Desde pequena a sambista baiana Mariene Bezerra de Castro (12 de maio de 1978) queria ser bailarina.
Começou a estudar balé aos cinco anos de idade.
Seu contato com a música veio do ambiente familiar. "Na minha casa todo mundo cantava ou tocava algum instrumento", conta.
Aos doze anos, aprendeu a tocar violão e pediu a sua mãe para ser matriculada numa aula de violão. Porém, quando chegou à escola, se interessou também pelas aulas de canto.
E foi lá que ela descobriu que possui um timbre de voz muito raro, o contralto. Sua mãe não tinha dinheiro o suficiente para pagar os dois cursos, o de violão e o de canto, e o professor de canto acabou convencendo-as para que ela fizesse apenas o de canto.
Mariene começou sua carreira profissional como vocal de apoio para Timbalada, Carlinhos Brown e Márcia Freire.
Certo dia, um amigo de sua mãe, Vicente Sarno, conseguiu uma data para ela no projeto Pelourinho Dia e Noite.
Foi seu primeiro show, em dezembro de 1996. No dia do show, dois produtores franceses procuraram-na, dizendo que estavam atrás de uma artista emergente. Então Mariene seguiu para a França.
Depois de se apresentar em mais de 20 cidades francesas, onde foi aclamada pela crítica especializada e comparada a Edith Piaf, cantora francesa reconhecida internacionalmente, Mariene voltou ao Brasil, onde se apresentou nos palcos importantes da capital baiana como o Teatro ACBEU (Projeto Terça da Boa Música), Concha Acústica do Teatro Castro Alves (Projeto Sua Nota é um Show de Solidariedade), Sala Principal do Teatro Castro Alves (Mercado Cultural) e no Teatro XVIII com a temporada do show A Força que Vem da Raiz. No interior do estado, cantou no Teatro Dona Canô, em Santo Amaro, e está sempre presente no Festival de Inverno de Lençóis.
Com uma forma peculiar de interpretar e uma voz firme e singular, foi firmando seu nome e conseguiu destaque no cenário musical após conquistar em 2004, o Prêmio Braskem de Música e ter a oportunidade de gravar seu primeiro CD “Abre Caminho”.
Na estréia do trabalho a artista conseguiu vender mais da metade das cópias disponíveis para o mercado.
No ano seguinte, o trabalho foi premiado como o melhor disco regional no Prêmio TIM de Música.
No mesmo ano, a artista comandou a Lavagem da Igreja de Santa Madalena em Paris, uma festa espelhada na Lavagem do Senhor do Bonfim.
Quem acompanha o trabalho de Mariene sabe que ela faz parte de um seleto grupo de cantoras-intérpretes e prova disso é o reconhecimento da crítica e de artistas como Beth Carvalho que em 2006 a convidou para participar da gravação do último Dvd/Cd Beth Carvalho “Canta o Samba da Bahia”, quando foi considerada uma das mais gratas revelações da música local.
Em 2008 fez uma turnê pela Espanha e cantou na trilha do longa metragem Mujeres Del Mundo, com a música “Elas Contam”, e na trilha sonora do filme “Ó Paí,Ó ”, onde cantou a música “Ilha de Maré”. Participou atuando no filme de Póla Ribeiro, “Jardim das Folhas Sagradas”, cantou no Dia do Samba no Projeto Música do Parque, levando mais de 15 mil pessoas ao Parque da Cidade e, nesse mesmo dia, a convite de Beth Carvalho, cantou com o Quinteto em Branco e Preto, nos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro. No dia 29 de maio de 2010, Mariene lançou seu segundo álbum, “Santo de Casa - Ao Vivo”, com a sala principal do Teatro Castro Alves completamente lotada.
Mariene de Castro estava em casa na tarde de 15 de fevereiro de 2009 quando entrou em cena no Teatro Castro Alves, o palco mais nobre de Salvador, capital da Bahia mítica e afro-brasileira celebrada pela cantora em seu festivo repertório. Era um dia especial: naquela tarde, a artista gravava seu primeiro DVD, Santo de Casa, lançado pela Universal Music neste mês de fevereiro de 2011, dois anos após a gravação ao vivo daquela festa-show em que Mariene de Castro mostrou sua devoção à cultura popular que rege a Bahia.
É como verdadeira baiana que ela entra na roda sagrada do samba de sua terra. Que é também a terra de Dorival Caymmi (1914 – 2008) e do celebrado Roque Ferreira, não por acaso os dois compositores mais recorrentes no repertório de Santo de Casa.
