Eu não sei sentir saudade
por Frederico Elboni
Artigo publicado no site Entenda os Homens
Eu não queria sentir a
saudade que sinto. Nem ter medo da frequência em que ela me visita antes de
deitar. Será que é tão difícil tornar o beijo contínuo e a saudade passageira?
Será que entre o hiato do amor e da saudade, não há como existir somente a
alegria do vivido?
Mesmo andando de mãos dadas
com a euforia de viver, algumas vezes, diante de certos sentimentos, me faltam
palavras. Me faltam, pois tenho medo dos grandes sentimentos. Medo de
senti-los, me acostumar com eles e, como quando o sol se cansa de iluminar a
todos, ele se pôr. A verdade é que meu coração está preparado para amar, mas
não para sentir saudade. Para beijar, mas não para deixar de ser beijado. Para
ver as nuvens, mas não deixa-las me tirar a visão das estrelas.
Não há como negar que
pensando nela corro contra o tempo. Busco sensações do passado, as encaixo na
minha realidade atual e, como se fosse possível e saudável, crio cenários de
viver isso novamente. É, definitivamente, eu não sei sentir saudade.
Sendo há um bom tempo
turista dos amores alheios, faço caridade, guardo os meus sentimentos no olhar
e aceno com os lábios, como quem diz que onde quer que a gente vá, que levemos
o nosso coração. E eu sempre levo, pois, a gente só abre o coração dos outros
quando abrimos os nossos. Sim, os nossos.
Então, mesmo com a saudade
que insiste ser vizinha, se eu pudesse, continuaria tendo dois corações. Um
para amar, e outro também.
Frederico Elboni
Pode me chamar de Fred.
Publicitário, paulistano e ranzinza por opção. Apaixonado pelo comportamento
humano e suas facetas. Autor roteirista do Amor & Sexo da Globo.
Acreditando na teoria que os sorrisos podem curar qualquer coisa escrevi o
livro “Um sorriso ou dois”.
Um comentário
O amor é mesmo uma doce e misteriosa flor, com seu encanto, seu aroma estonteante... inspirando, inspirando... infinitamente. Amei!
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