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Fabrício
Carpinejar nasceu em 1972, na cidade de
Caxias do Sul (RS), Fabrício Carpi Nejar, Carpinejar, é poeta, cronista,
jornalista e professor, mestre em Literatura Brasileira
pela Ufrgs. Vem sendo aclamado por escritores do porte de Carlos Heitor Cony,
Millôr Fernandes, Ignácio de Loyola Brandão e Antonio Skármeta como um dos
principais nomes da poesia contemporânea.
É
autor dos livros de poesia "As Solas do Sol" (1998, 2ª edição,
Bertrand Brasil), "Terceira Sede" (2001, 2ª edição, Escrituras),
"Biografia de uma árvore" (2002, 2ª edição, Escrituras), "Caixa
de sapatos" (2003, 2ª edição, Companhia das Letras), "Cinco
Marias" (2004, 2ª edição, Bertrand Brasil) e "Como no céu/Livro de
Visitas" (2005, Bertrand Brasil), do livro de crônica "O Amor Esquece
de Começar" (Bertrand Brasil, 2ª edição, 2006), e dos infantis "Porto
Alegre e o Dia em que a Cidade Fugiu de Casa" (Alaúde, 2004) e
"Filhote de Cruz-credo" (Girafinha, 2006).
Em
abril de 2007, publicou um novo livro de poesia, "Meu filho, minha
filha", pela Bertrand Brasil. Em março de 2008, sairá uma nova versão de
"Um Terno de Pássaros ao Sul", seu segundo livro, objeto de
referência nos The Book of the Year 2001 da Enciclopédia Britânica.
Recebeu
vários prêmios como o Erico Verissimo 2006, pelo conjunto da obra, pela Câmara
Municipal de Vereadores de Porto Alegre; Olavo Bilac 2003, da Academia
Brasileira de Letras; Cecília Meireles 2002, da União Brasileira de Escritores
(UBE); duas vezes o Açorianos de Literatura, edições 2001 e 2002. Carpinejar
também foi traduzido ao alemão por Curt Meyer-Clason e assinou contrato com
Italianova e Terre de Mezzo (Itália) e Éditions Eulina Carvalho (França).
Participou
de coletâneas no México, Colômbia, Índia, Estados Unidos, Itália, Austrália e
Espanha. Em Portugal, a Quasi editou sua antologia Caixa de sapatos (2005).
Carpinejar
conduz projetos literários como o "Entre nós", "Em busca do
tempo perdido" e "Miss Cultura". Apresenta o programa
"Escrita Fina" na Rádio Unisinos FM 103.3, de entrevista com
escritores, e dá dicas culturais na Rádio Itapema FM 102.3, no programa
ABOADICA. Ao lado de Márcia Tiburi, apresentou o programa de entrevistas
"A Bela e a Fera" na TV Unisinos/Futura, no segundo semestre de 2005
e início de 2006.
É
coordenador e professor do curso de Formação de Escritores e Agentes Literários
da Universidade do Vale do Rio do Sinos, inédito no Brasil, e professor do
Curso de Formação de Músicos e Produtores de Rock, também da Unisinos. É
colunista da revista mensal Crescer, de São Paulo. Desde outubro de 2005,
mantém a coluna Consultório Poético, que antes estava no site da revista
Superinteressante e agora encontra-se no condomínio da Globo (Bloglog). É
colaborador de jornais como O Estado de São Paulo e de revistas como Vida
Simples e Caras.
Em
6 de março de 2012, estreou como apresentador do programa A Máquina, na TV
Gazeta.
Desde
maio de 2011 mantém a coluna que antes era ocupada por Moacyr Scliar no jornal
Zero Hora.
PRÊMIOS
RECEBIDOS
Prêmio
AGEs Livro do Ano 2003, da Associação Gaúcha de Escritores, com
Biografia de uma árvore, escolhido o melhor livro de poesia de 2002.
Prêmio
Nacional Olavo Bilac 2003, da Academia Brasileira de Letras, com Biografia de
uma árvore, escolhido o melhor livro de poesia de 2002.
Prêmio
Nacional Cecília Meireles 2002, da União Brasileira de Escritores (UBE), com Terceira
Sede, escolhido o melhor livro de poesia de 2001.
Prêmio Literário Internacional 'Maestrale - San Marco' 2001, MARENGO D'ORO (5ª
Edição), de Gênova (Itália), categoria obra em língua estrangeira, com poemas
de Um Terno de Pássaros ao Sul
Prêmio Açorianos de Literatura 2001, Secretaria Municipal de Cultura de Porto
Alegre (RS), categoria poesia, com o livro Um Terno de Pássaros ao Sul
Prêmio Açorianos de Literatura 2002, Secretaria Municipal de Cultura de Porto
Alegre (RS), categoria poesia, com Terceira Sede.
Prêmio Destaque Literário - Júri Oficial como melhor livro de poesia da 46ª
Feira do Livro de Porto Alegre (RS), em 2000, com Um Terno de Pássaros ao Sul
Prêmio Nacional Fernando Pessoa da União Brasileira de Escritores/RJ, categoria
Revelação e Estréia, em 2000, com As Solas do Sol
Finalista do Prêmio Açorianos de Literatura 1999, Secretaria Municipal de
Cultura de Porto Alegre (RS), categoria poesia, com As Solas do Sol
Finalista do Prêmio Nacional da Cidade de Belo Horizonte/2000
Prêmio
O Sul, Nacional e os Livros, categoria Especial Poesia, por Cinco Marias,
escolhido como o melhor livro de poesia de 2004
O
Sul, Nacional e os Livros 2006, da Rede Pampa, por iniciativa cultural (Curso
Superior de Formação de Escritores e Agentes Literários da Unisinos)
Prêmio
Literário Erico Verissimo 2006, da Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre,
pelo conjunto da obra
Prêmio
AGEs Livro do Ano 2007, da Associação Gaúcha de Escritores, com O Amor Esquece
de Começar, escolhido o melhor livro de crônica de 2006.
