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Paulo Bentancur [Escritor, Poeta e Crítico Brasileiro]

Paulo (Roberto Ribeiro) Bentancur nasceu em Santana do Livramento, RS, em 20 de agosto de 1957. 

É escritor, poeta e crítico, praticando diversos gêneros, do infanto-juvenil à poesia. 

Foi editor da Imprensa Oficial do RS (2000-2002, quando, junto com o artista gráfico Antonio Henriqson, editou a revista cultural VOX XXI) e Coordenador do Livro e Literatura da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre. 
Teve contos publicados na Argentina e na Itália. Ganhou quatro prêmios Açorianos: 1995, categoria especial, a Instruções Para Iludir Relógios (um livro sem gênero); 1996, infanto-juvenil, a O Menino Escondido (Freud); 2004, categoria especial, como organizador de Simões Lopes Neto – Obra Completa; e em 2005, em poesia, para Bodas de Osso. 
Trabalhou durante 20 anos em diversas editoras como revisor, preparador de originais, tradutor do espanhol e editor assistente. 

Atualmente presta serviços de assessoria editorial para diversas casas publicadoras. Também ministra oficinas de criação literária e de leitura crítica, além de fazer palestras pelo País todo –acerca de sua obra, autores clássicos, questões relevantes à leitura numa nação que não lê e mistérios da arquitetura da narrativa. 

Ganhou dois prêmios especiais, Maria Bentancur, nascida em 1984, e Laura Marengo Bentancur, em 1999. E perdeu dois: a mãe, em 2002, e o pai, em 2007. 
Torce para o Internacional mas não dispensa nenhum papo com um gremista que goste de ler livros, não importa de que autor.


Livros:


Infanto-juvenil

- Agulha ou linha, quem é a rainha? (Projeto, 1992)
- O menino que não gostava de histórias (Solivros, 1995).
- As surpresas do corpo (Difusão Cultural, 1997).
- Quem não lê, não vê (Difusão Cultural, 1997).
- Os homens na caverna – Platão (Ed. Mercado Aberto, 1994; Ed. Artes e Ofícios, 2001)
- É lógico, pô! - Aristóteles (Ed. Mercado Aberto, 1994; Ed. Artes e Ofícios, 2001)
- O menino escondido – Freud (Ed. Mercado Aberto, 1995; Ed. Artes e Ofícios, 2001). Prêmio Açorianos 1996.
- O criador de monstros – Kafka (Ed. Artes e Ofícios, 2001).
- As cores que tremiam – Van Gogh (Ed. Artes e Ofícios, 2001).
- Entre o céu e a terra – Shakespeare (Ed. Artes e Ofícios, 2001).
- A máquina de brincar (Bertrand Brasil, 2005). Adotado pelo PNLD – Governo de São Paulo.
- As rimas da Rita (Bertrand Brasil, 2005).
- O olhar das palavras (Bertrand Brasil, 2005).



Contos/crônicas

- Instruções para iludir relógios (Ed. Artes e Ofícios, 1994). Prefácio de Moacyr Scliar. Prêmio Açorianos 1995.
- Os livros impossíveis (00h00.com, Paris, França, 2000)
- Frio (Ed. Sulina, 2001)
- A solidão do Diabo (Bertrand Brasil, 2006).



Ensaio

- A Feira do Livro de Porto Alegre – 40 anos de História (Ensaio, 1994)

Poesia

- Bodas de osso (Bertrand Brasil, 2005). Prêmio Açorianos 2005.

Participou de várias antologias.



Agulha ou linha, quem é a rainha? (Ed. Projeto, 1992, em 6ª edição)
Estréia do autor amparado num mestre. O conto "Um Apólogo", incluído num livro para adultos de Machado de Assis, revela-se aberto a outra possibilidade: ser recontado para o público infantil. Asssim, há uma espécie de tradução do português para o português. A obra de arte reciclada até virar... obra de arte.

O menino que não gostava de histórias (Ed. Solivros, 1995, esgotado)
Uma irônica e surpreendente incursão na fantasia infanto-juvenil. A história de um garoto pra lá de desconfiado. Quanto mais contavam-lhe histórias, mais ele duvidava delas. E ia se convencendo, a cada aventura real viviva por algum familiar ou amigo, que a vida adora mentir e jura, sempre, estar dizendo a verdade.

 As surpresas do corpo (Difusão Cultural, 1997);
Nesta novela de formação, dirigida ao público adolescente, o tema inquietante e fascinante das metamorfoses que os jovens sofrem (e vibram também com elas) na voz, na altura, nos pêlos, na aparência e, claro, na maneira de pensar, revelam uma nova pessoa se descobrindo na pessoa que ela era antes, quando criança.


