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Conversando sobre Arte entrevista com a artista Rosangella Menezes [Marcio De Oliveira Fonseca]


Conversando sobre Arte entrevista com a artista Rosangella Menezes 

por Marcio De Oliveira Fonseca 

Quem é Rosangella Menezes e  como a arte entrou em sua vida?

Nasci em 1950 em Belo Horizonte/MG e vivi aqui a maior parte da minha vida. Na Escola, desde pequena o que me interessava não eram as lições, mas os lápis de cores e os cadernos de desenho. Passava as aulas desenhando e colorindo e nem sei como cheguei ao 2º grau. Aos 18 anos uma tia materna, que era artista e artesã me chamou para fazermos um Curso Livre na Escolinha Guignard que naquela época funcionava nos porões do Palácio das Artes, no Parque Municipal/BH.  Lá tive aulas de desenho da Figura humana com modelo vivo e o meu primeiro contato com as tintas! Infelizmente um professor fez um comentário ríspido sobre um desenho e eu acreditei que não tinha nascido para ser artista! Abandonei o curso, mas a Arte continuou dentro de mim...
Fiz vestibular para comunicação, porém não terminei. E assim fui fazendo várias tentativas de encontrar algo que gostasse e que ao mesmo tempo fosse uma profissão rendosa! Enfim, resolvi fazer um curso de Maquiagem. Trabalhar com cores, pincéis e desenho era tudo que eu queria. Morei alguns anos no Rio de Janeiro e lá trabalhei como maquiadora. Depois retornei a Belo Horizonte, fiz outros cursos, casei, descasei, troquei de profissão, até que resolvi retornar  novamente para a Escola Guignard e fazer o Curso de graduação em Artes Plásticas . Hoje acredito que todas as experiencias pessoais e profissionais foram dando suporte para a artista que me tornei.

Qual foi sua formação artística?

Em 2005, já estava prestes a aposentar-me quando fiz vestibular na ESCOLA GUIGNARD/UEMG. Para minha surpresa e felicidade passei em 4º lugar! Foram 4 anos de muita dedicação e aprendizado. Em muitos momentos pensei em parar, mas fui me fortalecendo à medida que ia aprofundando nas pesquisas para dar suporte aos trabalhos que vinha desenvolvendo.
Optei por habilitação em Desenho e Pintura quando fui aluna do professor Alan Fontes que foi de grande importância no meu desenvolvimento como pintora, e do Marco Tulio Resende, professor de desenho, que acreditou no meu trabalho e me indicou para a minha primeira Exposição coletiva, em 2009, quando foram escolhidos 10 alunos da Guignard e EBA/MG, para a mostra Diverso/Adverso na Galeria Cemig. Nesta época também ganhei um prêmio na mostra interna da Escola Guignard e fui convidada para expor em Ouro Preto, junto com 20 outros artistas mineiros.
Em 2011 fui selecionada pelo Edital de Concorrência da Galeria Cemig, para a minha primeira Exposição Individual com a pintura/instalação “Piscina”, que também foi apresentada na Galeria de Arte Nello Nuno, na FAOP.
 Em 2012 fiz cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Laje no Rio de Janeiro, com a artista Anna Bella Geiger e o critico Fernando Cocchiarale, e outro curso com Malu Fatorelli. Em 2014 participei de uma Maratona de Pintura com a artista Déborah Paiva, no Instituto Tomie Ohtake em São Paulo, buscando sempre melhorar meu trabalho.
Dai pra frente tudo vem acontecendo como resultado de extrema dedicação, persistencia e muito trabalho!

Que artistas influenciam em sua obra?

Acho que todo artista busca se espelhar em trabalhos que os emociona de alguma forma. David Hockney, Gerard Ritchter, Lucien Freud, são alguns destes, mas posso dizer que inúmeros outros fazem parte da minha pesquisa, como Alissa Monks, Liu Xiadong, Peter Doig, Luiz Zerbini, Cristina Canale e Tim Eitel, são alguns deles.

Como você descreve seu trabalho?