Sem precisar fazer milagre, Santo de Casa abre os caminhos de Mariene de Castro no Brasil e na Universal Music, a gravadora com a qual a artista assinou contrato em 23 de julho de 2010.
Produzido pela própria Mariene, em parceria com Gerson Silva e Jurandir Santana (diretor musical do show), a edição em DVD da gravação ao vivo do show Santo de Casa é o trabalho mais completo desta cantora que pisou pela primeira vez no palco do Teatro Castro Alves aos cinco anos de idade, como dançarina. Em 2004, voltou a cantar no nobre palco baiano para lançar seu primeiro CD, Abre Caminho (2004), gravado e editado por vias independentes.
Por seu caráter audiovisual, o DVD Santo de Casa ao Vivo adquire importância especial na discografia de Mariene de Castro, cantora calorosa, moldada para a cena. Mariene é do tipo de cantora que alia o canto à dança e a um gestual que dá cor e brilho às suas interpretações. Basta ver o delicado bailado de mãos (as de Mariene) que adorna Chico e Chica, uma das inéditas fornecidas por Roque Ferreira para o roteiro do show. Dança e música se complementam em cena.
Com 15 anos de carreira, vários prêmios de reconhecimento e uma carreira de sucesso, uma das maiores gravadoras do Brasil, a Universal Music, abriu os olhos, ou melhor, os ouvidos, para o talento desta grande sambista ao convidá-la para fazer parte do seu casting de artistas, ficando responsável pela distribuição nacional e internacional do CD e DVD ao vivo “Santo de Casa”.
Resgatando tradições, amadurecendo como artista e cantando o que gosta, Mariene de Castro lançou o DVD "Santo de Casa - Ao Vivo", e em seguida a artista pretende lançar um CD com composições de Roque Ferreira, compositor com o qual mais se identifica, predominante de sua discografia e de seus shows.
Discografia
2005: CD Abre Caminho
2010: CD “Santo de Casa - Ao Vivo”
2011: DVD “Santo de Casa - Ao Vivo”
2012: CD "Tabaroinha"
Sua voz pode ser ouvida também no premiadíssimo DVD Balé Mulato da cantora Daniela Mercury e do DVD Beth Carvalho canta o samba da Bahia da cantora Beth Carvalho.
Prêmios
2004: Prêmio Braskem de Música
2005: Prêmio TIM de melhor disco regional com Abre Caminho
Críticas
Mauro Ferreira / Fevereiro 2011
O DVD abre com tomadas externas do Teatro Castro Alves. É de manhã (o show aconteceu ao meio-dia, como é regra no projeto Domingo no TCA) e o povo de Salvador faz fila para ocupar seu lugar no teatro e ver Mariane entrar na roda. A cantora saúda o povo. Momentos depois, ao som da Saudação a Yemanjá, Mariene está de mãos dadas com seus músicos, em oração. Logo o show vai começar. E começa com a cantora entrando pela platéia enquanto entoa versos de Temporal, um dos temas de Roque Ferreira que pontuam o roteiro. É a entrada para o palco, lugar sagrado, enfeitado com símbolos da fé religiosa afro-brasileira, em sincretismo que irmana signos do Candomblé e do Catolicismo. Senhora da cena, adornada por sua bela presença, Mariane de Castro cai então no samba. Na Paz de Deus – samba de Arlindo Cruz, Sombrinha e São Beto que foi lançado por Alcione em 1986 – abre a roda em que a cantora insere outro sucesso da Marrom, Ilha de Maré (Walmir Lima e Lupa, 1977), após cantar Abre Caminho, o samba que deu título ao primeiro álbum dessa devota das levadas do Recôncavo Baiano.
É impossível tirar os olhos de Mariene, cantora de timbre caloroso e força contagiante. Como prova ao reviver um dos maiores sucessos do compositor Geraldo Pereira (1918 – 1955), Falsa Baiana, Mariene é aquela cantora que, ao entrar na roda do samba, logo mexe, remexe, dá nó nas cadeiras e deixa a moçada com água na boca, com gosto de ‘quero mais show’. E tem mais! Na seqüência, Rosa Morena – samba do imortal Caymmi – é ambientado em clima íntimo, com Mariene sentada no chão do palco, cantando na pulsação suave do violão e da percussão que pontuam o número, prenúncio do arrretado pot-pourri de sambas de Caymmi que vem logo em seguida. Em Lá Vem a Baiana, uma dançarina evolui pelo palco para ilustrar visualmente os versos do samba de Caymmi. Recurso reiterado por outra dançarina em A Vizinha do Lado, samba mixado com Requebre que Eu Dou um Doce. No fim do pot-pourri, Mariene põe pitada de erotismo em Vatapá, celebrando a sensualidade da raça baiana.
