Sponsor

AD BANNER

Últimas Postagens

O Livro Brasileiro [Luiz Carlos Amorim]

O Livro Brasileiro 

Comparando as listas de livros mais vendidos de duas das grandes revistas semanais de informação brasileiras, chamou-me a atenção o fato de que na categoria ficção, não há nenhum livro de autor brasileiro nas primeiras dez colocações. Na categoria "não-ficção" até há alguns, mas daí, é claro, não estamos falando de literatura - esses livros falam de auto-ajuda, política, moda, etiqueta e até história. Nos dez livros infantojuvenis mais vendidos, de novo, nenhum autor nacional.

Isso é uma evidência de que o leitor brasileiro, que já não lê tanto quanto deveria, seja pelo preço do livro, seja pela educação ou falta dela, não gosta de ler os autores da terra.

E a ausência de escritores brasileiros entre os mais lidos é comum, em qualquer época. Lá de vez em quando aparece um, mas na maior parte das vezes é na categoria não-ficção.

Por que será que brasileiro compra quase só livros importados? Por que são melhores? Temos obras de escritores nacionais melhores do que muito enlatado. Mas é claro que quem só lê autores estrangeiros não sabe, porque não leu o autor da terra e não pode comparar.

Talvez porque o livro importado tem muito mais divulgação, já vem com o pacote completo e com status de best seller. Há, até, leitores que só compram os livros que estão na lista dos mais vendidos. E sabemos que a compra, em muitos casos, é influenciada por essas listas, que queremos crer sejam honestas e não tentem apenas induzir o leitor a comprar.

As editoras brasileiras deveriam, talvez, trabalhar mais as obras de escritores da terra. Mas se é tão mais fácil vender os enlatados, que já vem com um rastro de sucesso - que nem sempre é verdadeiro - para que gastar energia e dinheiro com os daqui?

Não que alguns dos livros estrangeiros não tenham valor, mas o livro é negócio para as editoras e elas dão preferência para aqueles que as diversas mídias ajudam a divulgar. Sem despesa para elas.

Nós, leitores, deveríamos ser menos sugestionáveis e dar mais valor à prata da casa, que pode ser melhor que o enlatado.


 Luiz Carlos Amorim –Escritor,Coordenador do Grupo Literário A ILHA em SC, com 31 anos de atividades e editor das Edições A ILHA, que publicam a revista Suplemento Literário A ILHA e mais de 50 livros editados. Eleito Personalidade Literária de 2011 pela Academia Catarinense de Letras e Artes. Ocupante da cadeira 19 da Academia Sul Brasileira de Letras. Editor do portal PROSA, POESIA & CIA. (Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br ) e autor de 27 livros de crônicas, contos e poemas, três deles publicados no exterior. Tem trabalhos publicados na Índia, Rússia, Grécia, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Cuba, Argentina, Uruguai, Inglaterra, Espanha, Itália, Cabo Verde e outros, e obras traduzidas para o inglês, espanhol, bengalês, grego, russo, italiano -, e colabora com vários portais na Internet. É poeta e contista. É cronista e articulista de jornais como A Notícia, Diário do Litoral, Correio do Povo, Correio da Manhã, Jornal Grande Bahia, Repórter Diário, São José em Foco, Roraima em Foco, Correio Popular de Rondônia, Gazeta de Aracaju, O Liberal de Cabo Verde, Jornal da Manhã de Goiânia, Notisul, Diário do Iguaçu, Diário da Cidade, Folha do Espírito Santo, Jornal União de Londrina e outros.

Um comentário

Jim Carbonera disse...

Há espaço para todos. O problema é o forte investimento num classe apenas. Nos EUA e Europa, o incentivo em escritores nativos é IMENSO. Nos USA o mercado é coberto por 90% de escritores nacionais, e só depois disso vem os escritores de fora.

Mas brasileiro sempre teve mentalidade de colonizado. E pelo jeito continuará mantendo essa cabeça. Na música segue a mesma coisa. Só faz sucesso porcaria. Em outros lugares a porcaria tem lugar na mídia também, mas há incentivo para muitoooo músico bom.

Essa cultura frouxa e essa mentalidade de país colonia que temos é um (entre tantos outros) dos motivos para essa baixa venda de escritores brazucas.

Fora que as editoras acima de tudo só pensam em $$$$. A qualidade e o incentivo para literatura nacional fica em segundo plano.

Enfim...

Abraço