Para chegar ao projeto da Piscina exposto na Galeria da Cemig em 2011, passei por um processo anterior que teve inicio com uma série de pinturas baseadas em fotos antigas de meu filho brincando com água no jardim de nossa casa. Muitas telas foram produzidas com esta mesma característica, mas ao deparar com uma foto onde ele brincava na piscina, comecei a interessar-me pelas distorções das imagens provocadas pela luz refratada e pelos reflexos que desintegram os corpos em movimento dentro d'água.
O desejo de realizar A Piscina do modo como foi instalado no espaço expositivo partiu de um sonho: nele eu me via observando minhas telas espalhadas pelo chão, provocando-me uma sensação inusitada. Ao acordar passei a fazer o projeto da representação de uma piscina, imaginando que ela ocuparia o chão de uma galeria, convidando o observador a caminhar ao redor do trabalho. Uma proposição de pintura em campo ampliado que criaria vários pontos possíveis e simultaneamente impossíveis de observação.
Mas como realizar o sonho? O primeiro passo foi adequar meu projeto às dimensões de uma galeria e enviar-lhes os projetos em croquis e aquarelas. Para facilitar a execução da pintura e também a sua montagem, decidi dividi-la em módulos.  Ao ser aprovada, não imaginava as dificuldades de execução. Desafio dobrado, já que se tratava de minha primeira mostra individual!
Iniciei a produção fotográfica para o trabalho imaginando-as como ficariam ao serem transformadas em pintura. As imagens foram escolhidas pelas deformações dos corpos e seu caráter pictórico.  Porém, ao executar a pintura, algumas tiveram que ser eliminadas ou refeitas, pois ao reuni-las, percebia que não se adaptavam ao contexto por diversas questões não previstas. Mas a maior dificuldade foi a impossibilidade de perceber todo o conjunto até que a montagem pudesse ser realizada, devido ao tamanho total demandado pelo trabalho.
Durante o processo, enquanto trabalhava em camadas de tinta sobrepostas na tentativa de evidenciar um gesto, as cores iam se mesclando à luz ora definidas, ora esmaecidas, interligando reflexão e pintura. Num dado momento, percebi que as imagens tinham ritmo e vida própria e que sua maior força estava na capacidade de atiçar o imaginário e a memória do espectador.
Alan Fontes, artista, professor e mestre em Artes Visuais pela UFMG e curador desta mostra escreveu o texto para o Catálago , o qual transcrevo uma parte abaixo:
“Sobre a Piscina

Quando penso na piscina de Rosângella, penso em como a imagem pintada se afirma inevitavelmente em um campo ampliado. Tal conceito, desenvolvido por Rosalind Krauss (1979) especificamente para narrar uma aproximação da escultura com a arquitetura e o espaço real rompendo os limites entre a obra e seu entorno, coincide com a própria ampliação da visualidade e permite uma transposição para as demais linguagens, e especialmente para a pintura.
A Piscina instaura uma metáfora, na qual uma analogia entre o objeto piscina e a ideia que temos de obra de arte poderia ser estabelecida. A Piscina de Rosângella funciona sob esse aspecto como um convite de imersão na obra.
Caminhar ao redor do trabalho significaria aceitar o convite proposto pela artista e participar da obra que se completa apenas na relação gerada com a instalação da pintura no espaço expositi vo.
A Piscina impossível criada por Rosângella passa a funcionar como uma piscina, na qual podemos adentrar. O intenso jogo de olhares e movimentos circulares em torno do trabalho amplia a sensação de impossibilidade do espectador de completar mentalmente a totalidade da imagem, uma vez que nos perdemos nas relações entre as figuras submersas, nas deformações e sensualidade dos movimentos representados e mesmo na organicidade da imagem pintada, que neste momento se revela por meio das camadas, veladuras e nuanças tonais que fazem da pintura uma imagem multidimensional de duração aberta.
Podemos pensar que o deslocamento do trabalho da parede para o chão, não rompe com as bordas tradicionais da tela, mas romperia os limites da imagem pintada para além da realidade bidimensional do suporte, promovendo uma verti gem diante de uma janela que se projeta para baixo e para toda a sala expositi va, nos ruído criados com a inserção da mobília real ao lado do trabalho e na presença do corpo do espectador.
Por fim, a Piscina pode nos fazer pensar na ampliação do próprio conceito de ampliação de campo.
Mas não uma ampliação que se revelaria uma frustação da pintura com as suas características naturais como a sua realidade objetual bidimensional, ou mesmo com a possibilidade de simulacro da pintura, mas sim uma ampliação que ocorreria com a aceitação das suas características como meio. Pintar hoje representaria uma postura de resistência à velocidade do tempo contemporâneo, uma resistência que se revela na crescente busca pela pintura por artistas em todo mundo, que vivenciam a pintura como um meio essencialmente artesanal no seu estágio de produção, mas amplamente intermidiático ao ser pensado como uma linguagem participadora de toda a gama de questões e problemas comuns à arte contemporânea.
O como fazer uma pintura seria buscado por Rosângella numa conjuntura onde a linguagem pictórica é naturalmente percebida como um meio de fronteiras flexíveis, no qual todas as variantes podem ser experimentadas e relativizadas. O tema piscina se coloca como um pré-texto para a busca pessoal da artista e para pensarmos através dela. Sendo assim, nos resta aceitar o convite ao mergulho.”

