Hernany L. Tafuri Ferreira J. - [Poeta Brasileiro]
Poesias do meu primeiro livro "Vertigens do Tempo"
(Valor com frete incluído: R$ 10,00)
Homens
Pastam bois, mansamente.
Pastam, simplesmente por serem bois.
Homens, por serem homens,
arrastam-se sempre querendo mais.
Cavam, cavam suas covas
garimpando ouros de morte,
peneirando riquezas falsas,
alicerçando o caos
de suas vidas.
Voam pássaros.
Cantam; humildes, encantam
suados homens que
repousam sobre seus túmulos.
Caem das árvores
frutas que não foram
colhidas. Adubam o solo,
são esmagadas pelos pés
dos homens, que acabarão feito elas.
Quando
Quando:
os beijos esfriarem,
os olhos perderem o brilho,
as mãos mantiverem-se inertes,
nas barrigas não houver mais o 'friozinho',
as horas passarem sem deixar rastro,
a fala não for mais ouvida,
a presença não for mais notada,
a ausência não for mais chorada,
a distância não for mais um fardo,
o desejo transformar-se em rotina.
Quando dois não mais forem um,
e nem mesmo o que for
externo tiver importância
(gestos, pele, cabelos),
o amor, simplesmente,
não mais terá sentido.
Vertigem do tempo
Vertigem do tempo, vertigem:
segundo a segundo formando
um minuto a minuto formando
uma hora, um dia, uma vida.
Vertigem do tempo, vertigem:
quem sou? O que resta
de mim nesta pálida figura
que versa, que chora,
que atravessa o mundo
com o tempo pingando
dos olhos como lágrimas
construindo o arrebol
de um sol atômico?
Vertigem de mim, vertigem:
o que crio sou eu? O que faço
perde-se no vazio
do silêncio contido no
eu te amo de sempre, no
vá e não volte, suporte
imperfeito para o esquecido
solilóquio inaudível?
Vertigem do tempo, vertigem:
onde estou?
Poesias do meu segundo livro "(Quebrando) Objetos Inúteis"
(Valor com frete incluído: R$ 15,00)
Poema solto
caro leitor
de antemão o interpelo:
o que aqui procuras?
o que queres de mim
ou melhor: o que pensas
que sou?
imaginas que eu seja isso
aqui escrito?
pobre de ti, leitor!
podre de mim que o engano,
engabelo senduvidamente
criando imagens à tua frente e tu,
ingênua figura, deitas sobre
minhas letrinhas calculadamente
postas cá, no que ouso chamar de
“poema” e: ooooooooooh!
coitado de ti
caro leitor!
teus aplausos ou vaias
guarda-os! o arder de teus olhos
em lágrimas? putz! a ti
devem valer alguma coisa!
sou um ratinho roendo palavras!
ruidosamente rumino rotos restos de frases:
sintagmas! sílabas! letras em frangalhos!
caro leitor
estou a solta!
(grato por esconderes
teus calcanhares!)
É teu!
cada página, um
feudo cujo senhor
és tu, leitor!
minha obrigação - nosso
vínculo - estas letrinhas
porcamente organizadas,
dadas a ti como fração
inexata da ideia que me tomou
de súbito.
a utilidade destes versos
está em tuas mãos:
faze deles o que bem
o queiras; rasga-os!, queima-os!,
guarda-os junto ao peito se
isso é o que te faça bem!
caso não te agrade o poema,
caro leitor, degola o eu-
lírico que o habita
ou deixe o poeta viver
em paz!
Singelo poema de despedida
Talvez,
enquanto arder a vida em nossos olhos,
caminhes desgarrada de mim.
Talvez eu tente explicar
às paredes deste lugar enferrujado
que tudo não passou de nadinhas
daqueles calculadamente inexatos.
Talvez eu durma nos braços
tropicais desta solidão,
passeando por uma cidade cada vez
mais cinza, de um mundo cada vez
mais próximo, cada vez mais frio,
cada vez mais.
Talvez!
No fim,
tudo se resume
ao mais precário e inútil álbum de recordações:
nossa memória.
Hernany Luiz Tafuri Ferreira Júnior
Todos os direitos autorais reservados ao autor
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