 Quem não lê, não vê (Difusão Cultural, 1997);
Novela dirigida ao público adolescente sobre um assunto polêmico e fundamental: a necessidade de ler. O quanto a leitura nos ajuda a enxergarmos melhor o mundo a nossa volta e a nós mesmos. O quanto ler nos melhora, nos engrandece, nos dá força, confiança, beleza.



 Os homens na caverna – Platão (Ed. Mercado Aberto, 1994; Ed. Artes e Ofícios, 2a ed. 2001);
Um dos títulos da coleção Brincando de Pensar, esta novelinha narra com outra linguagem, mais acessível e mais divertida, como se se tratasse de uma aventura, a famosa Alegoria da Caverna, Livro VII de A República, do filósofo Platão. A história estranha de homens que, presos dentro de uma caverna, confundiam as sombras do lugar com as formas autênticas do mundo lá fora. Uma prova filosófica de que as aparências enganam mesmo. 

 É lógico, pô! – Aristóteles (Ed. Mercado Aberto, 1994; Ed. Artes e Ofícios, 2a ed. 2001);
Novela da coleção Brincando de Pensar, temos aqui a garota Maria às voltas com um tema de casa daqueles, bem cabeludos: entender afinal de contas o que o filósofo Aristóteles fez, ao criar o silogismo, isto é, uma espécie de fórmula mágica para demonstrar que nossas idéias funcionam direitinho, bem montadas e com lógica, como uma conta matemática. Diversão e revelação andam aqui de mãos dadas.

O menino escondido – Freud (Ed. Mercado Aberto, 1995, Prêmio Açorianos 1996; Ed. Artes e Ofícios, 2a ed. 2001);
Outro dos títulos da coleção Brincando de Pensar, esta novelinha mostra que o garoto, personagem principal, não é o que aparenta. Como todos nós. Ele é dois, três, quatro pessoas, dependendo da situação. É imprevisível. Surpreende a si mesmo. Nunca tem controle sobre suas emoções, mesmo que as esconda. As idéias que ele imagina ter sempre são mais do que ele calculava. O inventor da psicanálise, Freud, é nesta história homenageado. 

 O criador de monstros – Kafka (Ed. Artes e Ofícios, 2001);
Mais um dos títulos da coleção Brincando de Pensar, eis uma novela que põe em cena um menino, seu pai e seu tio num estádio de futebol. E eles assistem uma partida daquelas... de matar! Coisas absurdas acontecem. Mas, afinal, o que é o absurdo? Quem entendia bem do que não faz muito sentido foi um escritor, Kafka, um sujeito interessante que inventava cada história mais estranha. O tio do menino conta a ele sobre Kafka e sobre a estranheza do nosso mundo. 

 As cores que tremiam – Van Gogh (Ed. Artes e Ofícios, 2001);
Pertencendo à coleção Brincando de Pensar, esta pequena novela conta sobre um pintor muito sensível e atormentado que adorava o amarelo, o sol, as pessoas simples, que via o mundo como um cenário com febre. E sobre uma menina que em pleno século XXI é fã desse pintor sofredor do século XIX. E sobre o pai dessa menina. E sobre tantas outras coisas que envolvem afeto, arte, cores... 

Entre o céu e a terra – Shakespeare (Ed. Artes e Ofícios, 2001);
Na coleção Brincando de Pensar esta breve novela nos conta acerca do maior escritor de todos os tempos, o Pelé da Literatura. Ou melhor, do teatro. E também conta sobre um garoto que mora com o pai, separado da mãe, que é atriz. Uma comovente narrativa na qual saudade e descobertas se confundem e se juntam. 


 A máquina de brincar (Bertrand Brasil, 2005; adotado pelo Governo do Estado de São Paulo através do PNLD);
Dividido em duas partes, "Para Ler no Claro" e "Para Ler no Escuro", este conjunto de 25 poemas nos faz rir e curtir na primeira parte e bater os dentes, atemorizados, na segunda. Metade do livro tem páginas brancas com letras e desenhos coloridos e fala de coisas boas. A outra metade traz poemas impressos em papel pintado de preto e fala de bruxas, fantasmas, castelos em ruínas, seres esquisitos, muito esquisitos...

