Dos ritos modernos [ Tatiana Carlotti ]
Calligaris faz uma análise muito divertida sobre a atração da virgindade feminina. E conclui afiado: “muitos homens vivem divididos entre dois tipos de mulher: a ‘puta’, que eles desejam, mas que não conseguem amar, e a virgem, que eles amam perdidamente, mas não conseguem desejar”. Daí a atração da virgem prostituta, complementa o colunista: “como virgem, ela é parecida com a mãe, intocável e apenas amável, mas, por ser prostituta, ela é desejável e acessível”.
Simples e binário, rs...
Depois de ler o texto, eu não resisti e joguei o tema na roda. Voilá, as conclusões, tentando ser o mais objetiva possível, o que é difícil porque era uma roda só de mulheres:
- Fazer bobagem aos 20 é de praxe – fizemos um monte -, mas fazer bobagem com uma exposição deste tamanho, na boa, pode gerar trauma e dos brabos. E o mundo definitivamente não está preparado para olhar isso de uma forma bacana. O mundo é uma grande meleca moralista, sobretudo, a indústria do espetáculo.
- Agora, cadê as pessoas nessa história toda? Essa câmera de TV mais parece um daqueles aparelhos ginecológicos, frios e duros. A lente confusa que ofusca contornos, despersonaliza e aparenta uma falsa amoralidade. Como fica essa menina depois? E esse cara, imagina se ele brochar? E cá prá nós, desde quando um leilão substitui a selva? Se ao menos Catarina pudesse escolher. Na minha visão a proposta do programa não é erótica, nem pornográfica, é assustadoramente claustrofóbica. Acho que nunca ouvi falar de um programa tão invasivo.
- Sem falar que a soma de R$ 1,5 milhão é uma piada. Valha-me deus! Isso é uma ofensa à liberdade de escolha. É asqueroso até onde chega essa indústria do espetáculo. Como ela aprisiona.
Mas, Catarina está convicta. "Tenho 20 anos, sou responsável pelo meu corpo e não estou prejudicando ninguém", afirmou à Folha. Ê 20 anos...
Enfim, ela está só no começo, tem uma estrada longa e bonita para trilhar. Espero que lá na frente, depois de romper o hímen nos céus do Pacífico, ela perca a virgindade com um cara delicioso, num quartinho escuro e de portas bem fechadas. Sem se preocupar com nada, só com o prazer de tocar e ser tocada.
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