausentes, tão
lindo!
Sentadinho na escada;
Desejo já não tem nenhum;
Olhinhos que não
questionam nada;
Meu jovem século vinte e
um.
Dez-esperança
Poemas sem propósito
Zumbem na minha orelha
Tuas palavras vazias
São os dizeres de um ser
São obras da monotonia
O que me diz?
O que tenho que dizer?
Escrevo, somente
Sobre minha falta do que
fazer.
Ficar sem saber
Difícil escolha
não saber o que dizer
Viver em uma bolha
É isso que complica
É isso que me dói
É isso que explica
porque tudo se destrói
Cuiabá
Criar raízes é algo
perigoso
Quando menos se espera
o sol não queima tanto
o suor possui brilho
A ignorância perde espaço
o calor aquece o coração
E quando menos se espera
nada mudou
Apenas os olhos
o olhar
o querer
ficar.
Stéfanie Medeiros
Todos os direitos autorais reservados ao autora.
2 comentários
Quando um novo poeta surge é como o nascer do sol: ilumina uma vida inteira. Este livro seja apenas o limiar de fértil caminhada. Acredito!
Amei as tuas obras. Sentir a tua essência fazendo um encontro contigo. Além disso fui capaz de conectar-me sobre as tuas palavras, que me dou um pouco de ti. Isto é mágico além da vida e do que nela a. Parabéns e sucesso...
Postar um comentário