Santo de Casa tem tom fervoroso. A voz de Mariene de Castro embaralha no terreiro o sagrado e o profano. Legítimo discípulo da obra cinematográfica de Caymmi, Roque Ferreira recorre a signos e símbolos afro-brasileiros para moldar os versos de temas como o samba De Maré, o Samba de Terreiro, o coco de embolada Garaximbola (Ganhadeiras de Itapuã), o samba Vi Mamãe na Areia e o coco Quebradeira de Coco. Nessa roda que abarca também cirandas e temas folclóricos da cultura popular afro-baiana - e que tem o mar como assunto recorrente do festivo repertório - emerge também Prece de Pescador, parceria de Roque Ferreira com J. Velloso que saúda Yemanjá e foi alocada nos extras do DVD.
Mariene celebra a cultura popular brasileira em Santo de Casa ao mesmo tempo em que revolve sua história com essa cultura. O Pot-Pourri de Nené, por exemplo, agrega temas (a maioria de domínio público) que a cantora aprendeu em Santo Amaro da Purificação com uma tia chamada Nené. Já no bloco final, mostrando que o samba não tem fronteiras, Mariene canta Quando Eu me Chamar Saudade, uma das pérolas da obra melancólica dos cariocas Nelson Cavaquinho (1911 – 1986) e Guilherme de Brito (1922 – 2006). Com muita propriedade, Mariene junta esse tema com Não Deixe o Samba Morrer (Aloísio e Edson, 1975), outro sucesso de Alcione. É seu recado para a posteridade. Ao fim, um farto pot-pourri de sambas de roda traz Mariene de Castro novamente para sua terra, deixando a certeza de que ela é hoje a cantora mais expressiva da Bahia. O terreiro de Mariene de Castro é sagrado como sua voz.
Carlinhos Brown / Fevereiro 2011
A Bahia fez ferver seu litoral no caldeirão do Carnaval. Essa rima poderia se associar ao sertão vai virar mar porque o mar revira festa. Essa metrópole urbana primitiva chamada de Salvador soube e sabe acolher o que o estado tem de mais sublime no seu interior. Alinne de Itabuna Rosa. Roberto de Amaro Chaves. Ivete de Juazeiro Sangalo. E antes de tudo Luiz Caldas da Vitória, da Conquista e do Fricote.
Sou um desses batuques que levo o ritmo no peito e antenas nos timbaus. Quando Mariene chegou para cantar na Timbalada - ainda uma tímida adolescente de sorriso cativante – já demonstrava uma personalidade de quem ia além dos ensaios empoeirados das ruas do Candeal, do frescor da praia do buracão ou do cheiro da moda das adolescentes da Graça, o Giovanna Baby. Com cabelos bem arrumados para o lado e ainda cheirando deliciosamente a Giovanna Baby - como se fosse a única fragrância que houvesse – Mariene já tinha o aroma da alfazema dos filhos de Gandhy com um ar cativante das sambadeiras do recôncavo.
Ela já tinha o conhecimento pastoril de que deveria trazer a cultura de interior para a grande metrópole. E assim o fez. Enquanto o foco na Bahia sempre foi hits carnavalescos promovidos por compositores de veias puras do axé, ela focava na raiz do grande poeta Roque Ferreira e na paixão contagiante de Clara Nunes. No momento em a Portela homenageia e ergue um busto a Clara, a figura feminina da escola que faz lembrar os avanços de Paulo Portela, Mariene de Castro – que ergueu a bandeira do samba na Bahia – agora a ver tremular no ponto mais alto como num terreiro que se instala para homenagear seus orixás. Eu – assim como a Timbalada – me orgulho deste acesso e, com licença a Alberto Pitta, digo que ela é um Cortejo Afro.
Faço gozo das palavras de Benito de Paula para dizer que minha bandeira do samba Deus ajuda a defender.
Mas, é muito importante para minha escola ter na passarela essa porta bandeira: Mariene de Salvador Castro. Mãe de samba.
Redes Sociais
Acompanhe Mariene de Castro nas redes sociais astravés dos links:
Contato
Música & Mídia Produções
fone: +55 (21) 2275.3688
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mariene_de_Castro
Mariene Bezerra de Castro
Todos os direitos autorais reservaos a autora.
Nenhum comentário
Postar um comentário