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Carola Saavedra fala sobre a literatura brasileira na Europa [Conexões Itaú Cultural]

Carola Saavedra fala sobre a literatura brasileira na Europa

 A literatura lusófona é o foco da atual edição da revista alemã Lichtungen. Entitulada Nova Poesia de Portugal/Nova Prosa do Brasil, a publicação traz textos assinados pelos escritores Ana Paula Maia, André Sant’Anna, Andréa Del Fuego, Carola Saavedra e Rafael Sperling. 

De Carola, a revista selecionou o artigo Do Exótico e Outros Encantos, no qual a escritora – retomando o ensaio La Selva Espesa de lo Real, publicado no final da década de 1970 pelo argentino Juan José Saer – aborda a tendência europeia de esperar que a obra de um autor estrangeiro fique restrita à sua “estrangeiridade”, ou às “questões específicas do seu país ou continente”. 

Para o Conexões, a autora de Paisagem com Dromedário (Companhia das Letras, 2010) – lançado na Alemanha pela editora C. H. Beck – diz que essa tendência ainda pode ser notada. “É como se ao ‘outro’ fosse permitida a produção literária”, conta, “mas desde que ela se restrinja às questões específicas da sua cultura. Na Europa, ninguém espera de um autor francês ou alemão que ele explique a França ou a Alemanha, ele pode querer fazê-lo ou não, é apenas uma entre várias opções, e no final o que importa é a qualidade literária”. 

“Mas acho que isso começa a mudar”, continua ela, “em parte devido ao incentivo que o Brasil está dando à divulgação da literatura no exterior. Se este projeto não se restringir apenas a este ano, mas se tornar um incentivo a médio e longo prazo, provavelmente haverá, como já começa a acontecer, uma mudança na leitura que a Europa faz do país”.

Quanto à situação oposta, ou à maneira como os leitores brasileiros recebem a produção europeia, a escritora comenta: “É claro que aqui, como em qualquer lugar, há o interesse em compreender a história e os costumes de outros países. Mas ninguém espera, por exemplo, que Flaubert explique a França em Madame Bovary. É lógico que de certa forma ele o faz, não porque esse seja o tema principal do romance, mas porque, mesmo ao falar do universal, fala-se sempre a partir de um lugar, da língua, da cultura em que o escritor está inserido”. 

Confira a entrevista feita com a escritora durante a sexta edição do Encontros de Interrogação – realizada em setembro de 2011 na sede do Itaú Cultural, em São Paulo:




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