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Hernany L. Tafuri Ferreira J. - [Poeta Brasileiro]

Hernany Luiz Tafuri Ferreira Júnior nasceu em Juiz de Fora/MG em 1982. É servidor da Universidade Federal de Juiz de Fora, instituição na qual cursa Letras/ Noturno. O autor ganhou 14 prêmios em concursos literários nacionais e internacionais, participou de diversas antologias de contos, crônicas e poesias a nível nacional e internacional e publicou, em 2008, com apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura Murilo Mendes, do Município de Juiz de Fora, o livro de poemas “Vertigens do tempo” o qual recebeu o prêmio de Melhor Livro Estrangeiro de Poesia Jovem da Accademia Internazionale “IL Convívio” Castiglione di Sicília (CT) – Itália. Em 2010, novamente com o apoio daquela Lei, publicou, junto aos amigos Alexandre Vieira e Carolina Fellet, o livro de contos “III em Contos”. Contatos com o autor: htpoeta@yahoo.com.br


Poesias do meu primeiro livro "Vertigens do Tempo"
(Valor com frete incluído: R$ 10,00)




Homens


Pastam bois, mansamente.

Pastam, simplesmente por serem bois.

Homens, por serem homens,

arrastam-se sempre querendo mais.

Cavam, cavam suas covas

garimpando ouros de morte,

peneirando riquezas falsas,

alicerçando o caos

de suas vidas.



Voam pássaros.

Cantam; humildes, encantam

suados homens que

repousam sobre seus túmulos.



Caem das árvores

frutas que não foram

colhidas. Adubam o solo,

são esmagadas pelos pés

dos homens, que acabarão feito elas.



Quando



Quando:

os beijos esfriarem,

os olhos perderem o brilho,

as mãos mantiverem-se inertes,

nas barrigas não houver mais o 'friozinho',

as horas passarem sem deixar rastro,

a fala não for mais ouvida,

a presença não for mais notada,

a ausência não for mais chorada,

a distância não for mais um fardo,

o desejo transformar-se em rotina.



Quando dois não mais forem um,

e nem mesmo o que for

externo tiver importância

(gestos, pele, cabelos),

o amor, simplesmente,

não mais terá sentido.



Vertigem do tempo



Vertigem do tempo, vertigem:

segundo a segundo formando

um minuto a minuto formando

uma hora, um dia, uma vida.



Vertigem do tempo, vertigem:

quem sou? O que resta

de mim nesta pálida figura

que versa, que chora,

que atravessa o mundo

com o tempo pingando

dos olhos como lágrimas

construindo o arrebol

de um sol atômico?



Vertigem de mim, vertigem:

o que crio sou eu? O que faço

perde-se no vazio

do silêncio contido no

eu te amo de sempre, no

vá e não volte, suporte

imperfeito para o esquecido

solilóquio inaudível?



Vertigem do tempo, vertigem:

onde estou?


***


Poesias do meu segundo  livro "(Quebrando) Objetos Inúteis"

(Valor com frete incluído: R$ 15,00)

Poema solto


caro leitor

de antemão o interpelo:

o que aqui procuras?

o que queres de mim

ou melhor: o que pensas

que sou?

imaginas que eu seja isso

aqui escrito?

pobre de ti, leitor!

podre de mim que o engano,

engabelo senduvidamente

criando imagens à tua frente e tu,

ingênua figura, deitas sobre

minhas letrinhas calculadamente

postas cá, no que ouso chamar de

“poema” e: ooooooooooh!



coitado de ti

caro leitor!

teus aplausos ou vaias

guarda-os! o arder de teus olhos

em lágrimas? putz! a ti

devem valer alguma coisa!



sou um ratinho roendo palavras!

ruidosamente rumino rotos restos de frases:

sintagmas! sílabas! letras em frangalhos!



caro leitor

estou a solta!



(grato por esconderes

teus calcanhares!)



É teu!


cada página, um

feudo cujo senhor

és tu, leitor!



minha obrigação - nosso

vínculo - estas letrinhas

porcamente organizadas,

dadas a ti como fração

inexata da ideia que me tomou

de súbito.



a utilidade destes versos

está em tuas mãos:

faze deles o que bem

o queiras; rasga-os!, queima-os!,

guarda-os junto ao peito se

isso é o que te faça bem!



caso não te agrade o poema,

caro leitor, degola o eu-

lírico que o habita

ou deixe o poeta viver

em paz!



Singelo poema de despedida



Talvez,

enquanto arder a vida em nossos olhos,

caminhes desgarrada de mim.

Talvez eu tente explicar

às paredes deste lugar enferrujado

que tudo não passou de nadinhas

daqueles calculadamente inexatos.

Talvez eu durma nos braços

tropicais desta solidão,

passeando por uma cidade cada vez

mais cinza, de um mundo cada vez

mais próximo, cada vez mais frio,

cada vez mais.

Talvez!



No fim,

tudo se resume

ao mais precário e inútil álbum de recordações:

nossa memória.

Hernany Luiz Tafuri Ferreira Júnior
Todos os direitos autorais reservados ao autor

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