 As rimas da Rita (Bertrand Brasil, 2005);
Eis uma novelinha para pré-adolescentes protagonizada por uma garota que deseja ser poeta. Que gosta de fazer versos e faz sucesso ao recitá-los. Mas, aos poucos, Rita vai descobrindo que a poesia tem segredos que vão além de simplesmente rimar "camaleão" com "coração", por exemplo. Esse livro conta tudo sobre esses segredos. Você quer ser poeta? Leia este livro. Quer apenas ler uma boa história? Leia este livro. 

 O olhar das palavras (Bertrand Brasil, 2005).
Um pouco parecido com Quem Não Lê, Não Vê, esta novela conta a história de um garoto que... odeia ler! Detesta ler. Não quer nem saber de livros. E num fim de semana vai, com os pais, para a casa de campo dos tios. Só que os tios dele a-do-ram ler. E mostram-lhe como é incrível o ato da leitura. Como as palavras nos ajudam a olhar de uma forma diferente e especial o nosso mundo. 

 Instruções para iludir relógios (contos/crônicas, Ed. Artes & Ofícios, 1994, Prêmio Açorianos 1995);
Um livro pra lá de diferente (conto? poema em prosa?, crônica?, epigramas?), todo ele escrito sob o signo do 4. Tem quatro palavras no título, divide-se em quatro partes, cada parte tem dezesseis textos (o quadrado do quatro), cada texto quatro parágrafos e cada parágrafo quatro linhas. Ah, o prefácio é de Moacyr Scliar, que caiu de quatro diante da inventividade da obra.

Os livros impossíveis (contos/crônicas, 00h00.com, Paris, França, 2000);
Este é outro dos títulos que caracterizam a literatura do autor: de invenção. Os livros impossíveis traz, como personagens, escritores, editores, livreiros, leitores, toda essa humanidade especialmente vocacionada a conviver com os livros, a revelar suas aspirações e frustrações em contos, crônicas e poemas em prosa. 

 Frio (contos, Ed. Sulina, 2001);
A estréia do ficcionista implacável, escrevendo num estilo cru, dedicado ao realismo mais cínico e impiedoso, as precariedades da condição humana. Sente-se, nesses contos, as sombras de Rubem Fonseca, Dalton Trevisan, Franz Kafka e, quando há alguma ternura piedosa, Domingos Pellegrini. 



 Bodas de osso (poesia, Bertrand Brasil, 2005, Prêmio Açorianos 2005);
A estréia do poeta da memória melancólica e seca. Do amargo reconhecimento da infância sem lirismos. Do menino revivido junto com o peso da morte que o assombrou. Junto, a passagem dos anos, a descoberta da palavra e o início das perdas na maturidade, perdas anunciadas já nos primeiros anos. Apresentação de Luiz Ruffato. 

 A solidão do Diabo (contos, Bertrand Brasil, 2006).
Reunião da contística do autor. 59 histórias divididas em duas partes. Na primeira, "Febre", o Inferno provisório, o Diabo revelado como um pobre-diabo. Na segunda, "Frio", a recuperação dos contos do livro anterior, homônimo. Apresentação de José Castello, que chama nossa atenção para o olhar agudo e simultaneamente humanizador do ficcionista e para a linguagem, depurada.

 Co-autoria:

 Rio Grande do Sul - Cenas e paisagens (legendas, com fotos de Eduardo Tavares; Ed. Sulina, 1997).





Obras coletivas:

 Nós, os gaúchos 2 (ensaios, Ed. da UFRGS, 1994);

Amigos secretos (contos, Ed. Artes e Ofícios, 1994);

A cidade de perfil (crônicas, Secretaria Municipal de Cultura, 1995);

A magia das águas (ensaios, Ed. Riocell, 1997);

Meia encarnada, dura de sangue (contos sobre futebol, Ed. Artes e Ofícios, 2001);

A linha que nunca termina - Pensando Paulo Leminski (ensaios, Ed. Lamparina, 2005);

Contos de bolso (minicontos, 43 autores gaúchos, Ed. Casa Verde, 2005);

Contos de bolsa (minicontos, 47 autores gaúchos, Ed. Casa Verde, 2006);

Contos de algibeira (minicontos, autores brasileiros e portugueses, Ed. Casa Verde, 2007);



FICÇÃO - Histórias para o prazer da leitura (antologia dos 50 melhores contos da revista Ficção, Ed. Leitura, 2007).







Organização e anotações críticas:


Obra completa, de Simões Lopes Neto (Ed. Copesul/Já editores/Sulina, 2003, Prêmio Açorianos 2004);

Grandes personagens da literatura gaúcha (ensaios e coordenação editorial, Ed. Copesul/Aplauso, 2004).


