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Giovani Iemini [Escritor, Historiador e Poeta Brasileiro]

Giovani Iemini, é escritor, motoqueiro, cachaceiro, peladeiro, leitor voraz, cactólogo, historiador, gibizeiro, roqueiro, (ex) cabeludo, músico (frustrado), enxadrista, pintor, marido e conhecido nas redondezas como o amigão de todas as horas.
é candango, formado em História pela UnB (Brasília,DF) e criador do Bar do Escritor. Escreve pois não tem muito o que fazer. Foi publicado nuns livrinhos, nuns sites, nuns sacos de pão, mas nunca ganhou concursos de literatura nem dinheiro por seus textos. É anarquista, ateu e embriagado por conhecimento. Ainda não viajou pelas estrelas.

Foi publicado na coletânea Todas as Gerações – o conto brasiliense contemporâneo, de 2006, organizado por Ronaldo Cagiano; na revista anual da Academia Cachoeirense de Letras de 2005 e 2007, na antologia  poética Valdeck Almeida de Jesus de 2008. Publicou os livretos Zine Bar do Escritor e Casos de Mão Branca em 2007 e os livros antologia Bar do Escritor de 2009.

Publicações

Coletânea Poética do Guará (2011 - organização Adilson Cordeiro Didi).
Mão Branca (2009 – Editora LGE)
Bar do Escritor – Terceira dose (2011 – organizador).
Bar do Escritor - Blend. 2010 (2010 – organização Cristiano Deveras).
Bar do Escritor – Anarquia Brasileira de Letras (2009 – organizador).
Coletânea Poética do Guará (2009 - organização Adilson Cordeiro Didi).
Antologia Poética Nº 3 (2008 - organização Valdeck Almeida de Jesus).
Todas as Gerações: o conto brasiliense contemporâneo (2006 - organização Ronaldo Cagiano).
Revista da Academia Cachoeirense de Letras (2005 e 2007 - organização Solimar Soares da Silva).
Zine Bar do Escritor – 2007. independente, organizador.

Contatos/Sites:
www.bardoescritor.net




Algumas Crônicas , Contos e Poesia de Giovanni Lemini

Crônica 

O Homem de Três Corações

   Desde cedo me acostumei com a reação das pessoas quando eu contava que meu pai era de Três Corações.
   -  cidade do Pelé!
   Me envaidecia, a maioria das cidades de pessoas que vieram para Brasília era desconhecida. A do meu pai não, lá tinha nascido uma das celebridades mais famosas do mundo. As outras eram Beatles e Jesus Cristo. Meu pai, cristão, adorava os Beatles mas, curiosamente, não gostava muito do Pelé.
   - o negão nunca fez nada pela cidade.
   Eram os anos oitenta, Pelé ainda não descobrira o marketing de se mostrar “um homem de três corações”.
   Os anos passaram, as ações humanitárias e pacíficas do Pelé confirmaram-se legítimas e originais, sua imagem firmou-se com uma amplitude superior a do atleta do século. Sua cidade tornou-se quase nazarena, uma meca do profeta boleiro. Meu pai continuava não gostando dele. 
   - agora se aproveita da imagem da cidade.
   Me divertia essa bronca desmotivada. Eu estava ainda mais satisfeito com a ligação da minha família com uma personalidade tão mundial. Então, inauguraram uma estátua enorme do rei no balão de entrada da cidade. Ele está socando o ar, sua pose mais conhecida, contudo, pitorescamente, parece também estar jogando uma pedra. Alguns, maldosamente, dizem que joga uma pedra sobre Três Corações. Meu pai detesta a estátua. Afinal, qual seria o motivo de seu desprezo?
   - contra o Pele? Nada. É um grande sujeito, pessoa nobre.
   Finalmente entendi a visão tricordiana de meu pai. Ele era orgulhoso de Três Corações, independente do Rei do Futebol também ser dali. Achava que a cidade fez mais pelo atleta que o atleta por ela, era como se nascer em Três Corações fosse uma vantagem para o Pelé, não o contrário. Mesmo que ele não se tornasse quem é, ainda seria um favorecido por ter nascido lá. Para meu pai, quando o Pelé entendeu isso, ele se aproveitou da cidade sem oferecer nada em troca, diretamente ou não, pois a cidade não ganhou com sua imagem, embora seja a Nazaré do Nascimento, nunca houve o lucrativo turismo ou algum benefício do estado.
   Essa percepção era partilhada por todos: o Pelé era um cara legal, mas como todos os outros da cidade, era apenas mais um abençoado tricordiano, agraciado pela felicidade e o marketing de ser uma pessoa de Três Corações.
   E eu compreendi que o orgulho que eu sentia ao descobrirem que meu pai nasceu em Três Corações era similar. Não era o Pelé que tornava a cidade especial, era o meu pai. O verdadeiro homem de três corações era ele.
   Ele era meu pai, oras, para mim, a pessoa mais famosa do mundo.





