Marisete Zanon. Nascida em São Paulo (capital), criada em
Porto Alegre e agora radicada em Foz do Iguaçu – Pr. Integrante da ALEOP –
Academia de Letras do Oeste do Paraná. Escritora premiada no Concurso de
poesias Helena Kolody em 2003 em nível nacional com o poema Mulher, poeta mulher
e duas classificações em concurso de poesias em Foz do Iguaçu. Artista visual
com participações em Salões com Circuito Oficial e Bienais, Ganhadora do Prêmio
no Salão do Exército em Foz do Iguaçu e professora de artes visuais.
Atualmente dedica-se mais a literatura.
Alguns
poemas e texto de Marisete Zanon
Papel de boba
Passei
horas alinhavando palavras que eu queria te dizer
e muitas ficaram espetadas apenas na imaginação
não sei, minha memória muitas vezes boia no esquecimento
de uma tarde de verão
num céu azul cheio de estorninhos...
não consigo respostas
as mais simples se tornam um tormento
e ficam martelando minha angustia
cansei-me de esperar sentindo o tempo escoar
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…
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sem respostas...
Amor solitário
Meu amor é um sonho impossível
é água que não molha
remédio que não cura
alegria sem riso.
É um cão sem osso
um poeta sem musa
par de chinelo sem dono
um blogue sem visita.
É um nu sem dorso
um pacote sem adorno
time sem torcida.
É amor sem esperança
bailarina sem dança
menina sem fita.
É amor sem desdém...
Meu amor é um anjo
que nunca diz amém!
Sofia
Sofia. Eu amo Sofia. Sempre que surge a minha vida
muda. Muda e então é só ela que vive em mim e eu fico muda. É ordinária,
lasciva e linda. Sofia é linda. Trai seus sentimentos por mim e é linda. A
criatura mais linda que já conheci neste mundo. Quando ela surge, eu fico
diminuída. Viro miniatura de mulher e de sonhos. Todos meus sonhos são ilusões
concretas perto dos sonhos de Sofia. Sofia nem sonha, ela acontece em todos os
momentos que surge. Seus cabelos negros me fascinam. Eu morro pra tocar em seus
cabelos macios, finos e longos quando ela os arruma. Mas ela me trai. Sofia me
trai. A invejo nos seus movimentos, no seu caminhar, no seu arrastar e deslizar
sobre os lençóis. A invejo por mendigar um pedaço de carne humana pra
satisfazê-la. Sofia não se importa em se humilhar quando quer fazer sexo e não
se importa em onde fazer. Eu me reviro por dentro de ciúmes de Sofia. Ela é
cruel comigo. Quando vai embora me deixa derrotada. Sofia faz sexo com luxúria.
Ela é a própria luxúria. Sofia se entrega de corpo e alma e meu coração dói.
Meu coração fica dilacerado por essa meretriz. Ela se deita com quem deseja.
Deita e fica em outras posições também. É uma vagabunda. Sofia é uma vagabunda!
Maldita vagabunda! Eu amo quando ela põe seu traseiro na mira, eu lubrifico, eu
encharco toda. Quando Sofia chega, separo as lingeries que ela gosta de usar.
Separo os sapatos de Sofia e as suas roupas. Sinto-me humilhada por Sofia. Ela
sempre leva a melhor sobre mim. Não me importo. Eu sou sua serva e eu amo
Sofia. Maldita seja Sofia! Escarnece de mim e eu continuo a servi-la! Observo
quando se deita com alguém, despudorada, serve de banquete nas mãos de quem ela
também deseja. Sofia se abre toda, melada, lambuzada de sêmen e abate a sua
presa sem pressa nenhuma. Eu que cuido dos prazeres de Sofia, cuido do corpo de
Sofia, do sorriso de Sofia, das lágrimas de Sofia. Principalmente das lágrimas
de Sofia, porque sou eu quem as choro e fico vazia quando vai embora.
Mulher, poeta
mulher
Desempoeirava
as lembranças
com o aspirador de pó.
Arrumava as saudades
na cama.
Guardava as dores
nos armários.
Acendia a alma
no fogão
Temperava os desejos
nas panelas.
Misturava na batedeira
as emoções.
Lavava as tristezas
na lavadora automática.
A ferro,
passava as ilusões.
Estendia nos varais
as alegrias patéticas.
Na centrífuga extraía
sua essência completa.
No teclado digitava
a vontade de ser poeta...
Marisete Zanon
Todos os direitos autorais reservados a autora.
2 comentários
Obrigada por publicar na Revista Biografia Daufen Bach! Um abraço!
Marisete,
eu gostei muito dos seus poemas! Eles têm força e personalidade. Gosto disso. Acabei amando e odiando Sofia também kkkkk
Beijos
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