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Os ciclos da vida do homem contemporâneo
A vida do homem
pode ser de curta ou longa, dependendo das circunstâncias e do mundo perigoso
onde ele vive. Se pressupomos que a idade média do indivíduo é de cerca de 75
anos, o tempo de vida pode ser dividido em vários momentos desde o nascimento
até o fim da vida. A cada ciclo da vida, a idade é um fator determinante para a
atividade intelectual.
Dos 18 aos 25 anos a educação é reforçada e o cérebro é bombardeado com a
aprendizagem de várias competências que respondem as curiosidades e que
seguramente facilitarão a entrada na próxima fase da vida. Dos 30 aos 50 anos
somos envolvidos na estruturação da vida pessoal e profissional e muitas vezes
a uma velocidade vertiginosa e sem muito cuidado com o corpo ou inspiração espiritual.
É um momento crucial onde nos tornamos escravos de nossas próprias ambições,
com a vida demasiadamente atribulada e os meios utilizados para alcançar os
resultados nem sempre levam em consideração o estado da alma, que no processo
tende a ser esquecida.
Todavia, analisando a máquina humana, estes são os anos que precisaríamos de
mais cuidado para apoiarmos os próprios sonhos, precisaríamos dar a nós mesmos
permissão para nos estabelecermos como prioridade. Seria a hora de viver o que
nos faria verdadeiramente felizes e realizados.
Entretanto estudos apontam que a virada hoje ocorre na maioria das vezes dos 50
aos 60 anos e então é uma viagem alucinada, por razões diversas que incluem
tudo, desde a pressa de se viver o que não pode, o trabalho, vida difícil,
consumo exagerado de bebidas alcoólicas, o divórcio e problemas econômicos.
Esse desafio de enfrentar julgamentos e retomar a vida não se aprende na
escola. A falha do corpo e da alma humana gera um processo difícil de juntar os
elementos básicos, dar-lhes novamente função, ouvindo os sinais vitais do
corpo, num processo de preenchimento do buraco espiritual, deixado pela
angústia diante das escolhas que são feitas a cada dia pelo homem.
Nunca é tarde e a qualquer tempo o homem deve iniciar ou reiniciar a construção
de sua existência. Sorte que o homem não nasce com comportamento acabado e por
isso pode ser recuperado, tanto física quanto mentalmente, desde que o próprio
corpo, alma e mente descartem os preconceitos e busquem a interação para uma
vida mais proveitosa e gratificante, como um bilhete na mão para assistir a um
grande espetáculo sobre novas crenças e hábitos que por anos foram bloqueados
pelo ego.
O
dinheiro, sem dúvida, é a força que move quase tudo o que fazemos no mundo civilizado,
mas o nosso crescimento não precisa ser igual em riqueza financeira e riqueza
interior. É preciso retomar o equilíbrio que esvaiu-se, que tornou impossível a
missão de conciliar a realização dos sonhos, equilibrar-se em relacionamentos,
estabelecer fronteiras, encontrar paz de espírito, saúde e segurança
financeira. Mergulhar em si mesmo significa assumir as escolhas feitas e
principalmente vive-las de modo intenso de forma que exista libertação de tudo
que oprime.
Vê-se agora que a felicidade não é acidental, as ações tem efeitos cumulativos.
Todavia “é preciso começar pelo mais escuro, buscar o vazio, e o negro, e o nu,
e chegar progressivamente a luz”. Comte-Sponville (1997, p.13).
Olga Borges Lustosa é cerimonialista pública e acadêmica de Ciências Sociais pela UFMT e escreve exclusivamente no blog do Romilson toda terça-feira
olga@terra.com.br
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