Prêmio O Sul, Nacional e os Livros com Meu Filho, Minha Filha, escolhido como o
melhor livro de poesia de 2007, edição 53ª Feira do Livro de Porto Alegre.
Prêmio
AGEs Livro do Ano 2008, da Associação Gaúcha de Escritores, com Meu Filho,
Minha Filha, escolhido o melhor livro de poesia de 2007.
Prêmio
Jabuti/2009, edição 51ª, da Câmara Brasileira do Livro, na categoria Contos e
Crônicas, com Canalha!
Prêmio
Açorianos de Literatura 2010, Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre
(RS), categoria Crônicas, com o livro "Mulher Perdigueira"
Poemas
de Um Terno de Pássaros ao Sul
Fragmento
I
Pouco
crescemos
no
que aprendemos,
o
sabor
de
um livro antigo
está
em jovem
esquecê-lo.
Eu
alterei
a
ordem do teu ódio.
Fiz
fretes de obras
na
estante.
Mudava
os títulos
de
endereços
em
tua biblioteca
e
rastreavas, ensandecido,
aquele
morto encadernado
que
ressuscitou
quando
havias enterrado
a
leitura,
aquele
coração insistente,
deixando
atrás uma cova
aberta
na coleção.
Sou
também um livro
que
levantou
dos
teus olhos deitados.
Em
tudo o que riscavas,
queria
um testamento.
Assim
recolhia os insetos
de
tua matança,
o
alfabeto abatido
nas
margens.
Folheava
os textos,
contornando
as pedras
de
tuas anotações.
Retraído,
como
um arquipélago
nas
fronteiras azuis.
Desnorteado,
como
um cão
entre
a velocidade
e
os carros.
Descia
o barranco úmido
de
tua letra,
premeditando
os
tropeços.
Sublinhavas
de caneta,
visceral,
impaciente
com o orvalho,
a
fúria em devorar as idéias,
cortar
as linhas em estacas da cruz,
marcá-las
com a estada.
Tua
pontuação delgada,
um
oceano
na
fruta branca.
Pretendias
impressionar
o
futuro com a precocidade.
A
mãe remava
em
tua devastação,
percorria
os parágrafos a lápis.
O
grafite dela, fino,
uma
agulha cerzindo
a
moldura marfim.
Calma
e cordata,
sentava
no meio-fio da tinta,
descansando
a fogueira
das
folhas e grilos.
Cheguei
tarde
para
a ceia.
Preparava
o jantar
com
as sobras do almoço.
Lia
o que lias,
lia
o que a mãe lia.
Era
o último a sair da luz.
Antes de
ser um livro
Texto
publicado no jornal Zero Hora, POA (RS), 2/11/2001
Aprendi
a girar a maçaneta abrindo um livro. Aprendi a repartir os cabelos repassando
seu miolo. Os trechos que sublinhava a lápis são as cartas que deixei para
minha família. Eu lembro do que ainda persiste em me lembrar.
Precisava usar canivete para deslacrar as páginas. A obra não aberta denunciava
a falta de leitura e me dava pena vê-la arrependida na poeira. Descerrava folha
por folha, como quem descasca uma fruta. O sumo das letras escorrendo, rodas
dos óculos descendo a toda. Não havia freios para a velocidade dos olhos. O
livro imitava um ônibus; cessar uma leitura de forma abrupta era como saltar na
parada errada. Até hoje não sei se a imaginação não é minha memória. Guardo a
impressão de que na casa da infância não havia paredes, apenas prateleiras.
Cada livro era um torcedor de pé na arquibancada. Um fanático esperando ser
reparado. Torcendo para que nossa vida desse certo. Fazendo jogadas ensaiadas,
pedindo substituições, escalando alegrias. Eu lembro do que ainda persiste em
me lembrar.
Posso dizer que o primeiro bairro em que morei foi a Divina Comédia de Dante.
As figuras de Doré pareciam leves perto daquele inferno. Sabia de cor os
círculos e a hierarquia dos pecados. Quando me incomodavam, usava os preceitos
dantescos para designar uma sentença. Botei tanta gente no inferno que me
arrependo. O livro comovia pelo tato, alvoroço. Ã semelhança dos polígrafos,
minha respiração ficou viciada no cheiro de papel novo. Quando descobri a Feira
de Porto Alegre, não entendi. De um dia para outro, as barracas haviam
aparecido. Aquilo surpreendeu minha solidão, como raízes que levantam de súbito
a calçada. Escritores circulavam à paisana, o rosto vulnerável, disfarçando o
orgulho de uma capa, contracapa e prefácio.
Eu me lembro do que ainda persiste em me lembrar. Conheço o ritual das janelas
levantando devagar, as brochuras na mesa. Vivo diretamente o poema, sem
intermediários
Por que ainda produzimos literatura? Cassio Pantaleoni Dia desses, um jornalista amigo meu me perguntou sobre o sentido ...
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