Em 2013, fui selecionada pela Galeria de Arte da Copasa, para a exposição “Além do Mergulho”, quando o artista e professor de Historia da Arte Contemporanea em cursos de pós graduação da PUC-Minas, Luis Flávio, escreveu o texto para o catálogo, uma parte reproduzida abaixo:

“Muito Além do Mergulho
As pinturas de Rosângella Menezes, que recorrentemente trazem figuras humanas – sobretudo femininas- quase sempre solitárias e imersas em piscinas, pertencem àquela categoria da criação que é irredutivel à palavra. É dificil falar delas: são visulalidades a serem sentidas, muito além do que legibilidades a serem deslindadas pelo discurso verbal. Neste seu mundo aquático e particular, corre um rio de ambiguidades: diferentemente dos mares e oceanos, as piscinas são fechadas, feitas de espaços exiguos e limites precisos. Nelas, a incontivel fluidez heraclianadas águas se depara com a imobilidade do ser de Parmênedes. Muito além de águas correntes, banhistas e mergulhadores, nelas encontramos também outros resíduos, signos ou sintomas dos estados que caracterizam emoções humanas complexas: introspecção, recolhimento, melancolia talvez. Mais do que figurar, o que suas pinturas parecem fazer é tornar visíveis imagens solitárias, densas, que paradoxalmente, deixam seus rastros profundos nos múltiplos reflexos da pura superficie fluida das águas...
Rosangella nos convida a mergulhar por águas nunca dantes penetradas... e ao fazê-lo, nos relembra que a pintura é, em essencia, matéria liquefeita: viscosa fluidez que desmancha nos olhos tudo o que antes era sólido, proponso outras formas de imersão à realidades, outras vias de acesso ao mundo.”

Atualmente, estou mergulhada numa pesquisa que de certa forma é uma extensão do que já vinha trabalhando: a introspecção, a solidão, o recolhimento do homem contemporaneo que vive num mundo paralelo e faz uso dos inúmeros recursos tecnológicos para esconder algo que tem assolado a muitos pelo mundo, que é a fuga da realidade, projetando num ambiente virtual o mundo imaginário que ele gostaria de ter.

É possível viver de arte no Brasil? 

A carreira de artista não é muito diferente das outras: precisa de dedicação, foco, persistência, muito trabalho e disciplina, além de uma certa dose de sorte. Penso que para produzir arte é necessário encontrar um sentido interno para produzir o trabalho, já para ter uma carreira de artista, além disso, você precisa saber viver aspectos mais objetivos do mercado de arte do seu tempo.Acredito que um bom trabalho mais dia, menos dia encontra o seu espectador, pois é um processo natural da profissionalização do artista e da assimilação do trabalho dele pelo mercado.

O material nacional para pintura já tem qualidade adequada?

Para falar a verdade gostaria de poder trabalhar só com produtos importados, mas é difícil a aquisição nas lojas de Belo horizonte. Quando vou a São Paulo sempre adquiro pincéis importados, que tem uma qualidade e durabilidade incrivelmente superiores. As tintas a óleo nacionais já têm boa qualidade, e eu uso sem problemas. É sempre bom pesquisar as novidades, pois existem produtos importados que não temos em qualidade equivalente por aqui e que facilitam incrivelmente o processo de trabalho e fazem diferença no resultado final.

O homem e a mulher estão em igualdades de condições no mercado?

Olha, acho que depende das circunstancias e dos artistas do momento.  Beatriz Milhazes e Adriana Varejão são exemplos de artistas brasileiras que representam o sucesso da mulher no mercado de arte.
Esta semana vi uma noticia maravilhosa vinda da Bienal de Veneza, onde o Leão de Ouro de melhor artista foi para a americana ADRIAN PIPER e para o Pavilhão da Armênia, organizado pela turca Adelina von Fürstemberg, onde entre os convidados está a brasileira Rosana Palazyan. Outra mulher recebeu uma homenagem especial: a artista americana, Joan Jonas, de quase 80 anos. Além destas, a artista mineira Sonia Gomes também está na Bienal de Veneza. Então, acredito que o mercado não tem preferencia por gênero e que o Artista é valorizado pela sua obra, independente de ser homem ou mulher!

Você foi selecionada para salão de Jatai, o que significa para sua carreira?

O Salão Nacional de Arte Contemporânea de Jataí/GO vem a cada ano colocando artistas de grande valor no circuito das artes, e ter sido selecionada nesta edição, me deu grande orgulho e alegria.
Ser selecionado em Salões de Arte é sempre um objetivo a atingir no inicio de carreira de todo artista, pois isto permite que o seu trabalho fique conhecido fora do seu local de atuação, abrindo espaço para que críticos, galeristas, colecionadores e curadores reconheçam seu trabalho, aumentando também o alcance do trabalho ao grande público. Por outro lado, acho interessante o intercâmbio entre artistas, pois este convívio é enriquecedor tanto para o artista local como para o que vem de fora.

