Adoro milhares de outras coisas também, mas namorar é namorar. É botar
pra fora ideais eróticos e românticos. É dar corpo ao afeto. Abrir a
porta e pular no pescoço do prazer de estarmos vivos. É festejar a vida
do outro. Deixar a leveza regar. E neste frio com Sol, café da manhã com
vinho tinto, bombom, uma flor à tiracolo, eu te amo.
Ah! Eu adoro namorar. Chamem-me do que quiserem, mas pretendo namorar
até os 93 anos. Do Carlinhos no pré-primário ao felizardo que comer meu
bolo de laranja lá na Casa Amarela.
Quero viver namorando. A velhinha dos olhos mais brilhantes da cidade,
ouvindo tango. E naquele último dia, as mãos no queixo, janela aberta e a
vida se despedindo num suspiro.
Quero uma vida em plena descoberta e com a máxima proximidade do outro.
Enxergá-lo. Redescobri-lo. Mudar junto no tempo. Revelar-me.
Redescobrir-me. Compartilhar meus segredos. Utopia? Se o universo está
se expandindo, oras bolas, eu tô dentro.
Assumo todos os riscos para ser o que sou e poder enxergar o outro como
ele é. Assumo todas as lágrimas e todas as gargalhadas. Assumo tudo o
que rasga e o que acaricia. Assumo tudo o que dói e o que preenche de
alegria. Assumo o contínuo estar sendo. Porque sou soldada da Vida. É
assim que ela pulsa em mim. Não brigo com ela.
Em troca, quero todas as braçadas nas águas do amor as quais tenho
direito. Afundar, mergulhar, voltar à superfície, atravessar as ondas,
cíclica, em movimento. E se o imaginário do mar – velho e batido, eu sei
– é tão ligado ao amor, isso não se deu à toa e não venham botar a
culpa em Camões.
É de horizonte imenso, de frescor, de idas e vindas, turbulência e
calmaria, cheias e ressacas. É de água o planeta. De água as lágrimas, o
suor e o gozo. De água o que somos, como escorremos e nos preenchemos
uns dos outros.
Amor é d’água.
E seus caminhos múltiplos. Daí que se eu tiver de escolher entre amizade
ou namoro, eu quero namoro. Entre sexo ou namoro, eu quero namoro.
Entre casamento ou namoro, eu quero namoro. E se tudo puder ser, sem
condicionantes, eu quero tudo com namoro. Porque namoro é gerúndio do
amor. Está no centro da alegria. É vento serelepe que levanta a saia da
vida. Combustível que dá energia.
Vejam que tudo começou no dia em que o Carlinhos do pré-primário
resolveu botar um chocolate debaixo da minha carteira... Daria meu reino
pelo retrato daquele espanto ao sentir o papel laminado com a ponta dos
dedos sobre a cartilha “Caminho Suave”. Desde então, cá estou enamorada
do amor.
Ok, nem sempre o amor é fácil. Dá um trabalho... Mas namorar é o que o
alimenta. Faz um bem danado e é mais simples do que dizem as receitas.
Basta desligar o interruptor e baixar o tom da roda-viva. Botar uma bela
bossa para embalar os pensamentos. Acender as velas, uma a uma, e falar
baixinho. Ou nem falar, apenas observar a chama dançando nos olhos
alheios. De pupila pra pupila.
Feliz Semana dos Namorados, um dia só é pouco pra gente comemorar como se deve!
Tatiana Carlotti - Balzaquiana
convicta e amante das letras. Pulsa no Centro de São Paulo ao lado do Balzac,
seu gato. Acredita na força da delicadeza e na densidade da leveza. Ama
bastante. Ainda sonha... Site: SobremargenS.
4 comentários
O namoro é o alimento da alma quando correspondido, a lenha que acende a fogueira, a tocha que queima lentamente...
Concordo plenamente! Beijo!
Eu adoooooro os textos dessa menina! Parabéns!
Obrigada Mirian! Beijo
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