José Mauro de Vasconcelos
(Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 1920 — São Paulo, 24 de julho de 1984,
faleceu aos 64 anos), já e um clássico da literatura brasileira do século XX.Seu livro mais conhecido, O Meu Pé de Laranja Lima, é um sucesso ininterrupto
desde seu lançamento em 1968. Atualmente, a obra de José Mauro é publicada em
toda a América Latina, Europa, Japão, Coréia, China, Turquia e Tailândia. No
Brasil, a história de Zezé virou novela de televisão, filme e peça teatral.
Zezé era tio de Selmo Vasconcellos (filho do Totoca)
José Mauro de Vasconcelos
tinha nas veias sangue de índia e de português. Nasceu em Bangu, bairro do Rio
de Janeiro, e passou a infância em Natal, onde foi criado com muito sol e muita
água. Aos nove anos de idade aprendeu a nadar, e com prazer relembrava os dias
de contentamento, quando se atirava às águas do Potengi, quase na boca do mar,
a fim de treinar para as provas de grande distância. Com freqüência ia mar
adentro, protegido por uma canoa, porque a barra de Natal estava sempre
infestada de tubarões. Ganhou vários campeonatos de natação e, como todo
garoto, gostava de futebol e de trepar em árvores.
Mas o esporte não constituía
sua única preocupação. Depois do primário, aos 10 anos de idade já cursava o
primeiro ano do curso ginasial, que terminou cinco anos mais tarde. Nessa
época, já gostava dos romances de Graciliano Ramos, Paulo Setúbal e José Lins
do Rego.
Depois do ginásio, os
estudos de José Mauro como autodidata foram sempre feitos à base de trabalho.
Seu primeiro emprego, dos dezesseis aos dezessete anos, foi treinador de
peso-pluma; recebia 100 cruzeiros (velhos) por luta no Rio de Janeiro, pois aos
quinze anos saíra de Natal para ganhar o mundo. No Estado do Rio, trabalhou
numa fazenda em Mazomba, perto de Itaguaí, carregando banana. Depois, foi viver
como pescador no litoral fluminense, onde não não ficou por muito tempo,
partindo em seguida para o Recife. Ali, exerceu o cargo de professor primário
num núcleo de pescadores. Da capital pernambucana, José Mauro saiu para começar
incessante vai-vem, do Norte ao Sul, e vice-versa, permanecendo um pouco em
cada lugar, para em seguida enveredar pelo sertão e viver entre os índios.
Dotado de prodigiosa
capacidade inata de contar histórias, possuindo fabulosa memória, candente
imaginação e com uma volumosa experiência humana, José Mauro não quis ser
escritor, foi obrigado a sê-lo. Os seus romances, como lavas de um vulcão,
foram lançados para fora, porque transbordava de emoções. Ele tinha de escrever
e de contar coisas.
O autor de belos romances
tinha método originalíssimo. De início, escolhia os cenários onde se
movimentarão seus personagens. Transportava-se então para o local, onde
realizava estudos minuciosos. Para escrever Arara Vermelha, percorreu cerca de
450 léguas no sertão bruto.
Em seguida, José Mauro dava
asas à sua fantasia e, na imaginação, construía todo o romance, determinando
até mesmo as frases da dialogação. Tinha uma memória que, durante longo tempo,
lhe permitia lembrar dos mínimos detalhes do cenário estudado. “Quando a
história está inteiramente feita na imaginação”, revelava o escritor, “é que
começo a escrever. Só trabalho quando tenho a impressão de que o romance está
saindo por todos os poros do corpo. Então vai tudo a jato”.
Com o seu sistema de ficar
dormindo na pontaria até que o livro todo estivesse “escrito” na imaginação,
contava José Mauro que, ao pôr-se em ação, na fase material de bater à máquina,
tanto fazia escrever os capítulos, um após outro, como dar saltos. “Isso”,
explicava o escritor, “porque todos os capítulos estão já produzidos
cerebralmente. Pouco importa escrever a seqüência, como alterar a ordem. No fim
dá tudo certinho”.
Artista do cinema e da
televisão, José Mauro trabalhou em diversos filmes, como Carteira Modelo 19,
que lhe valeu o prêmio Saci como melhor ator coadjuvante, Fronteiras do
Inferno, Floradas na Serra, Canto do Mar, do qual escreveu o roteiro, Na
Garganta do Diabo, obtendo o prêmio Governador do Estado como melhor ator, A
Ilha, conseguindo o prêmio de melhor ator pela Prefeitura, e culminando com
Mulheres & Milhões, sendo laureado com o Saci de melhor ator do ano. Vários
de seus livros, Meu Pé de Laranja Lima, Vazante, Arara Vermelha e outros foram
filmados.
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