Conto

Um conto com o Mão Branca - parte I de II
Ensinando o padre a rezar missa
ou
O aviãozinho e o coroinha

   Um chegado me contava que foi contratado para levar um pacote de Brasília a Barcelona. Grana boa, bastava não fazer perguntas.
   - aviãozinho!
   Ele confirmou meio cabisbaixo. Disse que o contratante era barão de responsa, negócio firmeza, não ia dar merda.
   - se der, será na tua cabeça.
   Aquiesceu, condescendente. Explicou, contudo, que precisava da grana, coisa e tal.
   - porra, arranja teu próprio avião.
   - como é?
   - tu é o avião do trafica. Arranja teu próprio avião pra se livrar do flagrante.
   - como?
   - bota alguém pra levar o pacote.
   - mas vou ter que pagar as passagens do cara, meu lucro será mínimo.
   - melhor que ser ganho pelos meganha. - Conclui.
   Ele parecia fazer uns cálculos mentais enquanto decidia por aceitar meu conselho. Voltou a me procurar uma quinzena depois.
   - mermão, quase que me fodi, inda bem que te escutei. Arrumei um broder pra levar o pacote, embarcamos no aeroporto como se não nos conhecêssemos, logo que passei pelo detector de metais, fui escoltado pelos canas pruma salinha onde minha mala me esperava ao lado dum delegado. “a mala é tua”, ele falou como se já soubesse que tinha merda ali. Fiquei puto. Percebi na hora que o barão tava me sacaneando. Como é que você chama mesmo?
   - coroinha.
   - isso, coroinha, aquele que passa o conto no vigário.
   - não. - Sorri. - coroinha é aquele que tenta passar o conto do vigário no próprio vigário.
   - ou isso, foda-se. - Meu chegado estava possesso. - o próprio barão tinha me delatado. Sei que agem assim para fazer um agrado pra polícia. Às vezes os meganhas ficam com a mercadoria. Noutras há suborno. É tudo uma treta! O barão me jogou no fogo para ficar bonito na fita. Filho da puta.
   - normal. - Resmunguei. - parecia mesmo bom demais para ser limpeza.
   - mas não acabou ai. Lá em Barcelona não havia ninguém me esperando, o barão pensou que eu seria preso, a carga ficaria pros meganhas. Peguei o pacote com meu broder logo que saímos do aeroporto. Eram dois quilos de cocaína. Da boa. Vendi nas ruas mesmo, perto do cais. Barato. Quando viam a qualidade da parada, compravam mais na tora. Os pacotes não duraram três dias. Sabe quanto ganhei? Quase sessenta mil euros. Maior grana, cara.
   Ele puxou um saquinho de plástico do bolso e me estendeu umas pílulas brancas, azuis e vermelhas.
   - êxtase. Comprei cinquenta mil euros em êxtase. Dos três tipos: branca foi dois euros, azul foi cinco e vermelha sete. Aqui eu vendi a mais barata por dez euros.
   Riu como se estivesse com as bolas em salmoura. Eu engoli as três pílulas.
   - sabe como eu trouxe as pílulas sem problemas? Coroinha.
   Eu sorri. Estava gostoso sorrir. Pensei em água.
   - enquanto eu vendia a coca, conheci uns passadores. Fiz contatos e arrumei um encontro com o rei do êxtase de Barcelona. Fui lá todo bonitão, falei meu nome, disse que era de Brasília, sorri bem simpático, quase babaca. Peguei os cinquenta mil em êxtase, contados na minha frente, e voltei pro aeroporto todo serelepe. Na alfândega, de novo baculejo da polícia. Fiquei dois dias em interrogatório. Meu broder voltou pra cá, sem problema, enquanto enfiavam o dedo no meu cu, tiravam radiografia da minha barriga e rasgavam minhas roupas, mas não acharam nada, é claro. Sai livrinho feito uma gazela saltitante. 
   Riu mais uma vez, agora parecia ter limão na salmoura. Eu estava com tanta sede que beberia até aquela água de escaldar as bolas do saco. O êxtase explodia em minha cabeça. Eu queria acompanhar o discurso do meu chegado com estalos ritmados de dedos, mas achei que ele caçoaria da  minha percepção musical.
   - lucrei uns duzentos e cinquenta mil. Euros, cara. Daquele dia até hoje. Vou ficar rico.
   - parabéns. - Thurum thurum.
   - você quer tua parte em grana ou produto?
   - minha parte? - Thanam!
   - você me deu o bizu do avião. Eu seria preso sem teu conselho. Depois me lembrei das tuas histórias do Mão Branca, o tal matador de gente ruim, explicando o caso do coroinha que passava o conto no vigário. Me inspirou pra enganar o rei do êxtase de Barcelona. Tanto ele quanto o barão daqui de Brasília tentaram me sacanear, mas você me safou com tuas dicas.
   Sorri. Aquele meu broder merecia minha ajuda. Ele era traficante, não bandido. As droguinhas só fodiam os idiotas, não os clientes dele, gente honesta, trabalhadora e doidona.
   - meio a meio. Paga minha assessoria em tipo e espécie. Thubirum pah!
   Ele me mirou meio sorridente, poderia surgir a temida caçoada.
   - tá tocando música na tua cabeça, né?! Rock?
   - oh yeah, oh yeah.
   Ele puxou uma vermelha do saquinho e mandou pra dentro. Busquei duas geladas e ficamos ali, batucando os dedos e soltando barulhos pela boca, eu me sentia como o surdo Beethoven na companhia de Scatman John. Compúnhamos sons que pareciam peidos transcendentais. Eu estava satisfeito. Drogas, fumos e bebidas conseguiam me tirar o peso do tempo, meu tédio ficava em suspenso, o outro sentimento que me possuía era a satisfação pela vitória do meu chegado. Mas, lá no fundo, eu temia que o assunto ainda não estivesse no fim. O porra do barão de Brasília poderia querer compensação. Eu precisava alertar o novo rico. O momento, contudo, era pra aproveitar o pam pararam pam pamhmhm.