Que comentários você faria sobre a situação da arte contemporânea de Belo Horizonte?

Belo Horizonte tem se tornado nos últimos anos um importante Centro Cultural, com ótimas Galerias de arte comerciais e Espaços Institucionais que divulgam nacionalmente e internacionalmente o nome de artistas mineiros ao mesmo tempo que traz para Minas muitas mostras de artistas nacionais e internacionais.
No Circuito das Artes situado na Praça da Liberdade temos um grande número de espaços culturais com a presença de importantes instituições como a Casa Fiat de Cultura, o CCBB, entre outros. Temos também o o Museu da Pampulha, o Palácio das Artes e o famoso Instituto Cultural Inhotim situado nas cercanias de Belo Horizonte com o que tem de melhor em Arte Contemporânea.  E para finalizar, neste mês teremos a primeira Feira de Arte Moderna e Contemporânea de Belo Horizonte, com a presença de importantes galerias que devem esquentar o Mercado de artes mineiro.

Quais são seus planos para o futuro?

Logo que entrei para a faculdade há 9 anos, eu dizia que tinha pressa pois não tinha muito tempo… mas aprendi que na arte como na vida,  é preciso dar um passo de cada vez!
Estou em inicio de carreira embora já esteja com 65 anos. Vejo um mundo à minha frente e vou seguindo meu caminho plantando minha arte. Pode ser que ainda colha os frutos deste trabalho. Pretendo continuar produzindo muito, viajar, conhecer o mundo, participar de  residências artísticas e fazer meu trabalho circular cada vez mais.
 

Piscina, 2011. Óleo sobre tela 940 x 340 cm dividido em vinte e oito módulos. Galeria Cemig.


 Piscina montada com vinte e oito módulos 125 x 35 cm.



Além do Mergulho, 2013. Galeria Copasa.


 Além do Mergulho. Detalhe.


Sem título, 2012. Óleo sobre tela. 40 x 40 cm.


Sem título, 2012. Óleo sobre tela 40 x 40 cm.



Sem título, 2012. Óleo sobre tela 40 x 80cm.




 Homo Digitalis IV, 2015. Óleo sobre tela. 40x50 cm.
 
Entre tantos, 2015. Óleo sobre tela 40x50 cm.

NOME:  Rosângela de Souza Menezes 
NOME ARTÍSTICO: Rosângella Menezes

Belo Horizonte,1950 
Endereço Eletrônico: rosangellamenezes@hotmail.com 
Telefones: (31)9990 5371 (31)8293 6060 

FORMAÇÃO: 

2009 - Graduação em Artes Plásticas (Pintura e desenho) UEMG – Escola Guignard 

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS: 

2011 - Piscina – Galeria CEMIG – Belo Horizonte/MG
2011 - Passagens – Galeria Biblioteca Publica de Minas Gerais
2011 - Piscina– Galeria Nello Nuno – FAOP – Ouro Preto/MG 

EXPOSIÇÕES COLETIVAS: 

2015 - 14ºSalão Nacional de Arte Contemporânea de Jatai - GO
2014 -  Grande Salão de Artes 2014 – Santa Bárbara d’Oeste - SP
2014 -  Fartura – Galpão Paraíso 44 – Belo Horizonte - MG
2013 -  Além do mergulho - Espaço Cultural da COPASA/MG
2012 -  “60 X 20”:Retrospectiva de Talentos da Galeria de Arte Cemig
2011 -  Imersão - Espaço Político Cult. G.Capanema/Assembléia de MG
2010 -  Encontros e Mestiçagens Culturais/ Breve Panorama da Pintura
Contemporânea de MG – CAC/ UFOP – Ouro Preto/MG
2010 -  Mulheres que pintam... e bordam...! E.E.M.G/ Belo Horizonte
2010 -  Premiados Mostra interna Escola Guignard – Belo Horizonte
2009 -  XI Mostra interna Escola Guignard – Belo Horizonte
2009 -  Mostra de Graduados em Pintura – Escola Guignard – B. Horizonte
2009 -  Mostra de Graduados em Desenho – Escola Guignard –B.Horizonte
2009 -  Diverso/Adverso – Galeria de Arte Cemig – Belo Horizonte
2008 -  I Mostra Interna Pequenos Formatos –Escola Guignard-B.Horizonte 

PRÊMIOS:

2009 - XI Mostra Interna Escola Guignard – Belo Horizonte

Marcio Fonseca, 1943. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Responsável pelos blogs art&arte marciofo,ocacadordeobjetos.blogspot.com e imagemsemanal juntamente com Brenda. Professor Adjunto Fac Med UFRJ e médico inativo; Estudou pintura e história da Arte com Katie van Sherpenberg e Arte contemporânea com Nelson Leirner http://arteseanp.blogspot.com.br/

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