Homens
amam mulheres. Embora a maioria não consiga entender o poder de sedução de um buquê
de flores. Ou de uma caixa de chocolates. Ou de um Eu te amo.
Homens
amam mulheres. De maneiras diferentes. Algumas vezes os relacionamentos são
suaves, delicados, apaixonados. Como uma dessas histórias apaixonadas que a
literatura, o teatro e o cinema costumam retratar em ritmo sinfônico, eufônico,
muitas vezes confundindo amor e dor.
Homens
amam mulheres. E expressam esse sentimento com a perda da voz, olhares
carentes, beijos tímidos e ousados, caminhar pelas ruas de mãos dadas, pequenas
carícias e grandes gestos apaixonados.
Homens
amam mulheres. Imitando as fantasias produzidas pelos sonhos, costumam aparecem
em cena montados em cavalo branco, a armadura brilhando, a felicidade estampada
no rosto sorridente.
Homens
amam mulheres. E isso significa assistir filmes românticos na companhia da
amada, ir para a cozinha fazer pipoca ou alguma comida rápida.
Homens
amam mulheres. E costumam falsificar a verdade com palavras bonitas.
Homens
amam mulheres. E querem dar prazer a quem lhes dá prazer.
Homens
amam mulheres. A maior prova? Desligar a televisão na hora do futebol.
Homens
amam mulheres. Com estilos muito estranhos. Muitas vezes são violentos,
manipuladores, possessivos. Confirmando os piores pesadelos, usam da estupidez
como desculpa para protagonizar episódios que deveriam terminar em delegacias
(mas, por alguns motivos estúpidos, nunca terminam).
Homens
amam mulheres. Mas não todos. Há dissidentes sexuais. Somando bissexuais,
homossexuais e abstêmios talvez sejam 20%, talvez mais.
Homens
amam mulheres. E o Brasil comemora o Dia dos Namorados em 12 de junho. Nos
países "civilizados" a data é celebrada em 14 de fevereiro, chamado
de Valentine’s Day − Dia de São Valentino. O bispo Valentim lutou contra o
imperador Cláudio II, que proibiu o casamento durante as guerras - acreditando
que os solteiros eram melhores combatentes. Além de continuar celebrando
casamentos, o bispo se casou secretamente. Quando isso foi descoberto, Valentim
foi preso e condenado à morte. Muitos jovens lhe enviavam flores e bilhetes na
prisão, em uma prova de que ainda acreditavam no amor. Na prisão, Valentim se
apaixonou pela filha cega de um carcereiro e, milagrosamente, devolveu-lhe a
visão. Considerado mártir pela Igreja Católica, a data de sua morte - 14 de fevereiro
- também marca a véspera de lupercais, festas anuais celebradas na Roma antiga
em honra de Juno (deusa do matrimônio) e de Pan (deus dos bosques, dos campos,
dos rebanhos e dos pastores). Um dos rituais desse festival era a passeata da
fertilidade, em que os sacerdotes batiam nas mulheres com correias de couro de
cabra para assegurar a fecundidade.
Homens
amam mulheres. E isso deveria ser satisfatório. Não o é. O amor é insaciável,
sempre quer mais, sempre requer mais, todos os esforços são insuficientes, o
bom é manter esse vontade suspensa, como se estivesse a caminhar em corda
bamba, a correr perigo.
Se
for verdade que os homens amam as mulheres, todo cuidado é pouco: muitos
príncipes são falsificados.
Raul
J.M. Arruda Filho, 53 anos, Doutor em Teoria da Literatura (UFSC, 2008),
publicou três livros de poesia (“Um Abraço pra quem Fica”, “Cigarro Apagado no
Fundo da Taça” e “Referências”). Leitor de tempo integral, escritor ocasional,
segue a proposta por um dos personagens do John Steinbeck: “Devoro histórias
como se fossem uvas”.
Todos os
direitos autorais reservados ao autor.
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