Poesias

face666ook

6eiscentos e 6essenta e 6eis amigos
de facebook adoram odiar
o BBB (bbb ou 666).
que Baita Bobagem Bruta
se facebook é o bbb na interNerd
não cuspa em si
nesta sexta 13 de 2012
pois há matemática nessas letras.

é sua obrigação
para existir na plenitude.




Giovani Iemini Segunda Parte Literatura no Detalhe 30 Feira do Livro de Brasilia




Sinopse do Livro "mão branca"


A lenda de Mão Branca surgiu nas disputas pelo controle de contrabando em Chicago no EUA nos anos 1920. Era o grupo de extermínio dos dedo-duros ou traidores. No final dos anos 60, na baixada fluminense, surgiu novamente Mão Branca, agora um grupo de extermínio que eliminava criminosos e infratores.

Nos anos 70 houve um boato que o Mão Branca viria para o Goiás. Dezenas de infratores se entregaram nas delegacias com medo da lenda.

A idéia de uma pessoa ou um grupo que tome o lugar do Estado (Brasil) nas ações de proteção que estão sem segurança é antiga, e, vê-se hoje, até comum. Certamente não é a forma mais correta, contudo é a única maneira de se fazer valer alguns direitos que não são respeitados pelos poderes constituídos.

Mão Branca (FAC / LGE, 2009) é um justiceiro anarquista que seque os próprios conceitos em benefício da comunidade. Tem um rígido código moral, embora seus valores sejam diferentes daqueles defendidos pelas leis. É a atitude rebelde, é a defesa dos interesses.

As histórias de Mão Branca suscitam a discussão a respeito dos valores sociais, dos atos repressivos, das leis antigas e dos conceitos abstratos de justiça e verdade.

As histórias apresentadas no livro de contos são sempre motivadas por alguma notícia de jornal em que há algum crime absurdo, seja por sua violência ou pela sua gratuidade. Os atos que levam o criminoso a cometer a injúria e, consequentemente, a maneira como o justiceiro Mão Branca irá cumprir a vingança é a escada para alcançar o melhor padrão para discutir conceitos jurídicos e sociais que não mais pertencem ao senso comum, porém ainda existem na ordenação legal.

Os atos do personagem são sempre violentos e regados a situações incorretas, porém as convicções e as visões são consideradas justas. A ambigüidade é o que torna a situação tão interessante, pois o leitor acaba torcendo para um “matador de aluguel” que usa tóxicos e despreza terminantemente qualquer tipo de violência sexual tanto quanto odeia corruptos. É atraente sem deixar de ser questionador.

A publicação de um livro com os contos do MB que já circulam na interNerd há alguns anos é o auge do ciclo de histórias que discutem e analisam política, criminalidade, justiça e ação da polícia e de bandidos na sociedade multi-cultural e inter-disciplinar em que convivemos e, dos quais, curiosamente nos mantemos distantes. A percepção de alguém que luta com suas próprias armas para transformar o meio que o cerca em algo melhor para se viver é enaltecedor, contudo, este guerreiro usa armas e tem conceitos que assustam tanto a vítima (que sempre está fora de ordem) quanto o contratante (que deve ser sempre alguém injustiçado). Seria ele legítimo para fazer o que faz ou é apenas mais um bandido com ilusões de Zorro?

A intenção precípua das Histórias de Mão Branca é elevar a abrangência das discussões e das formas de pensamento a respeito das atitudes dos cidadãos e das autoridades responsáveis pelo poder.

O público do livro, que vai do universitário ao juiz de direito, é o adulto que lê jornais e busca informações na internet. É a oportunidade de trazer para o mundo real as divagações de um anti- herói rebelde porém nobre.

As Histórias de Mão Branca acontecem sempre ao redor de Brasília, mostrando alguns de seus ambientes mais esquecidos e obscuros, como os locais em que são desovados cadáveres em Sobradinho ou na “terra-sem-lei” perto de Planaltina. O linguajar apresentado é predominantemente candango e os casos em que o personagem se mete são todos baseados em crimes ocorridos no DF.

A resolução das situações de maneira ágil e definitiva reflete o desejo dos brasilienses em ver a baderna que se tornou a segurança pública sendo controlada por alguém sem medo de errar ou de perder o cargo político. Alguém que quer fazer a coisa certa.

Para adquirir o livro, acesse: Mão Branca

Giovani Iemini
Todos os direitos autorais reservados ao autor.

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