Cristina
Campos
é graduada em Letras e mestra em Educação, pela Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT, 1983; 1997); e doutora em Educação, pela Universidade de São
Paulo (USP, 2007).
Leciona Língua Portuguesa e Literatura no Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – Campus Cuiabá. Publicou o
livro Pantanal Mato-grossense: o Semantismo das Águas Profundas (Entrelinhas,
2004); e Conferência no Cerrado (TantaTinta, 2008).
É produtora da publicação
literativa Dazibao, fruto de um projeto que estimula a criação literária a
partir de laboratórios vivenciais, realizado com professores e alunos do IFMT
–Campus Cuiabá e outras instituições educacionais; é revisora e organizadora de
diversas publicações.
Livros
Pantanal Mato
Grossense, o Semantismo das Águas Profundas
Cristina Campos.
Valor:
R$ 25,00 + R$ 6,80 frete*
Editora:
Entrelinhas
Ano:
2004
Estante:
História do Brasil
Peso:
n/d
Cadastrado
em: quarta-feira, 16/1/2008.
Descrição: "Este livro
nos convida a mergulhar nas águas profundas do universo mítico e imaginário do
homem pantaneiro. A percorrer seus meandros e labirintos. Nele, a autora se
propõe o desafio de revalorizar a identidade e a cultura regional
mato-grossenses."; Brochura, Ilustrado, 240 páginas, Bom Estado.
Pantanal
Mato-grossense – O Semantismo das Águas Profundas”,Cristina Campos dá
um mergulho nas águas profundas do universo imaginário do homem pantaneiro.
Lançada em 2004, a obra faz uma análise com grande sensibilidade poética das
imagens míticas que configuram o imaginário dos pantaneiros em torno do
semantismo das águas profundas, da serpente, e do ouro, revelando a sua relação
com a natureza.
As
histórias e os “causos” recolhidos revelam a riqueza de um imaginário que tenta
captar o desconhecido, através de fatos concretos. O resultado é uma descrição
poético cultural do Pantanal, na qual as imagens presentes no imaginário
pantaneiro são revalorizados. O livro é cercado de belas imagens sobre o
universo cultural da região, entre os fotógrafos participaram José Luís
Medeiros, Mário Frielander, Waldemar Manfred Seehagen, Sandra Márcia Laet, e
ainda fotos cedidas de Arne Sucksdorff pela sua família.
Conferência no
Cerrado é uma narrativa infanto-juvenil com temática voltada à questão
ambiental. A história, escrita originalmente por Durval de França e recriada
por Cristina Campos, tem como protagonistas seres encantados que povoam o
imaginário de culturas tradicionais da Baixada Cuiabana: Currupira, Pé de Garrafa,
Negrinho D’Água, Mãe do Morro, Tibanaré e Boitatá.
Sob
inspiração de Currupira, essas forças protetoras da natureza, indignadas com a
ação predadora do homem sobre o meio ambiente, organizam uma conferência na
caverna Aróe-Jari, em Chapada dos Guimarães-MT, para discutir que providências
tomar a respeito. Suas estratégias de deslocamento até a caverna são
fantásticas. O evento, revestido de magia, dá muito o que falar e mobiliza todo
o povo da região.
Chama
atenção a impecável ilustração de Ricardo Leite, que amplia a recepção da obra
para um público universal. A publicação do livro foi viabilizada pela Lei
Estadual de Incentivo à Cultura.
O
livro foi construído durante quatro anos de trabalho, em que esteve debruçada sobre
a obra do escritor e o resultado é uma tese de doutorado que lança uma nova
visão sobre o imaginário criado por esse cuiabano que hoje é considerado um dos
maiores poetas vivos do país. Será um momento de celebração da música e da
poesia, com a participação de músicos, atores e escritores mato-grossenses, em
Chapada dos Guimarães.
Fã
incondicional dos versos de Manoel de Barros, Cristina apresenta uma leitura
das imagens simbólicas presentes na obra do poeta e sua ancoragem mítica.
Imagens que também são muito próprias da autora. "Sempre que leio as
poesias de Manoel de Barros, sinto-me imediatamente transportada para a Cuiabá
de minha infância, o rio Coxipó, bichos, árvores e pessoas com os quais convivi
num passado recente". E continua: "achei importante situar bem a obra
barreana no contexto socioambiental pantaneiro, porque a linguagem e as imagens
simbólicas que aparecem nos seus textos nos dizem respeito, falam de sensações
e percepções que compartilhamos, afinal, Manoel de Barros nasceu em Cuiabá,
possui raízes em Livramento e Corumbá".
A
doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) aproveita deixa para
manifestar sua indignação com o que vem acontecendo com esse cenário tão bem
trabalhado por Manoel de Barros. Lembra que, diante das transformações que
ocorreram em função da execução do projeto de "(des)envolvimento
econômico" para Mato Grosso, essas imagens vão rapidamente desaparecendo.
Para ela, a economia baseada no Capitalismo construiu uma visão equivocada de
natureza como recurso e que se esquece da alteridade, no sentido de que todo
homem tem uma relação de interdependência com o outro e com o meio.
"Estamos prestes, e já está acontecendo, a sofrer grandes acidentes,
catástrofes. Nós traçamos um rumo suicida para nós. Mais cedo ou mais tarde
isso recai sobre nós", avisa.
Na
apresentação da obra, Maria do Rosario Silveira Porto, da Faculdade de Educação
da USP, ressalta que, quando se debruça sobre a poética de Manoel de Barros,
Cristina se vale de diversas noções teóricas e as utiliza para entender, num
nível psíquico profundo, como essa pluralidade simbólica se inscreve nos
escritos do autor". Descobrindo, ao fim, "ser na constelação do mito
da Grande Mãe, portanto da Deusa e de seu consorte Dioniso, que Manoel de
Barros se instala". Cristina explica que na obra dele o Pantanal é
concebido como um paraíso em que o homem habita, se insere. É diferente do que
normalmente se costuma conceber como paraíso, em que não há a presença humana,
somente a natureza com toda sua exuberância.
Maria
do Rosário percebe ainda que a autora não se contenta com a descoberta."Colocando-se
no campo da educação, interessa à autora saber como esse estudo sobre a obra de
Manoel de Barros pode sensibilizar as pessoas, em especial os alunos das diferentes
modalidades de ensino, para a literatura em geral, para a realidade
mato-grossense em especial e para o Pantanal em particular", salienta.
"Dedico o capítulo final a algumas considerações acerca da Educação,
sugerindo, a partir de minha própria experiência como professora de Literatura
e produção textual e também de outros educadores e artistas, algumas técnicas
para que o leigo (ou neófito) seja iniciado na obra de Manoel de Barros, cuja
leitura parece difícil para muitos", confirma Cristina.
Na
opinião da autora, uma das características que coloca Manoel de Barros no rol
dos grandes artistas é justamente a capacidade que tem de olhar para as coisas
e perceber o que os outros geralmente não percebem. Referindo-se ao nome do
livro, explica que a expressão "demiurgo" é usada no sentido do
artífice, do mago, do escritor que utiliza o lápis como se fosse o bastão de
Hermes, como uma varinha de condão, que enche de magia o que toca.
"Vamos
valorizar o santo de casa, que precisa de apoio para florescer".
(Cristina Campos)
Fonte:
Cristina Campos
Todos os direitos reservados a autora.
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