Ficção traduzida:

Itália (antologia de autores brasileiros modernos, Sex’n’bossa, organização e tradução de Patrizia di Malta, Ed. Mondadori, 2005);

Argentina (15 Cuentos Brasileros, org. de Nelson de Oliveira, tradução de Federico Lavezzo, Córdoba/Consulado do Brasil/Argentina, Editorial Comunicarte, 2007).
 
 

VOLTAR A ESCREVER

Um dia, uma hora, após um evento quase imperceptível, ou uma soma deles, e o tão alentador ritmo da criação constante escoa pelo ralo. E ficamos em silêncio, mudos e, se mudos (escritores que somos), sem interlocução, sem gente que também nos fale. O leitor não perdoando nosso silêncio. Então é preciso voltar a escrever para voltar a ler o que recebemos como resposta, o que acontece do outro lado da tela, da linha, da vida que em nós ameaça se encolher e se expande se escrevemos.
Andei parando. As demandas a se somarem e eu com olhos e ouvidos para outras vozes que não a minha. E calei-me, sem calar no entanto o calor do que eu próprio me dizia e das coisas que lia, diariamente, e que reverberavam em mim. Torturante silêncio. Uma hora rebentaria, explodiria, libertar-se-ia e iria em direção a quem faz o favor de me ler. E a roda-viva retomando então seus movimentos, a Terra voltando a seu mecanismo na relação com os demais astros e seu satélite e sua estrela de quinta, sim, mas que grandeza! Agora me sinto restituído a mim mesmo, dono outra vez das minhas ações, estas palavras que me vestem e com as quais vou tateando a realidade para que ela me reconheça e, desta forma, me aceite, me receba inteiro. E aqui estou. Audível, legível. Homem sem cujas palavras ele será apenas um nome à espera de uma lápide. E sem nenhum leitor, nenhuma testemunha, morto antes da hora. (24/01/2012)


FILHO DE QUEM

Conduziu-me pela mão
o som de membro tão hábil.

Levou-me na direção,

as minha pernas cantando
pedras, tropeços, recantos.

Sentou-me no colo do chão,

desenhou-me a cor da grama,
coloriu-me a terra densa
e suas raízes músculos.

Ergueu-me o rosto pro céu,

a cegar o sol e as nuvens.

Baixou-me o olhar até

o leito onde escorriam
as palavras a criar
o menino já crescido.

Minha mãe com seu vestido,

puído, escondendo os joelhos;
meu pai tropeçando vinho,
gargalhando com os vizinhos.

Eu já era cuidado

ao ponto de cuidadoso
com o que dizia a todos.

Os livros ali tão perto.

Os livros me sussurrando.
Os livros: conselho, relho,
Os livros, sérios, brincando.

Os livros, pais a me dar

um rumo, martelo, murros
necessários no recreio
quando colegas cravavam
receio em quem pensavam
ser filho de pais ausentes.

Literatura, a bênção,

senhora, minha mãe de sempre. (02/03/2011)



Contato
E-mail: bentancur@uol.com.br
Atualmente ministra oficinas de criação literária e de leitura crítica (presenciais e online), presta serviços de assessoria editorial para diversas casas editoriais e dá palestras pelo país.

 Para conhecer um pouco mais:


- Acesse o site do escritor em www.paulobentancur.com;
- Acesse o blog do escritor em bentancur.blogspot.com;
- Leia algumas entrevistas;
- Leia resenha sobre seu livro, publicada no Jornal Rascunho;
- Leia um conto do escritor, publicado em ArdoTempo;
- Leia entrevista publicada na Revista Vagalume;
- Leia trechos do livro Bodas de Osso, publicada na revista Época.

Fonte:


Paulo Bentancur
Todos os direitos autorais reservados ao autor.

2 comentários

Ari Nobre disse...

Caro escritor, não lancemos no coração infantil palavras semelhantes a sementes de revolta contra Deus. Já basta o sofrimento vivido por milhares desses inocentes que vivem em extrema pobreza produzida por capetas do Planalto. Que tal falar de esperança de realizações possíveis por elas mesmas? Milhares delas ainda dobram seus joelhos e pedem que "Papai do céu abençoe o seu pai herói a conseguir logo um emprego, para poder comprar pão". Não vamos colaborar para destruir sonhos. Sabemos como a mentalidade infantil é frutífera, imaginando coisas do tipo "ainda vou ganhar uma bicicleta". E milhares delas concluem dizendo "Se Deus quiser".
Aí de milhares delas se não tivessem na mente a pessoa de Deus. O que mais lhes restaria?

Unknown disse...

Corcodo plenaneple!!!!