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Minha mãe diria: "Me digas com quem tu andas, que te direi quem és!" [Malu Aires]

Foto: Maria Moreira.

Minha mãe diria: "Me digas com quem tu andas, que te direi quem és!"

Quem não percebeu que discurso de canalha tem uma lógica só?

No final do ano passado, um portal abriu campo de luz e energia capaz de fazer com que toda a humanidade despertasse junto. No início desse ano, o diabo em concorrência, abriu o portal do inferno e convidou todos pra umas biritinhas lá.
A humanidade está escolhendo a dimensão baixa. Está escolhendo a mentira cômoda. 
A hipocrisia tá aflorada e os jogos de desinteligência estão coordenados para pegar quantos bobos puderem.
A humanidade está escolhendo ser boba, enganada, lesada, iludida.
Não bastasse ser bobo sozinho, querem a companhia de todos pra essa festa bêbada.
Me tira dessa. Eu tô fora.
Ontem recebi energias divinas de luz.
Energias para espantar demônios e bobos. Energias pra continuar a construção desse caminho.
E há esperança?
Disse à Eliane:
- A gente agora tem que aceitar que o mundo que sonhamos não pertence mais ao nosso tempo. Não teremos tempo de construí-lo e desfrutá-lo. Faremos nossa parte, até o fim (por mais uns 20, 30 ou 40 anos ) e teremos que deixar mais tarefas pros que chegam e ficam. Se assim permanecer a escuridão do homem, em 2200, 2300, talvez, a Terra possa ressurgir Éden.
Triste desperdício do tempo... Teríamos tudo para agora, não fosse a covardia. Não fosse a covardia contaminada com maldade que não permite ao outro que lhes ofereça o melhor. Que não permite ao outro oferecer ao outro, o melhor.
Permitimos que os crápulas se auto-homenageiem e se auto-intitulem nossos guias. Permitindo todo o mal, demos segundas chances para os males ainda piores.
Todos os dias, salvam Barrabás. Todos os dias matam à pedradas o homem que sai da caverna de Platão.
Todos os dias, contaminamos tudo a nossa volta com maldade, desonestidade, sadismo, matança, mentiras e garrafas pet.
Não quiseram ver, ouvir, sentir. Escolheram não ser, não estar e optaram não viver.
Este mundo que pertence à humanidade está alugado à maldade porque assim permitiu seus donos, porque assim foi planejado lhes ser tomado.
Um mundo de barbárie assistida, comentada e apostada. Um mundo de ignorância e sem conhecimento. Educação formando burros, saúde da doença, justiça da cumplicidade, democracia do deboche, fé do ódio.
A desonestidade intelectual ganhou aplausos pela preguiça da vaia.
Riram todos da coragem. Desperdiçaram todos nosso próprio futuro. Pagam caro pela mentira e não dão valor à verdade que nunca lhes foi cobrada.

Ontem recebi energias divinas de luz para sobreviver em meio ao caos.
Falei com Deus e a criação dele cantou pra mim.
Não me faltará esperança, enquanto te faltar coragem.
Não me faltará coragem, ainda que te falte vontade.
Nem a mim, nem a todos que estão com a luz divina.
Não herdaremos o paraíso, mas não permitiremos que se herde a desgraça pretendida.
Faremos o que nos foi mandado e seremos abençoados ou por êxito ou por coragem. Estamos a serviço da construção, não do descanso.
Ainda que o homem escolha destruir toda a criação divina, ainda que escolha pelo desperdício de tanto trabalho pela vida, Deus não nos julgará pelos teus fracassos. Mas ficará muito puto por vocês terem permitido tanto engano.
Entendi que Deus ao final do trabalho levará seus filhos de volta. No início da desgraça pretendida pelo homem, ele promete abandonar o estrago irremediável à própria falta de amor. Deixará os permissivos aqui numa festa particular onde nem o diabo pretende entrar.
Foi isso que entendi ontem.
Tirei os pés da correnteza, calcei os sapatos, voltei pela trilha ouvindo o hino do vento que me cantava coragem. 
Aqui estou.


Malu Aires - Paulistana, radicada em Belo Horizonte desde 1996. Compositora e intérprete. Escreve, interpreta e produz para Junkbox (1999 a 2011), projeto de art rock. Produção independente - performances "Theatro" e "Florais" e o álbum "Florais". Solista do grupo de rock progressivo Sagrado Coração da Terra, entre 2001 e 2002, com participações especiais em 2006 e 2007. Solista do grupo Transfônica Orkestra, em 2002. Participação especial em 2009, show em Serpa, Portugal. Intérprete da trilha sonora da novela O Clone, Rede Globo entre 2001 e 2002 com discografia internacional pelo selo Sonhos e Sons e pelas gravadoras Som Livre e Sony Music. Atualmente apresenta dois projetos artísticos simultâneos: Malu Aires interpreta Roberto Carlos - concerto para obras românticas do Rei das décadas de 60 e 70. Sagrado Coração da Terra por Malu Aires - leitura particular da artista para obras da discografia completa do grupo. Site: http://maluairesinconcert.blogspot.com

Um comentário

Unknown disse...

Malu Aires além de ser muito bonita é de uma inteligência incomparável, adoro ler as crônicas dela, escreve muito bem, de uma lucidez incrível e uma grande artista. Sou fã número um. Parabéns Malu!