A poesia de Paul Auster chega ao Brasil [RAFAEL DE PINO]
Publicada nos Estados Unidos em 2004, a coletânea foi bem recebida pela crítica. Em artigo para o jornal The Guardian, o poeta e romancista inglês Gerard Woodward, indicado ao Booker Prize em 2004, afirmou que os poemas de Auster mostram “um jovem escritor tateando por sua voz e sua temática”. Entre as influências evidentes nos versos de Auster, Woodward aponta o poeta francês Stéphane Mallarmé e o americano Edgar Allan Poe. Os poemas são construídos com versos livres, que pedem para ser lidos em voz alta. Auster se preocupa em descrever o mundo ao redor. Um brasileiro pode achar em seus versos semelhanças com o estilo rigoroso de João Cabral de Mello Neto, como este trecho do poema “Desterrar”:
De uma pedra tocada
à pedra seguinte
nomeada: terridade:
inacessível brasa.
Os fãs dos romances e ensaios de Auster encontrarão poucos elementos familiares em seus poemas. Isso o distancia da maioria dos romancistas e ensaístas também reconhecidos como poetas (leia o quadro abaixo). “É um outro mundo, que certamente complementa e suplementa o mundo do prosador”, afirma Galindo. O caminho entre a poesia e a prosa para Auster foi curto e sem volta. Num período de bloqueio criativo em 1978, com problemas financeiros e um filho pequeno para criar, ele praticamente parou de escrever. No fim desse ano, encantou-se com uma apresentação de dança e voltou ao caderno de anotações. Escreveu Espaços em branco, penúltimo texto de Todos os poemas. Terminou de escrever o texto em 15 de janeiro de 1979 e, ao acordar, soube que seu pai morrera. Com a herança, livrou-se dos problemas financeiros e passou a se dedicar à prosa, sua obsessão desde a adolescência. “Ele precisava do espaço maior do romance”, afirmou Woodward. “Não é surpreendente que ele não tenha olhado para trás.”
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